Segundo dia

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Retornei mais cedo do que esperava em fazê-lo. Talvez seja porque o acúmulo de sentimentos tenha me feito cair de novo naqueles sonhos sobre estar no fundo do mar afundando infinitamente sem me afogar, ou talvez porque eu esteja sendo expurgado da minha zona de conforto e estabilidade pelas necessidades humanas.
 Mas já que mencionamos isso, gostaria de deixar aqueles adendos sobre sensações que apenas eu, neste momentos de desejos frívolo de me justificar para um nada, sinto durante essas "êxtases". Uma delas, muito famosa aqui dentro, é a sensação contínua de estar mergulhada em um oceano e afundando continuamente sem poder deleitar-se com a terrível sensação de me afogar.
 Em primeiro momento, é possível sentir a queda livre, o vento batendo no seu corpo em atrito com o ar, sendo puxado pela gravidade, com o temor da queda sem saber até onde ela vai. Consecutivamente, o som e o impacto da água fria em suas costas, cobrindo delicadamente cada membro do seu corpo como se fosse um véu cobrindo seu rosto em um caixão. Em seu clímax, as profundezas te puxam sem fim, sem te afogar, e a luz torna-se cada vez mais distante, sobrando apenas o som do fundo do mar. Toda essa morbidez interna mostra o quão fútil é nossas tentativas de sequer levantar da cama depois que acorda de um sonho como esse. O peso do oceano permanece empurrando sua vontade para baixo, e todos os pensamentos que rastejam por cima de você como as pequenas gotículas de água, continuam cravadas em seu consciente, tornando o tempo cada vez mais obsoleto.

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