[13] Sos a casa branca

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#SosACasaBranca

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#SosACasaBranca

A luz piscava, bafio fazia seu nariz coçar, as paredes mofadas exalavam um odor incômodo manchadas com cores escuras e fiações soltas. O ambiente foi tomado por gritos de dor e de desespero, sangue estava espalhado nas toalhas brancas que fora jogadas no chão e na cama. Jimin fazia o possível para retirar a bala de seu braço, ele sabia que se o objeto continuasse ali Jungkook poderia não sobreviver, seu corpo já estava quente de febre.

— Falta só mais um pouco.. tirei.

A bala foi retirada com a pincha, Jungkook não conseguia demonstrar a felicidade que sentia, a mordaça em sua boca não fora o suficiente para amenizar a dor, seus olhos estavam fracos e cansados, e toda sua pele gotejava de suor. Jimin tentava manter a calma, Park despeja vodka no ferimento e Jungkook fecha os olhos arqueando as costas. Jimin poderia odiá-lo quanto fosse, mas vê-lo assim não lhe deixava nenhum pouco feliz.

— Vou enfaixar.. a única coisa que posso fazer agora é lhe dar um antibiótico para a dor e para não inflamar..

Estavam num hotel à beira estrada, numa esquina estranha com ratos balbuciando no banheiro, não era o quarto mais limpo, mas precisavam de um lugar para passar a noite. Enquanto Jimin guardava as coisas usadas e se livrava das toalhas sangrentas, sua mente pensava o que faria a seguir. Ainda era estranho pensar em tudo aquilo, ele não sabia se tudo não passava de uma brincadeira sem graça, pois era isso que parecia, uma brincadeira, pelo menos era isso que Jimin desejava, pois se recusava a acreditar que estava preso nos anos oitenta com o filho do presidente baleado.

Isso só podia ser um sonho.

Mas a cada hora mais real tudo se tornava. Jungkook estava capotado na cama, dormindo. A dor falara mais alto, os remédios o doparam, pelo menos agora, não resmungava de dor, e sua febre nem queimara mais sua pele, a cirurgia improvisada parece dar resultado, pelo menos por enquanto.

Jimin não teve a mesma sorte de pegar no sono, deitado naquele hotel sinistro que as tubulações pareciam ter vida e tudo estalava. Tentou se tranquilizar pensando em memórias boas, pensou em sua família em Boston, em Jihu e Ash. Mas tudo que conseguiu com isso foi chorar silenciosamente até soluçar. Pelo menos agora, conseguia sentir o sono bater à sua porta.

A luz da manhã iluminou o quarto, Jimin acordou, seu rosto inchado. A noite fora tão inquieta, que nem percebeu que só havia uma cama a qual dividira com o garoto loiro, o garoto que, por sinal, não se encontrava na cama. Jimin bocejou, levou as mãos aos olhos e ergueu-se, cambaleou para a casaca do prédio, abrindo a porta enferrujada e suja, se deparando com a imagem de Jungkook apoiando-se nas grades com os cabelos bagunçados ao vento. A blusa branca em seu corpo, ainda encontrava-se suja de sangue, mas o garoto não parecia sentir a dor de antes. Jimin aproximou-se, ficando ao seu lado, dali, a vista da cidade era esbelta. Boston, em 1981, era incrível imaginar que algumas coisas nunca mudara.

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