Alguns dias depois...
Point of View Lalisa Cartier Manoban
Os dias pareciam cada vez mais longos. A semana havia sido conturbada. Desde a morte da minha mãe a cerca de 5 dias era como se minha vida houvesse se tornado um completo caos inexplicável o qual eu jamais conseguiria compreender. Que eu provavelmente me perderia. Aliás, eu já me sentia perdida. Com as pernas entre o peitoril da janela, uma jogada para cada lado entre o meu quarto e fora do prédio, minha única preocupação era qual seria o meu estado ao me jogar.
O 16º andar me trazia pensamentos constantes de suicídio. O desejo incongruente de apenas me jogar e sentir a sensação inexplicável da queda. O flash da minha vida se passando pelos meus olhos instantes antes do meu corpo colidir contra o chão e eu finalmente encontrar a solução das minhas dores e meus inúmeros problemas. A minha vida era uma confusão, repleta de enigmas que eu jamais conseguiria desvendar. Contrariedades que nem eu mesma sabia como lidar. Feridas que eu jamais seria capaz de fechar.
A positividade sempre esteve fora do meu alcance. Francamente eu já não entendia o porque de tentar. Razões eram inexistentes. Forças esgotadas. O mundo se virava contra mim, e eu não tinha opções a não ser fazer, contra mim mesma. Eu me sentia vazia ao ponto de não existir mais lágrimas. Eu me sentia incompleta, e nem eu mesma sabia o que faltava.
Após lamentos e amarguras decidi sair para caminhar. Esconder o rosto em um capuz e o corpo em duas peças de moletom tornou-se algo constante por mim. Meu objetivo era desligar minha mente completamente, de uma maneira que qualquer pensamentos não estivessem ao meu alcance. Caminhando pelo calçadão o qual estava praticamente deserto minha única preocupação era bater os dedos contra a minha coxa no ritmo da música que tocava em meus fones, sem importara-me com a direção que eu seguia.
Eu era uma pessoa sem razões naquele momento. Se uma pedra me atingisse. Ou um carro desgovernado subisse a calçada me atingindo, eu agradeceria aos céus imediatamente pois seria um livramento sair desta vida sem sentido. Eu tinha um futuro praticamente pronto. Portanto tinha diversos obstáculos que me levavam diretamente para o fundo do poço.
Senti meu corpo se contrair no momento em que respingos cada vez mais fortes começaram a cair. Sem importância alguma eu ainda caminhava, enquanto as pessoas procuravam algum lugar para se esconder da chuva e dos raios assustadores, eu torcia para que um desastre acontecesse comigo.
Eu não tinha razões para me importar se amanheceria doente no dia seguinte. Eu nem sequer sabia se estaria viva no amanhã. Provavelmente aqueles eram os meus últimos suspiros, e eu estava aproveitando-os da maneira mais natural possível. Eu me sentia cansada, cada momento meus pés pesavam e meus passos se tornavam quase impossíveis.
Em um momento eu não senti os pingos da chuva. Parei de andar imediatamente, e ao erguer o olhar pude perceber que um guarda-chuva cobria a minha cabeça. Enrugo a testa baixando minha cabeça. Encontro o pequeno rosto quase angelical repleto de respingos de chuva da mulher que eu havia conhecido a 5 dias atrás no terraço do apartamento de minha irmã. Forço minhas vistas semicerrando as pálpebras para me garantir que não era apenas uma alucinação.
— Jennie? — pergunto meio contragosto. Ela mostra um sorrisinho orelha a orelha. Retiro os fones de ouvido lentamente.
Foram longos segundos analisando o seu rosto, até perceber que ela se molhava. Seguro sua cintura com a mão esquerda, puxando-a para perto. Nossos corpos se encostaram, e eu pude sentir o quão quente ela estava. Pude visualizar seu rosto de perto, agora conseguindo analisar a beleza indescritível que pertencia a aquela mulher. Ela tinha traços tão bem desenhados que a assemelhava a um anjo. Um sorriso tão encantador. Olhos intensos com um mistério inexplicável. Eu não queria soltá-la. Por alguma razão olhá-la de perto me trouxe uma sensação indescritível que eu jamais havia sentido antes.
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Love To Any Measure - Jenlisa
FanfictionSe apaixonar na juventude é inevitável, e Jennie estava ciente disso quando se apaixonou por uma universitária. No auge dos seus 18 anos encontrava-se em uma paixão imensurável por uma universitária. Morando um apartamento pequeno em Grand Rapids, a...