gls povo animado

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Depois de longos meses quase um ano enfurnada com o Eduardo e as meninas, o congresso foi reabrindo aos pouco, o que dizia que eu teria que voltar ao trabalho, já tinha tomado até a 5° dose da vacina, eu e a Soraya nós aproximamos muito mais, ela era realmente uma melhor amiga. A única coisa que acabava com meu ânimo era ligar no jornal e ver aquele Bolsonaro negando vacina, o tanto de gente morrendo e ele demorando pra entrega da vacina da população e cobrando um absurdo, eu já podia imaginar o roubo que estava tendo por trás, eu trabalho no ninho de ratos, eu tinha que fazer alguma coisa.
Logo abriram a CPI da covid pra investigar o caso de corrupção, e não tinha uma única mulher, eu combinei com a Soraya e as outras senadoras de irmos lá e lutar pra ser inclusas, foi aí que eu vi que a força feminina tava desgastada lá dentro, só apareceu eu a Soraya e mais uma senadora. Mas nós lutamos com unhas e dentes, não tínhamos nem o poder do voto, éramos intrusas, mas íamos lutar. E foi o que aconteceu nossos esforços foram reconhecidos.
   
Em um dia bastante agitado, eu estava ficando doida, estava tendo uma sessão no salão azul, muita discussão, muitos gritos, eu estava tentando dar minha voz e o moço que estava sendo investigado começou a me rebaixar na frente do senado todo. A gota d'agua foi quando ele falou em auto e bom som

"A senhora devia era estudar mais, esta tento uma atitude ridícula."

Senti o veneno queimar meu rosto

"O senhor não fala uma coisa dessa, não fale pra mim estudar mais, até porque eu sou senadora da República, e quem devia estar fazendo isso era o senhor e nem isso está dando conta de fazer."

Comecou uma discussão sem fim, ele estava me destratando a sessão toda, como se eu fosse um nada, eu virei pra Soraya e achei que o microfone estava fechado.

"Ele está se comportando como um menino mimado"

E pro meu espanto ele respondeu pra mim

"Não fale isso, a senhora não fale isso, me chamando de menino mimado, a senhora que está descontrolada."

Um mini silêncio de alguns segundos se fez presente até começar a algazarra, os senadores me defendendo, quando eu notei estavam todos lá na frente em volta dele, eu fui pra lá também e a discussão não teve fim, eu percebi que a Soraya tava do lado dele do outro lado da bancada, ela falou algo pra ele e ele começou um embate com ela também
"Meu deus esse homem é irritante."
Ela falou de novo só que perto do ouvido dele, ele saiu da sala sem nem olhar pra trás, o presidente cancelou a sessão e nos liberou "o que a Soraya disse pra ele".
Depois de toda a confusão rolou uma bola de neve maior, já estava na internet que eu tive um bate boca com ele, logo eu que era pra ficar longe dos holofotes estava bem no meio dele, mas aqui tinha que ser assim, ou a gente gritava ou eles não entendiam. Eu estava andando pra desestressar  e eventualmente acabei passando na frente da sala da Soraya, eu queria saber o que ela tinha falado pra ele.
 
"Oiê!" Eu abri a porta e entrei com cautela, nessa sala dela pode acontecer de tudo, ela estava com as pernas em cima da mesa mexendo em um tablet

"Oi mone, já sentiu minha falta? Ou tá com medo de ficar sozinha depois da briga?" Ela falou bem divertida

"Eu fiquei foi curiosa, o que você disse pra ele aquela hora pra ele ir embora?"

"Ah você sabe né, coisas."

Hum isso parecia bem estranho

"Que coisas?"

"Nada demais."

"Se não e nada demais, me conta."

Ela tirou os pés de cima da mesa e me encarou

"Porra! Alguém já te falou que você e muito chata?"

"Sim, todo mundo o tempo todo."

"Não disse nada demais pra ele, só pra ele sair dali se não eu virava onça.".

Ilusão: O querer não é poder, o poder é não quererOnde histórias criam vida. Descubra agora