Desculpa

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I can't forget, I can't forgive you
'Cause now I'm scared that everyone I love will leave me

- Family Line, Conan Gray

— QUÊ?! - Jeongyeon exclamou extasiada.

— Pois é, eu tô pasma até agora! - Momo se jogou na cama e encarou o teto.

Jeongyeon, Chaeyoung e Tzuyu estavam na casa de Momo, como um tipo de apoio moral para acontecimentos recentes.

— Deixa eu ver de novo. - Chaeyoung estendeu a mão pedindo o celular, Tzuyu se aproximou para ver. A Son abriu o contato de Dahyun e leu novamente as mensagens. — Não é possível, aconteceu alguma coisa! Eu tenho certeza!

— Com certeza aconteceu. - Tzuyu cruzou os braços, apoiando o corpo na escrivaninha da japonesa. — Ela não faria isso de uma hora pra outra.

— Deve ter dedo do pai dela nisso. - Jeongyeon resmungou. — Aquele velho safado.

— Jihyo conseguiu tirar alguma informação? - Chaeyoung perguntou à Tzuyu, que mexia no celular em confusão.

— Não, ela disse que o pai da Dahyun não deixou ela entrar. Disse que ela tava de castigo. - Jeongyeon esmurrou o travesseiro da cama de Momo com raiva.

— E a mãe dela? Alguma notícia? - Momo perguntou. Tzuyu negou com a cabeça. — Que estranho...

— A família da Dahyun sempre foi conturbada. O pai dela sempre levou o título "família perfeita" muito a sério. Ela não tem tanta liberdade, mas a mãe dela sempre ajuda. Dessa vez ela não fez nada, é estranho. - Tzuyu disse pensativa.

— Tenta ligar pra Dahyun. - Chaeyoung pediu. Tzuyu assentiu e ligou para a Kim pelo aplicativo de mensagens, colocando no viva-voz. O som de chamada recusada foi ouvido pelas garotas.

— Ela recusou. - Tzuyu olhou para o celular e viu uma notificação dizendo "não posso atender agora." — Disse que não pode atender.

— Vou tentar ligar pra ela. - Chaeyoung disse e discou o número da amiga no seu celular, também sendo recusada. — Ué?

— Ela não é de recusar ligações. - Jeongyeon disse com a mão no queixo.

Momo apenas se manteve quieta, sentada no encosto da cama com uma almofada no colo. Ela não sabia reagir, apenas escutava as outras garotas discutindo o motivo daquela reação repentina de Dahyun. A japonesa queria muito escutar da Kim o motivo daquilo, pode não ter sido por conta dos pais, mas como não conhecia direito a família dela, não podia dizer se tinha certeza.

Já na casa de Dahyun, ela estava trancada no quarto. O pulso direito estava enfaixado com ataduras. O rosto tinha a marca de uma mão, umedecida pelas lágrimas derramadas pela coreana durante toda a tarde. Do lado de fora, apenas escutava as vozes de Jina e Seonghoon brigando. Ela queria saber sobre o que falavam, mas tudo soava como sons abafados em sua mente.

Os acontecimentos recentes passavam por sua cabeça como um filme.

— Kim Dahyun. - Seonghoon chamou com uma voz estridente, deixando a Kim nervosa quando saiu da cozinha.

— Sim, papai?

— Pode me explicar o que é isso? - O homem estendeu papéis na frente da coreana, papéis com suas notas mais recentes nas provas.

De notas perfeitas, sempre 10, estava caindo para 9, 8, 7. Dahyun sabia que estava encrencada.

— Como você quer que eu mantenha nossa imagem na sociedade da igreja? Eu me esforço todos os dias pra manteremos uma boa impressão, pra você ir e simplesmente jogar tudo no lixo?! Sua ingrata. - O homem levantou a voz, amassando os papéis de provas e jogando todos em cima de Dahyun. Jina saiu da cozinha às pressas para ver o que estava acontecendo.

— O que houve?

— Sua filha está sendo uma mimada irresponsável. É nisso que dá você dar tudo que ela quer, tá vendo? - Seonghoon exclamou, desagradando Jina. Dahyun continuava quieta.

— Eu... - Dahyun tentou falar, mas recebeu um tapa bem forte no rosto. Mais forte do que aquele que recebeu na semana antes do chuseok.

— Cale a boca! Você agora está de castigo. Deve pensar no mal que causou a esta família, e estudar mais para não se tornar uma vergonha completa. - Dahyun sentiu seus olhos lacrimejarem e apertou os punhos. Ela não tinha o que fazer, a não ser escutar. — Se eu por acaso souber que você anda conversando com aquelas suas amiguinhas hereges naquela escola, você não vai conseguir levantar no outro dia. Ouviu?

Dahyun não ousou pronunciar uma palavra sequer. Nem se atreveu a pedir desculpas, por medo de levar outro tapa e receber um "pedir desculpas não muda nada." Seonghoon por outro lado, agarrou com força o pulso da filha, deixando-a assustada com a dor e o ódio nos olhos do genitor.

— Você me ouviu?

— S-sim papai... Por favor, solta... - O homem se fez de desentendido e apertou ainda mais o pulso da garota. — Tá doendo... Solta...

— Você merece muito mais do que apenas esse aperto, Dahyun. - Os olhos da Kim já não conseguiam ver o rosto do homem, estavam cobertos de lágrimas. — Você é uma vergonha. Nem adianta chorar, a única coisa que você pode fazer, é me escutar. Se não...

Um aperto mais forte foi dado, Dahyun deu um grito agonizante de dor. Jina afastou a mão de Seonghoon do pulso da filha.

— VOCÊ FICOU MALUCO?! - Jina gritou, empurrando o homem com força. — Vá para o seu quarto, por favor.

Direcionou a fala à sua filha, que assentiu e correu para o quarto, onde enfaixou seu pulso com ataduras. Sabia que não dava para ir ao hospital, então tinha que se virar. Porém, a dor que sentia em seu peito, era mais forte do que a dor inimaginável de seu pulso possivelmente deslocado.

Sua primeira e impulsiva ação foi pegar seu celular e abrir o contato de Momo, quase apertando no ícone de ligação por voz. E logo, se lembrou do encontro que marcou com a Hirai para o sábado. Ela já não podia mais ir, então, teve que fazer o que mais iria doer em si.

Momo :P

desculpe.
não posso mais ir ao nosso encontro.

Seu celular não parava de vibrar, suas amigas ligando para si e mandando muitas mensagens, talvez para perguntar da mensagem repentina que enviou à Momo. Ela não podia dar detalhes, já que aquilo preocuparia a todas mais do que já preocupa. Ela não podia muito menos sair do próprio quarto durante os próximos dias do fim de semana.

Dahyun sabe muito bem que quando fica de "castigo", ela é trancada no próprio quarto por dias sem poder sair para comer ou beber água, apenas estudando como forma de punição.

Agora, ela reza muito para que segunda-feira chegue logo, para ela poder conversar propriamente com a japonesa. Seu maior medo, era perder a boa companhia da garota, que a ajudava a lidar com os problemas diários.

Little Miss Perfect - DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora