simone

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Se sentir estranho e um tanto quanto normal, mas, isso... O que é isso, eu não aguento mais, é muito torturante, e um sentimento tão intenso que não cabe no peito, parece que estou prestes a explodir, olho em volta as pessoas sorrindo, gargalhando, bebendo, beijando ou apenas plenas sem nenhum resquício de um pensamento auto depreciativo, porque o mundo simplesmente não para quando estamos mal? Porque o mundo continua funcionando? O mundo devia parar e nada mais funcionar, os bares fecharem, os mercados entrarem em paralização geral, e a cidade se desligar em um breu sem fim.
Estou tremendo, quase arranco meus dedos esfregando-os, tudo aqui me incomoda, minha roupa me incomoda, esse microfone mole me incomoda, esse salto me incomoda, os rostos das pessoas sorridentes me causa ódio, e principalmente a simples existência dessa mulher loira ao meu lado está me perturbando, ela não pode simplesmente parar de RESPIRAR? ela respira tão alto, meu deus... E essa voz, essa voz insistente na minha cabeça não para, ela não desliga, estou surtando de verdade, esse silêncio na câmara e tão ensurdecedor.
Já perdi as contas de quantas vezes levantei e sai e entrei nessa sala imensa, meu dedinho já está dormente e criando bolhas de tanto que andei, eu olhei a loira ao meu lado pacífica e no mesmo instante ela me olhou e não desviou o olhar.

"Tá tudo bem Simone?" O cenho franzido, chegou mais perto segurando meu ombro de lado.

"Tá" me levantei e o toque dos seus dedos permaneceram quentes em meu ombro, sai o mais rápido que minhas pernas podiam andar. Andei quase correndo pelos corredor largos e estreitos do Planalto, precisava urgente de um banheiro silencioso e uma porta bem resistente e que tenha fecho. Por um milagre avistei um banheiro, depois de 9 minutos andando e ele estava vazio "aí graça a Deus" adentrei rapidamente em uma cabine e me sentei naquele vaso, encarei aquelas portas por um tempo até que as lágrimas desceram fácil "droga!...O que tá acontecendo?, Porque estou assim meu deus! Me envie um sinal, não aguento mais" estava tao desesperada! Sussurrei essas palavras para mim mesma, enquanto as lágrimas desciam. Perdi a noção do tempo, as lágrimas já haviam se secado em meu rosto, já não restava mais um pingo para esvaziar, só aquele ensurdecedor silêncio, me sentia um pouco mais aliviada, mas aquele sentimento estranho ainda estava aqui dentro, sequei meu rosto, e olhei ao redor, um nome quase apagado na porta me chamou atenção Soraya era ela!, ela me trazia esse sentimento, mas o porque eu não sabia ainda, sempre fui boa em sentir, mas nunca em procurar uma solução ou explicação para ela.
Escutei alguém adentrando o banheiro e vindo ao lado da minha cabine, vi de relance os saltos nude pelo vão de baixo "essa mulher me persegue" sai da cabine e me olhei no espelho, e fiquei com vergonha de encarar meu reflexo por muito tempo, parecia até engraçado agora, chorando por uma mulher que estava mijando atrás de mim, que ridícula!. Ela saiu da cabine e sorriu para mim, ela tinha um sorriso tão lindo, meu deus!

"Oi querida, tá tudo bem? Você saiu correndo lá da sala, e não voltou mais, achei que tivesse ido embora"

Ela encostou de novo em meu ombro, parece que ela gosta dessa região

"Eu estava com cólica e tive que sair apressada, mas tá tudo bem."

Eu mentia tão mal que nem uma surdo, mudo e cego acreditaria, mas parece que Soraya engoliu

"Eu arrumo um remédio pra você, quer o que? Buscopan, dipirona, Torsilax?"

Ela perguntou de um jeito tão fofo, não podia negar um remedinho dela, mas não queira prolongar essa conversa

"Não precisa, não quero incomodar, talvez eu ligue pro Eduardo comprar um"

O sorriso dela vacilou um pouco
"Claro que precisa, vamos!" Ela me puxou para fora do banheiro, e andamos novamente por aqueles corredores sufocantes, em algum momento senti uma coisa quente segurar minha mãoo, ela estrelacou nossas mãos "meu deus! Se controla" em uma tentativa ridícula de fingir que não me importei, fiquei dura olhando para frente, e obviamente Soraya reparou

Ilusão: O querer não é poder, o poder é não quererOnde histórias criam vida. Descubra agora