Capítulo 01

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21:30pm, Thomas University. Atlanta, EUA.

Tom Parker

— E por hoje, é só. — Fecho os slides transmitidos na parede por um retroprojetor e começo a organizar minhas coisas dentro da minha pasta de professor — Serei bom nesta sexta-feira e irei liberá-los trinta minutos mais cedo, já que eu geralmente dou aula no período da manhã e estou dando essa aula para os alunos da noite apenas para substituir o professor Jake, de última hora. Estão liberados. Bom final de semana e tenham juízo.

— Obrigado, professor! — a maioria agradece,  comemorando e sorrindo, animados, saindo da sala enquanto conversam.

Me viro para apagar a lousa.

Embora eu seja um professor rígido em minha matéria, não tolerando erros e tendo os alunos com as notas mais altas da universidade, também acabei sendo um pouco popular com os alunos por sempre recompensar com algum presente o melhor aluno do semestre. Mil dólares foi o que toda a diretoria concordou que seria razoável. Eu não me importo com o valor, poderia ser maior e eu não me importaria, porque a verdadeira razão que me faz fazer isso duas vezes ao ano, é que são nessas raras vezes que eu me permito mesmo que quase nada, sentir novamente a sensação de recompensar alguém.

Eu tenho uma torção. Mas há dezenove anos que eu não me deixo ser consumido por ela. Desde virei pai e me casei. Ninguém além do meu melhor amigo Anton sabe disso. Mas eu sou um dom. Eu sinto prazer em dominar uma mulher, mandar ela fazer o que eu quiser dentro do meu quarto preto escondido no porão e depois mimá-la, cuidar dela e enchê-la de presentes por ter sido uma boa menina. Então, de certa forma, ser rígido e dar um presente aos meus alunos em cada semestre do ano, me deixa um por cento satisfeito.

E eu estava lidando bem com isso. Até que a personificação do que eu sempre sonhei em uma mulher e que eu nunca tive nada parecido, como alguém saído diretamente dos meus desejos mais profundos, completou dezoito anos. Eu tento evitar pensar nela a todo custo mas parece que ela está por toda a parte. É uma boa coisa que ela seja minha aluna apenas no período da manhã e hoje não terá aqueles torturantes dois minutos pós aula em que ela tira suas dúvidas e morde os lábios sutilmente para mim, se abaixa para escrever algo no caderno e exibe um decote que deixa a mente aberta a imaginações perversas. Ou então ela usa uma maldita mini saia curta demais e cruza a porra das pernas de um lado para o outro arrancando olhares de lobos famintos, meus e dos malditos garotos.

Ela nunca faz nada mais do que esses pequenos flertes, dessa forma, eu muitas vezes fico confuso se isso é de propósito para mim ou se ela flerta com todos os homens. Não tenho orgulho em confessar que a segunda opção me faz sentir uma emoção assassina.

— Maldita criança. Saia da minha mente! — grunho para mim mesmo enquanto termino de apagar a lousa e pego minha pasta.

A sala já está vazia e eu suspiro, cansado. Minha cabeça dói, mas eu ainda preciso revisar alguns documentos da empresa ao chegar em casa e isso me faz pensar em coisas racionais, então é bom, mesmo que exaustivo. Estou acostumado.

Os corredores não estão vazios, as outras salas de aula estão cheias e a diretora disse que alguns alunos do matutino e vespertino estariam estudando na biblioteca. Final de semestre e eles ficam desesperados. Caminho entre eles recebendo seus cumprimentos e retribuindo com um aceno de cabeça e um leve sorriso. O ar fresco bate no meu rosto quando alcanço o lado de fora, mas ao contrário do que pensei, não me sinto aliviado. Algo em mim pulsa e logo eu descubro o porquê.

— Uh... Professor? — fecho os olhos, ainda de costas.

É a voz dela. E aquele cheiro doce que só ela tem igual. Rebecca Blake. Minha obsessão. Porra. O que ela está fazendo aqui?

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