Little Miss Perfect - Dahmo

Frio de outono

But i'd always lend you my sweatshirt
When you're cold

- A shitty gay song about you, smoothboi ezra

A noite nas ruas de Seul era fria, a brisa fresca daquela noite de início de outono ventilava os apartamentos e lojas que ainda estavam abertas, e também dava arrepios nos corpos das pessoas que ali passavam. Andando lado a lado na rua, Dahyun e Momo estavam quietas, pensando em como não deixar o clima estranho como estava naquele momento. Um silêncio momentâneo que constrangia as duas garotas, dando apenas para ouvir o som das pessoas passando e música saindo de algumas lojas. Uma noite agradável, com um clima estranho.

— Realmente o tempo esfriou - Momo comentou, olhando para o céu na esperança de ao menos ver uma estrela.

— Sim, tá bem frio ultimamente. - Dahyun respondeu.

— Por que você não anda de casaco?

— Não tenho costume - Deu de ombros olhando para a outra. — E você? Por que sempre anda de casaco?

— Eu me acho mais legal quando tô de casaco.

De repente, um vento forte e frio surpreendeu as duas garotas, mas principalmente Dahyun que estremeceu de frio. Momo obviamente percebeu, e pensou no que deveria fazer.

— Tá com frio?

— Um pouco, mas passa, daqui a pouco tô em casa mesmo - Dahyun respondeu sem jeito, não queria preocupar a outra.

Naquele momento, Momo teve uma ideia que se acendeu como uma lâmpada em sua cabeça. Impulsivamente a japonesa parou de andar e tirou a mochila das costas, puxando o casaco de seu corpo em um movimento rápido, deixando a Kim confusa parada à sua frente. Quando Momo estendeu o casaco para outra, Dahyun ficou constrangida por ver que Momo estava lhe dando aquela roupa. Sem receber reação da Kim, Momo balançou o casaco para avisar.

— Use, tá muito frio - Disse sem olhar para a outra por vergonha.

— Mas e você?

— Eu aguento

— Melhor não, pode usar...

Hirai não respondeu e apenas puxou a mochila de Dahyun de suas costas e vestiu o casaco nela sem colocar os braços nas mangas, colocando o capuz e olhando para a Kim com um sorriso leve, o que deixou a mesma envergonhada. Colocando sua mochila em suas costas, Momo esperou ação de Dahyun enquanto segurava a mochila dela.

— Agora não tem volta, bota as mangas - Dahyun assentiu timidamente, vestindo as mangas do casaco com certa dificuldade, sentindo imediatamente o calor do tecido a envolver por completo. — Fica com ele por hoje, amanhã você me devolve.

A Kim não conseguiu responder, além da timidez, ela estava muito distraída com a mistura dos cheiros de pêssego e morango que passou por suas narinas ao ajeitar o capuz, sem perceber soltando um sorriso pequeno. Momo percebeu aquela ação, e mesmo vendo que o sorriso era difícil de perceber por conta do capuz, ficou feliz ao vê-la sorrir pela primeira vez.

— Você devia sorrir mais vezes - Momo afirmou, fazendo Dahyun sair de seu transe e olhar para a mesma. — Seu sorriso é bonito.

Seus colegas e suas amigas sempre lhe diziam isso, mas Dahyun nunca escutou tanta sinceridade quanto a que Momo apresentava em sua fala. A Kim ficou feliz em ouvir aquilo, ela sabia que seu sorriso era bonito, mas ouvir isso de Momo, de certa forma pareceu diferente. Era como se ela estivesse mais motivada, como se valesse a pena sorrir mais vezes do que sorri usualmente por causa da japonesa.

[...]

— É aqui? - Momo perguntou surpresa com o tamanho do prédio que Dahyun morava.

— É, valeu por me trazer - Disse sem jeito, dando um sorriso desajeitado, um pouco maior do que o outro que deu.

— Por nada... até amanhã então! - Momo afirmou com um sorriso no rosto, saindo dali com a mochila nas costas.

Dahyun acenou e ficou parada por um tempo vendo Momo andar na calçada, mas logo ficou confusa ao vê-la voltar correndo para onde a Kim estava, ofegante e com um sorriso que deixou a garota com o rosto um pouco vermelho e as mãos trêmulas segurando a alça da bolsa.

— Quase esqueci! Me dá seu telefone rapidinho? - Dahyun entregou o aparelho desbloqueado sem entender ao certo o motivo daquilo. Momo abriu o aplicativo do telefone e digitou um número, ligando para seu celular e devolvendo o aparelho para a Kim. — Pronto, até amanhã!

E depois disso, Momo sorriu e correu pela calçada, virando-se por um momento para fazer um gesto de "me liga" e depois sumiu ao virar a esquina. Foi confuso, a ação foi tão rápida que Dahyun quase não entendeu a razão de Momo pedir seu celular. Mas ao olhar a tela do aparelho, viu que tinha um novo  telefone em sua lista de ligações, aparentemente o número da japonesa.

Momo depois de virar a esquina, olhou para os lados esperando que não passasse ninguém na rua e começou a dançar. Tinha o número de Dahyun dando sopa em seu celular, e agora poderia falar com ela fora do horário escolar. E tinha uma desculpa para poder falar com ela no outro dia, não existia pessoa mais sortuda neste mundo que Hirai Momo.