Ilusão: O querer não é poder, o poder é não querer

madrugada doida

   Acordei de madrugada com um barulho longe mas insistente, que droga! Abri os olhos e olhei em volta, ah! Soraya?

"Acorda Simone."

"O que? O que foi? Que horas que é? Eu tenho que ir."

"Não! Espera."

Meu espírito ainda não tinha voltado pro corpo, que porra, bem quando eu tinha pegado no sono, que fome que eu tava, dormi o dia inteiro e não consegui nem comer. E como se fosse uma leitora de mentes ela me apareceu do nada com uma bandeja de comida.

"Eu escutei sua barriga roncando a noite toda."

Eu não falei nada, só comecei a comer, nossa! Como era bom comer com fome, tudo era gostoso, tudo era uma delícia.

"Mone, desculpa te tirar da sua casa no meio da noite."

"Primeiro! O que você tá fazendo aqui?"

"Essa casa é minha, eu alugava ela."

"Ah! Tá. Isso explica algumas coisas, e porque você me tirou da minha casa no meio da noite?"

"Aconteceu algumas coisas... E eu queria te ver, eu já estava aqui mesmo."

"E que coisas são essas?"

"Nada que vai mudar sua vida."

"Brigou com o marido? Só pode."

Ela não disse nada, só abaixou a cabeça, era briga, porque nenhuma mulher faz isso se não estiver brigada

"Nossa que uva boa."

Eu tava comendo com tanto gosto, eu podia comer até a bandeja que ia tá gostoso, escutei uma risada e olhei pra cima, ela tava rindo de mim?

" Oque..."

"Você fez uma cara tão fofinha falando isso, como se tivesse comendo uma coisa muito gostosa."

Ela parou de gargalhar e olhou pra mim com aqueles olhinhos cerrados e o  sorriso que mostrava todos os dentes, pelo menos agora ela tava sorrindo, isso aqueceu meu coração.

"Você é muito linda."

Vixi, eu falei isso mesmo!, agora nem tinha mais como voltar atrás. Ela fechou o sorriso mas ainda tava me olhando... Diferente. O que isso significava? Ela ficou brava de novo?
Ela se levantou e foi tirando a bandeja do meu colo

"Não! Eu quero comer mais... Soraya!"

Ela nem disse nada, só colocou a bandeja em um lugar do quarto e voltou com um sorriso no rosto, nossa! Que sem educação.
Eu estava sem entender nada, ela parou na minha frente e segurou meu rosto com as mãos, e se abaixou pra me beijar, nem foi um beijo, só um selinho.
Ela levantou de novo e se jogou em cima de mim, que mulher mais doida, eu comecei a rir assim que senti uns beijos em todo meu rosto

"Para! Para! soraya."

Na verdade eu não queria que ela parasse não, mas eu tava ficando sem fôlego de tanto rir, ela parou um pouco e começou a me encarar por uns segundos e voltou a me beijar de novo

"Soraya!!!"

Eu tenho certeza que ela não tava em sã consciência, mas quanto mais ela beijava meu rosto mais eu gargalhava, ela parou, com as mãos em volta do meu rosto se apoiando no colchão

"Eu disse que tava com saudade de você!"

Eu queria tanto tirar uma foto do rosto dela agora, queria tirar foto desse momento, ela sem maquiagem com os olhinhos brilhando me encarando e com um sorriso imenso, os cabelos louros jogados ao redor do meu rosto em cascata fazendo leves cosquinhas.
Eu tava sentido uma necessidade interna de beijar aquela mulher, e pela primeira vez na vida eu iria tomar a iniciativa, não tão precipitada, e foi isso que eu fiz, levantei o tronco e me apoiei nos cotovelos, olhando nos olhos dela, ela começou a encarar a minha boca profundamente, e eu quebrei a distância segurando atrás do pescoço dela e chocando nossas bocas.
Esse sim foi um beijo, um beijo de cinema, um beijo de almas, cheio de língua, muito calmo e sempre lento e eu já estava me acostumando com isso, com as línguas e tudo mais; eu voltei a me deitar e ela se acomodou em cima de mim sem desgrudar as bocas.
Que beijo gostoso, ela soltou um suspiro bem longo, uma mão puxando a minha camisa de pijama e as unhas passando na minha barriga, a outra fazendo cafuné no meu cabelo