Uma Tarde na Taverna

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Algumas horas se passaram desde o ataque da criatura na cidade, depois do terror e da euforia, inevitavelmente o comércio local volta a criar coragem e abrir suas portas para uma possível chance de lucro em meio à crise.

Não demora muito para que o ponto mais movimentado da cidade abrisse suas portas: A taverna. O álcool é uma ótima mercadoria quando o objetivo é esquecer um trauma, quando se está feliz, quando se está furioso ou para socializar, por isso não importa o tempo, faça chuva ou faça sol, a taverna local sempre consegue arrebatar algumas moedas de prata de alguns apaixonados ou ansiosos.

Está de tarde e uma chuva começa a irromper da garoa fina; alguns aldeões entram na taverna para se acomodar da chuva e, por ventura, comprar algo para passar o tempo, enquanto outros já estão há muito tempo enchendo a cara e conversando sobre o combate que aconteceu próximo à praça central mais cedo.

O taverneiro já se mantinha mais feliz e calmo, feliz por ganhar dinheiro e calmo por saber que vai ter muito movimento hoje. Ele limpava um caneco de madeira enquanto conversava com seus clientes no balcão, ele se vira para trás enquanto termina de ouvir uma história de um bêbado para pegar outra caneca.

— "Um quarto pra dois... e duas canecas de hidromel." — Diz uma voz jovial por trás do taverneiro.

— "Mais é pra já rapaz! Mas sinto muito pelo quarto, tem muito movimento e eu acredito que não temos mais nenhum." — Responde o taverneiro ainda de costas, enquanto enchia um dos copos de hidromel.

Um som de algo grande e carnudo batendo no balcão é ouvido pelo taverneiro, juntamente com o gritante som de silêncio na taverna, o que deixa o taverneiro assustado. Ele engole um seco e se vira, se preparando para o pior, quando então ele vê o garoto de quem tanto ouviu falar durante as últimas horas.

Sven estava ali, com sua armadura e capa molhada da chuva, com um olhar calmo enquanto segurava a cabeça do monstro que outrora fora o flagelo da cidade, em cima da mesa. O taverneiro não conseguiu conter seu espanto e ficou pelos próximos quatro segundos boquiaberto.

— "Tá tudo bem, amigo?" — Pergunta Sven.

— "Ahn? Ah, não, não, não, quer dizer, sim, sim! É..." — O taverneiro procura palavras e assunto em sua cabeça para continuar a conversa.

— "Conseguiu pegar os quartos?" — Diz uma voz vinda de trás de Sven.

O taverneiro então vê o guerreiro que lutou junto com o rapaz a sua frente mais cedo.

— "Deu ruim, Demikas. Parece que os quartos estão todos ocupados."

— "Ocupados? Merda, pede alguma coisa pra gente comer, então. Vamos esperar a chuva passar e depois a gente continua o caminho."

— "Ahh! Não, não meus senhores, tem um quarto sobrando ainda em cima, não se preocupem com isso, hehe! AAAAHHH SIM, como fui me esquecer, as canecas de hidromel! Por favor, sentem-se que eu já vou servir vocês, sim!" — Diz o taverneiro tentando voltar aos trilhos mantendo seu carisma e hospitalidade.

— "Canecos?" — Demikas lança um olhar de repreensão para Sven — "Quem disse que você podia beber bebidas alcoólicas, rapaz?"

— "Eu tenho 18 anos, Demikas..."

— "E eu lá perguntei sua idade?"

Demikas caminha com a cara fechada até o balcão, batendo as duas mãos com rigidez e seriedade enquanto fitava o taverneiro.

— "Senhor! Por favor, apenas uma caneca de hidromel."

— "Qual é, Demikas, quer me matar de sede?"

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