NU

Rápido

  Leo andou o mais rápido que podia em direção ao seu apartamento, ele conhecia bem o local onde estava, não imaginava que atrás daquele bosque que ele já havia passado diversas vezes passaria tantas coisas ruins, ele levou duas horas para chegar em seu apartamento o porteiro quase não o reconheceu, mas acabou por ajudar ele a entrar com a chave reserva, ao entrar tudo estava exatamente do jeito que ele deixou, rapidamente Leo juntou suas coisas mais básicas e se tocou que perdeu quatro meses de sua vida o que o deixou em choque por alguns minutos, mas o desejo de fugir o mais rápido que podia falou mais alto, não demorou muito e sua irmã com o marido chegaram, eles subiram preocupados e Ana começou a chorar ao ver o estado de Leo.

- O que aconteceu com você?! -perguntou o abraçando não muito forte pois ele começou a se contorcer de dor, Leo tentou explicar o que aconteceu, mas nem ele conseguia falar.

- Ana, eu preciso fugir para qualquer lugar, só preciso fugir e rápido.

- Eu não sei... -ela foi interrompida.

- Tem um lugar que não vão te encontrar. -disse o marido dela, um asiático alto, gordinho e com um jeitinho muito simpático. - Meus tios morreram a alguns meses e meu primo ficou sozinho na casa deles, ele queria que eu fosse para lá com sua irmã para ele não ficar sozinho, mas nós não queremos deixar sua mãe sozinha também, acho que ele vai te aceitar como hóspede por um tempo e ele é médico.

- Que ótima idéia amor, ele está em um estado pouco povoado e muito gelado, ninguém vai te procurar lá Yukon certo amor?

- Isso, se quiser posso falar com ele e quando as coisas acalmarem vemos o que fazer. -Leo voltou a chorar, ele não esperava que sua irmã e cunhado seriam tão solícitos.

- Obrigado.

  O marido de Ana mandou mensagens ao seu primo que brevemente respondeu que adoraria ter um hóspede, o único problema agora seria sair do país sem que Charles pudesse descobrir, Ana foi até o lado de fora com Hwan seu marido.

- Querida precisamos chamar a polícia.

- Ouviu meu irmão, o cara é milionário e louco, se ele quiser compra toda a polícia e olha o que ele fez com o Leo, meu irmão nunca ficou assim, até o jeito dele está completamente diferente, eu mal sei quem é esse homem maltrapilho dentro do apartamento, vão matar meu irmão.

- Me escuta amor, a esposa de um amigo meu é delegada, eu tenho certeza que ela não tem rabo preso com ninguém, nós já jantamos na casa deles, lembra? podemos pedir ajuda para ela, não vamos tirar seu irmão do país sem ajuda, vai ser pior se fizermos por conta própria, ele vai matar seu irmão e por tabela meu primo. -Ana parou para pensar nas palavras dele.

- Tem razão, então manda logo mensagem para ela, mas deixe claro a situação, não podemos arriscar.

  Ana entrou para ficar com seu irmão, enquanto Hwan fazia algumas ligações, uma hora se passou, Leo estava abatido e paralisado na cama, parecia que sua almo tinha ido embora a muito tempo.

- Irmãozinho, nós arrumamos outra pessoa para ajudar, vai ter que confiar nela. -uma mulher velha vestida de social entrou.

- Boa noite Leo.

- Quem é ela? -perguntou assustado.

- Ela é a delegada Sônia.

- Eu disse sem polícia! -afirmou ficando inquieto.

- Sua irmã me contou o que aconteceu e com esses seus ferimentos aparentes é difícil não acreditar que você passou por um inferno, se me deixar tirar umas fotos como prova e tiver mais alguma coisa que comprove o que lhe ocorreu, vou te mandar para onde se sentir seguro e começar uma investigação eu mesma, não posso deixar um maluco com tanto dinheiro solto.

- Você tem filhos?

- Sim, três.

  Leo acabou concordando, afinal era a melhor opção, ele, sua irmã e Hwan não tinham condições de fazer isso dar certo sozinhos, Sônia levou ele até um laboratório, onde eles tiraram fotos dos ferimentos dele, Leo entregou o envelope e as chaves que ajudaram ele a fugir como prova, depois ficou com sua irmã em um hotel por dois dias, lá Ana percebeu como seu irmão estava perturbado, quando dormia o rapaz tinha pesadelos que o faziam gritar, às vezes ficava acordado olhando para o nada, se assustava com qualquer coisa e vomitava constantemente. No terceiro dia Sônia voltou até eles, deu um passaporte e documentos novos para Leo.

- Como prometido, seus documentos, vamos te acompanhar até o aeroporto e nós temos um contato em Yukon que você pode chamar caso sinta que tem alguma coisa errada, o resto deixa que eu vou dar um jeito de desmascarar esse psicopata.

- Obrigado.

  Foi tudo o que Leo conseguiu dizer com seu olhar apático, para tentar não ser reconhecido ele raspou bem a barba e decidiu nunca mais deixar ela crescer, deixou o cabelo um pouco grande para frente também quase cobrindo seus olhos claros, apesar dessa mudança ter melhorado um pouco seu rosto, ele parecia mais um jovem só que sem alma. Após se despedir de sua irmã, Leo foi sozinho para o aeroporto, graças a Sônia tudo correu bem e ele embarcou sem problemas, a viagem demorou algumas horas, ainda no vôo ele recebeu uma mensagem em seu novo celular.

Número desconhecido:"Olá!!! É o Yuri o primo do Hwan, estou ansioso para sua chegada, já estou no aeroporto :)"

  Leo ficou indiferente a mensagem, só queria ficar em paz e nunca mais ver Charles na vida, tentar começar tudo de novo, sem tentar afastar sua mãe e irmã de novo.

Leo: "Olá! Obrigado por me abrigar."

  Ele desligou o celular, mas logo chegou outra mensagem.

Yuri: "De nada, espero que esteja com fome, vou te levar para comer, até já!"

  A foto de perfil do rapaz era um desenho animado, Leo pensou em pedir uma foto para saber quem era ele, mas depois desistiu não querendo puxar muito assunto. Uma hora depois ele desceu se perguntando se o tal Yuri tinha ficado esse tempo todo esperando, então ele resolveu mandar uma mensagem.

Leo: "Cheguei, está aqui?"

- Olá Leo! -disse uma voz masculina, não tão grossa, em um tom acolhedor, ele virou para trás e viu um homem pouca coisa mais alto, com traços asiáticos, magro, cabelo e olhos bem preto, pele pálida e um sorriso extremamente simpático, a primeira palavra que veio na cabeça de Leo foi "fofo" porém logo em seguida a nuvem negra que Charles havia colocado em sua mente fez ele ficar um pouco assustado com o homem se aproximando.