O porão

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- Acorda querido!

  Leo começou a acordar enquanto sentia muita dor, completamente nu, seus braços e pernas estavam amarrado, ele olhou em volta, estava em um espécie de porão sem janelas e uma porta bem distante, em sua frente Charles sentado em uma cadeira de ferro, seu coração começou a bater acelerado quando se deu conta do que estava acontecendo.

- Essa é minha parte favorita, pode começar. -o rapaz começou a gritar e se debater enquanto Charles ria. - Não adianta gritar querido, estamos em baixo de uma mansão gigante que está quase vazia, cercada por vários muros e sem vizinhos.

- O que vai fazer comigo?!!!

- Eu só quero te dar todo meu amor e carinho, desculpe ter que te amarrar, se eu não fizesse isso você iria fugir, vocês sempre fogem.

- Como assim?

- Vou te contar a história só para te contextualizar, eu odeio minha esposa, mas ela é necessária para manter as aparências porque ela é perfeita aos olhos de todo mundo, antes dela eu já amava um rapaz, nós tínhamos uma relação em segredo, mas meu pai e minha mãe disseram que eu teria que me casar com ela para seguir com o status da nossa família e herdar seus milhões em ações e afins, então é claro que aceitei, até porque ela também estava fazendo isso por obrigação e tinha um amante, o problema é que o meu garoto não queria viver assim, ele não queria ter que esconder nossa relacionamento, então terminou comigo e sumiu, é claro que eu não me conformei e fui atrás dele, que me rejeitou de novo, fiquei tão nervoso naquele dia e acabei o sequestrando, fiz essa mansão inteira só para o acomodar, dei para ele tudo o que o dinheiro podia comprar, mas acha que isso o deixou feliz?! -perguntou demonstrando um pouco de raiva. - Não, ele ainda queria fugir, então eu o prendi aqui, tudo estava indo super bem, nós estávamos felizes, até que um dia eu cheguei e ele tinha cortado a própria garganta bem ali. -Charles apontou para um canto com uma mancha de sangue. - Isso me arrasou, não consigo mais nem dizer seu nome, dói perder alguém que você ama tanto, ele se parecia com você e com os outros que eu trouxe aqui antes de você, mas nenhum deles era bom o suficiente, então eu tive que me livrar deles, mas com você vai ser diferente, se você se comportar eu te levo para tomar sol. -afirmou sorrindo, Leo entrou em choque e voltou a gritar. - Vou deixar você se acalmar e pensar melhor sobre isso.

  Charles deu um beijo na bochecha dele e saiu, os gritos de Leo se transformaram em lágrimas enquanto ele olhava em volta e via mais marcas de sangue pelo local, procurando por qualquer saída possível seu desespero só aumentava, vendo que não havia qualquer possibilidade de sair dali com facilidade, a sensação de impotência misturada ao desespero fizeram sua garganta fechar e todo seu corpo doer, nunca havia sentido uma angústia tão forte, mesmo quando ficava dias sem comer direito para poder pagar seus estudos e o aluguel, nada se comparava aquilo. Algumas horas depois ele acabou dormindo, mas logo foi acordado de novo por Charles.

- Se acalmou?

- Sim, o que eu preciso fazer para me soltar? -perguntou se levantando com dificuldade.

- Você entendeu mais rápido que os outros, se você se comportar eu tiro as amarras, se fizer tudo o que eu mando e ganhar minha confiança, te levo lá fora, se continuar assim vou te manter ao meu lado nessa mansão por muito tempo, o que é bom para mim, é difícil achar garotos bonitos que não tem contato com a família e podem ser atraídos facilmente por dinheiro.

- Alice sabe disso?

- Alice não só sabe, como ela quem me indica qual é o alvo mais fácil.

  "Maldita eu confiei nela por todos esses anos, sempre com aquele papo de que não obrigava ninguém a nada, que presava pela segurança de quem trabalha para ela e no final ela me botou nessa." Pensou Leo começando a sentir mais raiva do que medo.

- Então como vai ser Leonardo? -perguntou passando a mão no rosto dele. - Adoro sua barba.

- Eu vou me comportar.

- Ótimo, doce como meu amorzinho era, então pronto para continuar o que começamos no quarto? -ela começou a tirar o cinto, Leo se desesperou ao pensar em passar por aquilo de novo.

- Não da para esperar um pouco?

- Eu tenho pressa, logo vou ter algumas reuniões, preciso me aliviar antes.

  Leo tentou se afastar, porém Charles não deixou o puxou, jogou no chão, segurou sua cabeça contra o chão e começou tudo de novo enquanto ele gritava e se contorcia, sentindo ainda mais dor já que não teve tempo de se recuperar, em algum momento Charles ficou nervoso com ele tentando se afastar por causa da dor e o deu um soco na costela, fazendo o rapaz ficar imóvel com medo, dessa vez acabou mais rápido, Charles passou a mão na cabeça dele, soltou e antes de sair lhe deixou água e um pouco de comida que estava fria, mas Leo estava com tanta fome que nem ligou.

  No seu cativeiro havia um colchão no chão, uma cadeira, cordas e um banheiro simples, alguma minutos após ser solto Leo se levantou com dificuldade, foi até o banheiro onde passou horas em baixo do chuveiro que só tinha água gelada, porém seu estado era tão mal que aquilo até lhe deu um pouco de conforto, em seguida ele se deitou no colchão tremendo de frio, mais horas se passaram até que conseguisse dormir, ele nem sabia se era dia ou noite, se já haviam se passado um ou dois dias, sabia que ninguém procuraria por ele, faltar na formatura não seria estranho para os colegas de classe dele, já que nenhum deles tinha qualquer contato além da sala de aula com ele, sua mãe e irmã que viviam bem longe dele já estavam a mais de um ano sem falar com ele, mais um ano não seria estranho, seus vizinhos mal o vião, Leo era muito discreto, não fazia barulhos no apartamento e não conversava com eles também. "Ninguém vai sentir minha falta, eu vou morrer aqui."

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