Safo

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Whenever I look at you, I imagine you and me
And everytime we touch, my heart starts to skip a beat.

- right now, saturn 17

Caminhando pela sua segunda sessão favorita da biblioteca - a de poesia -, Dahyun tateava as capas dos livros enfileirados na prateleira à sua frente. Seus olhos investigavam toda a extensão daquele alto móvel em busca de um livro de algum poeta até então desconhecido que chamasse sua atenção, e quando sua mão tocou uma prateleira mais alta, um fino livro caiu no chão. Dahyun analisou a capa daquele livro ao apanhá-lo, uma capa simples, branca e com detalhes finos em cor marrom. As folhas pareciam gastas e velhas, em um tom amarelado, e o perfeito branco da capa também possuia algumas manchas amarelas. O título havia lhe chamado a atenção, ela provavelmente já havia escutado ou visto aquelas palavras antes.

Poemas e Versos de Safo.

Ao folhear o extenso prefácio daquele livro, a lembrança daquele nome lhe bateu à porta. Havia estudado aquela poeta nas aulas de história, onde o professor contava curiosidades sobre a Grécia Antiga, e ensinou os alunos sobre a famigerada Ilha de Lesbos, e consequentemente sobre Safo. Safo era uma importante personagem da antiguidade, uma poeta habitante de Lesbos, que escrevia poemas sobre todos os seus amores, que por sinal, eram mulheres. Chaeyoung tinha um broche do rosto de Safo em sua mochila, já que ela era uma importante personagem na comunidade lésbica e sáfica. Agora que tinha os famosos versos que Chaeyoung vivia tagarelando sobre em mãos, seu corpo agiu à frente de sua mente, e ela jogou o fino livro em cima da bancada da bibliotecária.

— Eu quero esse livro emprestado. Prazo de um mês. - Dahyun disse quase perdendo o fôlego na fala, estava ansiosa para por os olhos naqueles poemas.

A moça um pouco enrugada do outro lado da bancada ajeitou os óculos no rosto e pegou o carimbo, abrindo a primeira página do livro e percebendo que a tag da biblioteca não estava ali. Ela olhou para a jovem, que a encarava ansiosa, e colocou o carimbo de volta no lugar.

— O que foi? - Dahyun perguntou batucando levemente as unhas na bancada de madeira. A bibliotecária arrumou os óculos no rosto e lhe devolveu o livro.

— O livro não possui a tag da biblioteca, nem marca de identificação. Onde você encontrou?

— Em uma prateleira alta da sessão de poesia. - A mulher assentiu e pegou uma sacola plástica dentro da gaveta, pegando o livro e o colocando nela, depois devolvendo-o para a Kim.

— Geralmente nós doamos os livros sem tag ou identificação do dono que são encontrados aqui para instituições, mas como você parece tão interessada nele, vou doá-lo para você. - Ela colocou o livro embalado nas mãos ansiosas da jovem, que a encarou com os olhos arregalados. — Cuide bem dele, pelo seu estado, parece ser uma relíquia.

A garota não sabia o que dizer, apenas segurou o livro sob aquela sacola plástica e lançou um largo sorriso para a bibliotecária, e saiu correndo de lá. Andando pelo campus com aquele livro nos braços, ela como sempre roubava olhares dos outros alunos, que tornavam a cumprimentá-la naquela fria tarde de fim de outubro. Ela estava com um excelente humor, havia ganho um livro de graça! Existe coisa melhor?

Ela foi até o prédio da escola e subiu até o terraço, um lugar que sempre ficava vazio naquele horário vespertino, e da alta grade de ferro do lugar, dava para ver o que todos os alunos estavam fazendo naquele momento. Dahyun se sentou com as costas apoiadas em um bloco de concreto perto da porta, atrás do banquinho que havia no terraço. Ela tirou o livro da sacola e o abriu calmamente, colocando seus fones de ouvido e tocando sua playlist de peças de piano, e ao som de Consolação número 3 de Lizst, ela focou sua atenção totalmente nos poemas e curtos versos de Safo.

Little Miss Perfect - DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora