XVII

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GULF

Depois de finalmente ter recobrado a noção, pedi para Mew me levar para casa e para minha completa surpresa ele aceitou sem reclamar. Passei o domingo estudando, perdi completamente a noção do tempo e fui dormir muito tarde.

Resultado:

Estou atrasado, super atrasado. Tive que pagar uma fortuna no Uber, porque o metrô como sempre deu problema na minha linha.

Salto do veículo apressado, passo pela porta de vidro e sinto o vento gelado do ar condicionado se chocar contra minha pele.

Caminho a passos largos sem me atentar ao meu redor, concentrado na agenda do Suppasit, quase morro de susto quando escuto sua voz. Muito próxima ao meu ouvido.

— Está atrasado! - ele sussurra e eu tropeço nos próprios pés ao ouvir sua voz.

— O que está fazendo aqui? - ele está parado ao lado da escada com um copo de smoothie na mão.

— Esperando por você. Aqui! - me entrega o copo e começamos a subir o primeiro lance de escadas. — Meu plano era te levar pra tomar café, mas você estava atrasado então saí para comprar seu smoothie.

Paro alguns degraus acima dele, me viro e o observo subir, ofegante, se apoiando no corrimão. Chega a ser vergonhoso.

— Acho que você está se esforçando demais por uma foda... -
Faço uma pausa antes de continuar — Que não vai acontecer.

Ele, no entanto, não parou de subir até estarmos no mesmo degrau. Respira fundo buscando ar, meus olhos descem sobre sua boca entreaberta. Eu não deveria desejar beijar ele tanto assim. Parece até castigo.

— Não vai ser só uma foda, mas a melhor foda da sua vida. - ele circula minha cintura me puxando para mais perto.

— Seu ego é realmente gigante, não é mesmo? - ele dá de ombros — Agora me solta, atrasado. Se lembra e deixa de ser mole e anda logo.

Subo o próximo lance correndo o deixando para trás. Eu não entendo como alguém com o físico dele mal consegue subir alguns andares, todos aqueles músculos devem ser anabolizantes, essa é a única explicação.

Alguns bons minutos depois, ele surge de trás da porta do elevador sem o paletó, suado e com o topete caindo sobre a testa.

— Desistiu? - lhe lanço um sorriso travesso.

— Eu te odeio. - ele levanta o polegar em um gesto acusador e passa pela porta entrando na sala.

Não consigo segurar um riso estrangulado que escapa de minha garganta, me levanto e vou atrás dele.

***

A semana passou voando, agora já não acho mais estranho quando ele aparece segurando o maior copo de smoothie da minha sorveteira favorita, ou pede meu almoço sem ao menos saber se vou querer almoçar.

Essas coisinhas bobas que ele faz sem nem perceber têm mexido comigo e isso está se tornando cada vez mais perigoso.

Quem sabe com o distanciamento da viagem tudo volte ao normal, enfim. Ele poderia se apaixonar por alguma famosa e ficar por lá mesmo.

Se bem que... Eu sentiria falta dos mimos diários, dos amassos, daquela boca deliciosa e daquelas mãos deslizando por meu corpo.

Ah! Que calor!

— Ei! Presta atenção criatura, como quer estudar com a cabeça na lua desse jeito. - Jane me faz voltar a realidade com um tapa na cabeça.

AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora