Nono dia

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Relógio: Há uma parte bíblica que diz: "(...)Mil anos são como um dia assim como um dia são como mil anos para o Senhor(...)" . É assim conosco também. Não há como saber que ano e que dia estamos, se tampouco passou horas, minutos ou dias. Tudo é muito confuso e misturado, muito palpável nesse inferno particular.
 Digo palpável pois de manhã quando acordamos, 5 minutos que tentamos ficar á mais na cama, são como horas intermináveis. Ao perceber-se, passou-se 2 ou até 3 minutos. Já quando estamos entretidos em alguma coisa, seja qual for, as horas se esvaem como grãos de areia pelos dedos ou gotas de água pela pele. O tempo fere cada centímetro, maltrata cada milímetro da alma e da existência pútrida e frágil neste templo de carne. As horas correm como se fossem desarmonizadas com a realidade, seguindo seu próprio fluxo, nos deixando á vaguear em um mar vazio de pensamentos e não existência inescapável. Parar para notar o tempo é sentir na pele o quanto ele passou, e assustar-se com isso. Deixar para vivenciá-lo dia após dia é torturar-se com os segundos que se arrastam em câmera lenta sem vontade de mover-se para frente, com a impressão viciosa de um atraso fatal. O tempo cobra tudo de você, e ao mesmo tempo, não exige nada em troca. Ou baile com ele, ou viva para sempre nesse limbo.
Eu não sei dançar. 

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