Hard To Love - Five Hargreeves

24 de fevereiro de 2031

Day 4348
11 anos, 10 meses, 24 dias

Five se encontrou naquele canto escondido onde escapou para pensar. No silêncio quebrado apenas pela inspiração do vento, ele debateu com seus próprios sentimentos, um turbilhão de emoções e medos inundando sua mente.

Havia uma inquietação crescente dentro dele, uma sensação que ele tentava desesperadamente ignorar. A ideia de pedir Pacífica em casamento surgiu várias vezes, mas essa ideia sempre foi descartada rapidamente, afogando a sugestão em um mar de incertezas.

Houve meses em que esse pensamento pairava sobre ele, como uma estrela distante que brilhava num céu noturno caótico. Mas agora, mais do que nunca, esse desejo pulsava em seu peito.

Ele revivia cada momento compartilhado, cada instante em que sua vida depende dela e vice-versa. Pacifica sempre esteve lá, firme ao seu lado, lutando juntos contra os horrores desse mundo. Ela era sua âncora, sua aliada, sua força silenciosa.

No entanto, Five temia os sentimentos que floresciam cada vez que olhava para ela. O medo de ser vulnerável, de permitir que a conexão que eles compartilhavam se transformasse em algo mais profundo, o assustava.

Ele sempre evitou mergulhar muito fundo em seus sentimentos por ela. Foi mais fácil manter uma fachada de racionalidade, de lidar com ela como uma companheira de sobrevivência, se tornando amigos que necessitavam de toque físico um do outro.

Mas ela era mais do que uma simples amiga. Ela era uma pessoa que ele queria ao seu lado para o resto de sua vida, mesmo que o caminho fosse incerto e o futuro, uma névoa de possibilidades.

Ele começou a pesar os prós e contras. Casamento no mundo de antes era diferente. Era sobre promessas, futuro e esperança, mesmo que ele nunca tenha conhecido alguém que pudesse se inspirar nisso. Quero dizer, Reginald tinha apenas um robô.

Mas ali, naquele mundo devastado, o que poderia significar? Seria um juramento de sobrevivência, um elo que lhes daria mais força ou apenas um rótulo em uma realidade sombria?

Por um lado, existiam os desafios que são impossíveis de superar. A incerteza pairava sobre suas cabeças como uma nuvem negra, a falta de recursos, a dificuldade em encontrar um local seguro para estabelecer um lar e as condições de vida difíceis. Eles mal conseguiam manter-se alimentados, e agora, falar sobre casamento parecia uma ideia absurda em meio a essas adversidades.

Os prós e contras se desenrolaram em sua mente como uma sinfonia desorganizada. O mundo era um lugar devastado, e o futuro incerto ainda provocava angústia. Seria justo arrastar Pacífica para um compromisso num mundo quebrado? Eles apenas sobreviveram, lutando para encontrar suprimentos básicos, sem perspectiva de uma vida melhor.

"Será que nós realmente precisamos disso?" Ele murmurou para si mesmo. "Nós já estamos juntos, enfrentamos tudo lado a lado... mas será que o casamento mudaria algo?"

E, de repente, a ideia de perdê-la, não por morte ou separação forçada, mas por sua própria incapacidade de expressar seus sentimentos, tornou-se intolerável.

"Será que ela quer isso? Ou será um fardo para ela?"

A imagem de Pacífica atravessou sua mente, um sorriso gentil em meio ao caos. Ela era a luz que iluminava seus dias sombrios, a voz que acalmava sua mente turbulenta, e Five sabia que, apesar de seus medos, não conseguiria viver sem ela.

A sensação de necessidade, de desejo por mais que apenas uma ligação de sobrevivência o atormentava. Os momentos de silêncio, onde os olhares trocados continham mais palavras não ditas do que poderiam expressar, eram agora pesados ​​com uma urgência que ele mal compreendia.

Os dias, os anos de convivência forjados um vínculo que ultrapassavam as barreiras da amizade. Ele queria acordar ao lado dela, olhar para os olhos dela e saber que eram um só, não apenas duas pessoas lutando pela sobrevivência.

Ele sabia que, embora o mundo estivesse desmoronando, a simples ideia de perdê-la era como ter o último fio de esperança arrancado de seu coração.

"Mas e se eu estragar tudo?" Murmurou, afundando as mãos no chão. "E se ela disser não? E se isso arruinar nossa amizade?"

O medo e a incerteza o dominavam.

O pensamento de uma vida juntos, de compromisso eterno, assustava-o. E se quando eles conseguissem voltar e acabassem descobrindo que, além da luta para viver, não havia mais nada entre eles?

A voz da dúvida ainda sussurrava, mas Five decidiu seguir em frente, arriscar-se. A vida no mundo como eles conheciam era incerta, mas ele estava disposto a tentar.

Five sabia que, mesmo com todas as incertezas, ele não poderia mais imaginar sua existência sem ela.

Ele suspirou, seu coração pesando com a batalha interna. Era hora de enfrentar a realidade e deixar suas barreiras emocionais desmoronarem, mesmo que a vulnerabilidade o assustasse.

Com esse pensamento, Five decidiu que não importava o que acontecesse. Ele estava disposto a arriscar tudo por esse sentimento, sabendo que, mesmo se não fosse recíproco, ele havia expressado o que estava em seu coração. Porque, apesar de tudo, a ideia de não tentar era ainda mais insuportável do que qualquer rejeição que pudesse enfrentar.

Afinal, o mundo poderia ser cruel demais para permitir que eles buscassem a felicidade diante dessa palavra, "casamento", algo que parecesse um luxo em um contexto tão adverso.

Mas ele tentaria. Ele faria isso. Five queria ela, apenas ela.

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Nota¹ - Muitos devem ter percebido que eu ando meio sumida dessa história nos últimos meses. Bem, isso se deu ao fato de que estou reescrevendo a minha primeira fanfic, a qual tem 125 capítulos (estou reescrevendo o 90 agora). Então, quando terminar, irei me focar apenas nessa.