Estava escuro e frio, mas você não sabia dizer onde era a saída. Na verdade, você não conseguia enxergar nada, apenas um pequeno ponto de luz branca, que vazava por uma das paredes de onde você estava.
Devagar, até porque o seu corpo estava muito pesado, você foi se arrastando até lá, usando todas as forças que tinha. Somente quando conseguiu sentir a parede, levantou um pouco o corpo, apenas o suficiente para espiar o que estava por trás daquele pequeno buraquinho.
Seu olho direito ardeu com a claridade repentina, mas você continuou forçando a vista para conseguir descobrir o que tinha do outro lado. Porém, assim que conseguiu identificar o que era, tentou gritar, mas nenhum som saia de seus lábios.
Uma criança segurando um coelho de pelúcia, que você conhecia muito bem, manchada de sangue e coberta de hematomas. Você sabia muito bem o que aquilo significava.
Mais do que nunca, você precisava se afastar da vida como Espectro, para conseguir se livrar do seu passado perturbador.
Respirar estava se tornando mais difícil e você tentava gritar, mas não conseguia. Sentia seu corpo ser balançado, até que percebeu que estava dormindo.
— [Nome]? — Pela primeira vez, a voz do Gojo parecia realmente preocupada.
Você tinha se desencostado da janela do trem em um pulo e agora estava sentada na beira da cadeira. Colocando a mão na testa, conseguiu sentir o suor frio, enquanto ainda tentava controlar a respiração pesada e ofegante.
— O que aconteceu? — A pergunta de Satoru fez você se virar na direção do novo marido, que não tentava esconder o semblante preocupado, afinal de contas, se você não conseguisse continuar, toda a missão estaria fadada ao fracasso. Ou, pelo menos, essa era a desculpa que ele estava usando para negar que estava realmente preocupado com você.
Seus olhos desviaram das íris azuis, em completa vergonha, mas, assim que pararam o assento na sua frente, eles se arregalaram.
Megumi olhava para você com a cabeça um pouco de lado, tentando entender a situação. Os olhos grandes e negros exalavam preocupação, ao mesmo tempo em que ele nitidamente estava tentando não chorar.
— Eu preciso ir no banheiro — Foi a única coisa que você falou, antes de se levantar e sair urgentemente de lá.
Suas bochechas estavam vermelhas com a ideia de Satoru ter lhe visto em uma situação tão fraca e vulnerável como aquela. Logo ele, que sempre é sarcástico e paga de bonzão, viu você daquele jeito. Mas, pior de tudo, foi ter feito Megumi quase chorar de preocupação. O mais novo estava claramente assustado com o seu "surto" e provavelmente nem entendia o que estava acontecendo.
— Porra! — Você sussurrou, depois de entrar na cabine e se trancar lá dentro.
Algumas lágrimas pesadas escorreram pela sua bochecha, mas poucas o suficiente para que você conseguisse limpar com o dedo. Era uma mistura de vergonha do que acabou de acontecer, com o medo que você sentiu enquanto tinha aquele sonho.
Para começo de conversa, você nem lembrava de como tinha pegado no sono. A última coisa que se lembrava era de estar conversando um pouco com Gojo sobre a vida pessoal de vocês. Mas, talvez, por você ter virado a noite estudando os mínimos detalhes da missão, o cansaço lhe venceu e você acabou dormindo.
Você tentava organizar os pensamentos e pretendia passar mais um tempinho ali, mas uma batida firme na porta fez você dar um saltinho de onde estava.
— [Nome]? — Era a voz de Satoru — Sou eu. Abre aqui, por favor.
Antes de fazer o que ele pediu, você se conferiu no espelho. Ainda estava relativamente pálida, mas a testa não estava mais suada e os olhos não tinham ficado inchados por causa das lágrimas de antes. Por isso, depois de respirar fundo três vezes, você destrancou a porta e a abriu, se deparando com o corpo alto do Gojo na sua frente.
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𝐌𝐀𝐑𝐑𝐘 𝐘𝐎𝐔 - 𝚜𝚊𝚝𝚘𝚛𝚞 𝚐𝚘𝚓𝚘
Hayran Kurgu[あなたと結婚する] ➪ Onde você foi contratada, por suas habilidades em conseguir informações preciosas, para se infiltrar em uma cidade, fingindo fazer parte de uma família comum do Japão. Mas você não sabia que seu marido de mentirinha seria Satoru Gojo, u...