Uma pecadora

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Every Sunday's getting more bleak
A fresh poison each week

- Take me to church, Hozier

Domingo havia chegado, e com ele, o momento de Dahyun ir para a igreja com sua família. Todo domingo eles faziam isso, viam o culto de manhã e ao meio-dia, almoçavam todos juntos na casa dos avós da Kim. Dahyun como sempre ajudou o pastor com os louvores tocando as músicas no piano, e quando acabou foi se sentar com sua família. O religioso começou o seu sermão semanal, e todos os fiéis estavam quietos. A mãe de Dahyun elogiou a filha por sua performance no momento de louvor, o que deixou a jovem coreana feliz. Mas, algo parecia diferente.

Durante o sermão, o pastor começou a falar sobre sexualidade, e como aquilo era um grande pecado. Dahyun sentiu um incômodo interno ao ouvir aquilo, o pastor continuava dizendo que na Bíblia dizia isso, dizia aquilo, e que quem fosse homossexual ou algo do tipo deveria abandonar a igreja pois não havia lugar ali.

A coreana logo se lembrou de Momo, e se lembrou da conversa com suas amigas. Ela já tinha quase certeza do que era, mas aquilo que o pastor dizia com certeza iria atrapalhar em sua conclusão. Olhou para seu pai e avós, que ouviam o exclamar aquelas palavras e apenas assentiam sorridentes por concordarem com aquilo. Seu peito começou a latejar com as batidas constantemente aceleradas, e por lembrar da maneira que se sentia perto daquela japonesa, se sentiu uma pecadora.

— Mãe... - A mulher olhou para a filha. — Eu vou... eu vou no banheiro...

Assim que sua mãe assentiu, Dahyun se levantou e foi ao banheiro da igreja. Trancou a porta e se olhou no espelho preocupada, suas mãos apertando com força as bordas da pia. Ao se olhar no espelho, ela não conseguia se reconhecer. Os olhos estavam arregalados e os dedos esbranquiçados pela intensidade que apertava a borda de porcelana. Ela não via mais a Kim Dahyun, do banheiro dava para escutar o padre falando, e ao ouví-lo falar: "pecador", os olhos da coreana lacrimejaram e sua boca tremeu. Ela era uma pecadora.

E ela sabia que isso ia continuar atormentando-a, já que quase toda sua família era contra o relacionamento homoafetivo. E ela sabia que a cada domingo que fosse à igreja, aquele lugar que transmitia paz ao seu coração, vai ficar mais e mais sombrio ao longo do tempo, e por mais que ela não queira isso, os insultos que sua família fazia à homossexuais e outras minorias iriam incomodá-la mais que já incomodavam antes.

Little Miss Perfect - DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora