Mew
— Você está bem? - pergunto preocupado porque ele está quieto demais.
— Estou. - ele responde com a voz baixa e pouco trêmula.
Se retira subitamente do meu colo e começa a se vestir rapidamente, seus olhos estão em todos os lugares da sala menos em mim.
— Você quer ir embora? - pergunto enquanto limpo meu abdômen com um lenço.
— Não! - ele passa a gola da camiseta preta pela cabeça. — Precisamos terminar isso, o prazo final é amanhã.
— Você está bem? - seguro seus ombros olhando em seus olhos.
— Já disse que estou. - ele se solta de minhas mãos, pega os papéis que estava analisando antes e senta no sofá se afastando da mesa.
O resto da noite permaneceu um silêncio absoluto dentro da sala, ele continuou concentrado nas propostas dos novos fornecedores.
***
A chuva que caia cessou, restando apenas os respingos na janela.
O relógio já se aproxima da uma da manhã e Gulf pegou no sono agora de volta a minha frente, ele está com os braços apoiados sobre a mesa servindo de travesseiro para sua cabeça.
A chuva parou, mas o clima é frio, os pelos de seu braço estão ouriçados, parece estar com frio.
Pego o paletó que está disposto sobre o encosto da cadeira e cubro seu corpo, aproveito para olhar seu rosto sereno e calmo, mas ainda com o vinco tão familiar entre os olhos.
Decerto eu poderia passar o resto da madrugada apenas apreciando a paz que estar perto dele me transmite, bem diferente de alguns meses atrás quando cheguei aqui, quando meu único intuito era infernizar sua vida.
Deslizo o polegar sobre sua sobrancelha grossa e massageio sua testa fazendo a linha sumir gradativamente.
Passo algum tempo ali, até que o som do toque do celular me traz de volta a realidade. O nome de Karina brilha na tela, eu já imagino o que está procurando devido o horário avançado.
Encaro o aparelho por alguns segundos, sem entender o motivo de minha hesitação em atender a ligação.
Depois de um tempo passo o dedo na tela finalmente recusando a chamada, deixo um beijo leve em sua testa e volto para minha cadeira para dar continuidade ao trabalho.
Não demora muito e logo o restante da pilha de pastas some por completo, visto minha camisa e deixo a gravata em pescoço, mas sem atar o nó. Sem pressa alguma me aproximo dele e toco seu ombro com calma, ainda assim ele se assusta quando chamo seu nome.
— Os relatórios! - ele fala, sua voz manhosa beirando ao ronronar de um gato. — Precisamos terminar os relatórios.
— Ei, calma! - sorrio entre as palavras por causa de sua cara de sono. — Eu terminei. - não resisto e estendo a mão tocando seu rosto fazendo um carinho em sua bochecha gordinha.
— Desculpe, Ahhh... - ele boceja — Estou com muito sono.
— Eu sei. Venha vamos, já chamei o carro. - ele tenta se livrar do paletó, mas eu o impeço, colocando de volta sobre seus ombros.
Quando chegamos a portaria o carro já está a nossa espera, ele entra no veículo com minha ajuda, me sento ao seu lado no banco traseiro e indico o caminho de sua casa ao motorista.
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Acontece
FanfictionO amor! Há quem diga que é o sentimento mais forte do mundo que pode nos tornar em pessoas melhores, mas também há aqueles que acham que esse sentimento nos deixa fracos e vulneráveis. Bem este último era o pensamento de Mew Suppasit, um homem no au...