O encanto que me atingiu mais cedo sumiu completamente quando descobri quem era o desastrado que esbarrou em mim. Gulf Kanawut, eu ouvi tanto esse nome nos últimos dois anos. Só que ele nem chega perto do que imaginei, mas esse jeito desastrado fingindo que não consegue lidar com os próprios botões, não me engana.
Meu velho fala tanto desse moleque, o quanto é brilhante e responsável, que nunca conheceu alguém tão dedicado como ele, que apesar de não ter família, ainda assim é muito carinhoso e blábláblá... Isso acabou despertando uma curiosidade estranha dentro de mim, então entrei em contato com a Karina, uma velha amiga que trabalha na cervejaria, ela me passou tudo o que estava acontecendo aqui, inclusive os boatos de que esse pivete tem se aproveitado do meu pai e tirado vantagem de sua generosidade, há quem diga que eles tem um caso amoroso, sorrio sarcástico com o pensamento enquanto sinto minha ira subir por observar ele travando uma guerra com aqueles botões.
Por mim eu arrebentaria todos eles com um puxão, mas eu realmente preciso dessa camisa. Já cansei de ficar aqui fazendo papel de bobo só esperando ele parar de fingir ser uma pessoa boa e inocente, dou uma grande tragada no ar enchendo meus pulmões e tentando esvaziar minha mente dos pensamentos assassinos que estou tendo em relação a esse ser desprezível.
Me aproximo a passos lentos, paro bem a sua frente, deito a cabeça para o lado lhe encarando, seu olhar não consegue sustentar o meu por muito mais tempo, ele pisca várias vezes, seus olhos evasivos procuram se focar em um ponto específico da sala, mas quando percebe que não tem onde focar desiste de parecer confiante e apenas encara o chão.
— Você precisa de ajuda? — alcanço o botão mais próximo da barra da camisa e começo a desabotoar de baixo para cima.
— Eu não preciso, consigo fazer sozinho. — ele se afasta dando um passo atrás, mas eu também dou um a frente, ainda nos mantendo próximos.
— Não é o que parece. — termino de desabotoar rapidamente o que falta, deslizo o tecido por cima de seus ombros até chegar a altura de seus cotovelos.
Percebo o momento em que sua respiração acelera, mesmo com ele olhando para o chão consigo ver seu rosto ficar cada vez mais vermelho, o faço levantar o rosto e olhar para mim, tocando seu queixo.
— Não pense que eu sou igual ao meu pai. — sussurro em seu ouvido — Eu não vou cair nessa de que você é só um garoto puro e ingênuo, eu já convive com muitas pessoas da sua laia. — sopro um riso sombrio — Enquanto eu estiver aqui mantenha-se no seu lugar.
— Do que você está falando? — ele me questiona dando alguns passos atrás até atingir a parede.
— Ora não se faça de desentendido. — começo a me vestir — Vá até meu apartamento e traga uma muda de roupa para mim, eu não pretendo passar o dia todo vestindo isso.
— Esse não é meu trabalh...
— Sou eu quem decide o que é ou não seu trabalho, agora faça o que mandei. — Deixo as chaves do apartamento sobre a mesa — Quero um terno limpo quando voltar.
Saio da sala antes que invente alguma desculpa para não ir, quero ver até quando ele vai aguentar isso.
Mas que merda foi essa que aconteceu? Esse idiota estava insinuando que eu seduzi seu pai?
Ah qual é?
Pelo amor de Deus.
Acho que ele esqueceu completamente quem é o cafajeste aqui, eu espero muito que esse ano passe voando para eu não ter que olhar nunca mais naquela cara sínica dele. "Sou eu quem decide o que é ou não seu trabalho", repito suas palavras com tom de deboche enquanto visto aquela roupa ridícula, pego as chaves em cima da mesa e saio para ir até seu apartamento.
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Acontece
FanfictionO amor! Há quem diga que é o sentimento mais forte do mundo que pode nos tornar em pessoas melhores, mas também há aqueles que acham que esse sentimento nos deixa fracos e vulneráveis. Bem este último era o pensamento de Mew Suppasit, um homem no au...