Décimo dia

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Pesadelos: Acordados ou não, o inferno pessoal de cada um pode ser em qualquer lugar, dentro de uma tela de computador  ou dentro do próprio corpo. Quando se une o irreal com o material, gera uma catástrofe inevitável que mata cada milímetro de qualquer ser. O desejo, a impossibilidade, o fácil toque da morte é tão abstrato que torna-se figurativo ela existir. Quer dizer, seria um alívio dentro de tudo isso. Despedaçar o tempo todo, em cada segundo, em cada momento, de uma nova forma de novo e de novo como se  fosse um monte de lego à serem montados. Existir é um fardo, principalmente quando se sente que os pesadelos pularam da sua cabeça e vivem pelas estradas, em cada canto escuro que se observa. As paredes se movem, debaixo da cama há formas, até mesmo sons que não existem e estão lá. Não te amedrontam mais. São confortáveis, ao menos, mais confortáveis do que continuar sentindo-se sozinho. O pior pesadelo nunca foi estar sozinho, mas ser sozinho. Isolar-se do que amamos e do que realmente queremos, por nos sentir insuficiente, e que talvez manter-se distante seja a melhor opção. Atrapalhar a vida de quem amamos não é algo que sequer cogitamos, e logo, o desejo da morte cresce e toma conta. Tudo é tão irreal que o sangue escorrendo torna-se apenas uma tinta vermelha, uma das poucas cores que ainda tem um pingo de vida para sua mente fraca. A dor não está ali, pelo menos não mais. Não se sabe quando ela se foi, não sabe quando começou, mas sabe exatamente onde vai terminar. A vida termina no meio de um verso, no meio de uma linha, deixa contextos entreabertos, deixa histórias pela metade, deixa pessoas sem um rumo e deixa...

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