Capítulo 05

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Tom Parker

Maldita seja, Rebecca Blake. Ela me deixa louco. Eu sou louco por essa pirralha, porra. E está se tornando cada vez mais difícil fingir que não. Estou sentado em meu escritório com meu notebook aberto e tentando me concentrar em trabalhar, trabalhar, enfiar a cabeça no trabalho. Estou fazendo estudos de mercado para o próximo semestre do ano, e preparando a aula de amanhã, mas eu não consigo focar inteiramente nisso porque meus pensamentos estão todos nela

Já se passaram alguns dias desde que ela foi tão ousada comigo e desde então eu a tenho evitado. Isso me alivia e me intriga ao mesmo tempo. Não consigo me livrar dos pensamentos com ela que podem me levar diretamente para o inferno, não importa quantas vezes eu tente parar, lembrar dela choramingando a palavra papai para mim acordou alguma fera adormecida e que eu nem conhecia a força disso dentro de mim. Honestamente, se eu deveria ser mandado para o inferno por fantasiar com ela, considerando todos os contras, fantasiar é o mais longe que vou chegar. Não será possível tê-la. Então as vezes me pego me permitindo ir mais longe, imaginando ela em minhas torções e pensando em ceder a tentação se isso não fosse causar um escândalo.

E se... Não. Não irei ficar colocando prós e contras na mesa, me perguntando se poderíamos de alguma maneira nos encontrar as escondidas. Eu nunca fui um homem santo, tão longe disso, mas também nunca fui um velho que tem fetiche por novinhas.

Eu grunho com fúria, batendo meu punho com força na mesa do meu escritório, minha xícara de café vazia caindo no chão e se partindo em pedaços. Estou furioso reconhecendo que eu caí em sua armadilha, eu deixei que ela me afetasse. Eu sem querer me permiti fazer os questionamentos se eu sou realmente especial para ela ou se isso é apenas um jogo. Ela me afetou muito e caralho, eu sou tão patético. Olhe para mim agora, um homem feito, obcecado por uma garota. 

Um murmúrio no corredor chama minha atenção, passa da meia noite e estamos apenas Eve e eu em casa, uma batida soa e eu mando entrar.

— Acordada ainda? — pergunto a ela.

— Já chega pai! — minha filha entra em meu escritório parecendo irritada.

— O que aconteceu, princesa? — questiono confuso, indo até ela preocupado.

— Que horas são? — ela me pergunta.

Olho meu relógio.

— Meia noite e três. Você geralmente não está dormindo nesse horário? — pergunto.

— Sim, mas estou ficando preocupada com você. Pai, você não dorme direito. E está trabalhando demais no campus e na empresa. Você tem sócios, não precisa se sobrecarregar tanto. — reclama, as mãos na cintura mostrando indignação.

— Filha... — falo enquanto toco seu cabelo.

— Não, pai. Por favor, contrate um assistente. Todos os professores tem um. Não sei se há algum aluno preparado disponível, mas podemos dar um jeito. — balança a cabeça.

— Nesse período do semestre é muito difícil conseguir isso filha. Está tudo bem, nunca tive um assistente e sempre dei conta de tudo. — lembro a ela.

— Antes você dava poucas aulas particulares e agora da aulas regulares na universidade. Antes você tinha tempo para jantar comigo e ir aos nossos passeios e agora eu quase não te vejo.  — lágrimas brilham nos olhos da minha filha e o arrependimento corrói meu peito.

— Vem cá. — puxo-a para meus braços — Me perdoe por ter sido um péssimo pai para você nesse período, princesa. Eu simplesmente me joguei no trabalho. — acaricio seus cabelos.

E pensar que eu negligenciei minha filha por não conseguir lidar com a tentação por uma adolescente da mesma idade dela e que me deixa duro ao meu chamar de papai.

— Não, isso não. Você nunca foi péssimo pai, nem mesmo nesses momentos. Você é o melhor pai do mundo e é por isso que eu me preocupo.

— Vamos jantar juntos amanhã e voltar a ter nossos passeios. — falo e ela concorda animada.

— E eu vou te ajudar a conseguir um assistente. — ela diz e eu apenas concordo para não desapontar mais minha filha.

No dia seguinte.

— Bom dia Sra. Roberts. — cumprimento a diretora da universidade assim que entro porque ela parecia estar me esperado.

— Bom dia Sr. Parker. Eu e a senhorita Parker conversamos ontem a tarde e hoje cedo recebi um telefonema do seu pai dizendo para que fosse feito a vontade dela, que era conseguir um assistente para você. — informa caminhando junto comigo, mas eu paro.

— Eve ligou para o meu pai? — pergunto incrédulo.

Meu pai é o dono da Tomas University. Ele. Não eu. Toda a diretoria está a cima de mim e eu sou apenas professor. Eu sou dono apenas da minha empresa no ramo das finanças.

— Sim e imediatamente verifiquei a lista dos melhores alunos e havia apenas uma aluna preparada e que inclusive é sua aluna com as maiores notas neste semestre até agora. — a senhora Roberts sorri, mas meu coração erra um batida.

Meu corpo enrijece porque eu sei muito bem quem é essa aluna. Só poderia ser ela. Minha diabinha. Sinto um suor frio escorrendo em minha espinha agora.

— A senhorita Blake será informada e irá encontrá-lo no intervalo para que você possa instruí-la.

Eu apenas balanço a cabeça. Fecho os olhos e tudo que me vem a mente são seus lindos lábios sussurrando papai para mim. Abro os olhos. Isso não dará certo. Preciso dizer para conseguir outra pessoa, mas eu teria que dizer o porquê para Eve e eu não vou fingir que odeio Rebecca para isso. Falar que não a quero como assistente pode levantar questionamentos quanto a sua conduta, competência e notas, coisas perfeitamente exemplares em seu caso, mas o ponto é que eu posso acabar em problemas de todas as maneiras possíveis, se eu disser que não quero, e se aceitá-la.

Para fazer a vontade da minha filha, algo que passei fazendo desde que ela veio ao mundo, aceito tudo isso. Embora eu saiba reconhecer que realmente estou precisando de um assistente, eu reconheço que se estou sobrecarregado de trabalho e preciso de um assistente é porque eu não queria pensar em Rebecca desde que ela completou dezoito anos. E agora olha para mim, ela será minha assistente.

Para isso funcionar, eu terei que ter uma conversa séria e adulta com ela. Ou coisas como aquela madrugada na semana passada vão se repetir e isso não pode acontecer.

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