N/A: Respira fundo, gay. E senta, que lá vem história.
O bipe do medidor de batimentos cardíacos era quase hipnotizante. O único ruído enchendo o quarto silencioso, na penumbra densa daquele pequeno espaço do universo, física e poeticamente sombrio.
Tay sentiu que ia vomitar.
O cheiro nauseabundo do soro e do desinfetante típico dos hospitais era perturbadoramente familiar, mas para um enfermeiro que trabalhava em cuidados paliativos, estar ali com um parente era desesperador.
Porsche não queria acordar.
Não havia nada de errado com seu corpo, o coração estava batendo corretamente, as vísceras funcionando e a cabeça, apesar da queda durante o desmaio, estava intacta. Não existia sequer uma ferida mínima sobre ele, ainda assim, era o segundo dia em que ele estava dormindo.
Quando o desastre aconteceu, Tay pensou que era um cenário inevitável. Um confronto que passaria mais cedo ou mais tarde entre eles, já que eram destinados. Sim, ele estava plenamente consciente da raiz da ligação de ambos. Quando aceitou namorar Porsche, já conhecia seu passado, seus anseios, suas manias, sua família e o gênio difícil escondido nos sorrisos amigáveis. Porém, amou-o o suficiente para aceitá-lo em sua vida a despeito dessas circunstâncias e da possibilidade constante de que ele fosse arrebatado de seu lado.
Era uma pessoa simples, um ômega muito fiel aos seus sentimentos e responsável com seu coração. Não pisava em terrenos que ele sabia que não podia se equilibrar, ainda assim, em momentos como aquele, queria poder ter algum apoio externo. Um ombro para chorar a ansiedade e a preocupação, um abrigo que afastaria seus medos. Mas quando Porsche entrava naquele estado de choque causado pela dor, ele ficava completamente sozinho.
Tay não tinha família. Seus pais o abandonaram muito jovem, viveu a infância e a adolescência entre abrigos governamentais porque poucos casais querem adotar meninos sem características alfa ou ômegas masculinos. Foi obrigado a sobreviver sozinho quando chegou na maioridade e assim, foi brutalmente empurrado para a marginalidade para conseguir pagar os estudos. Seu sonho era se tornar uma pessoa digna, um homem de quem poderia se orgulhar, encontrar amor e formar a família que ele nunca teve. Era adepto à filosofia de que a vida já é tão difícil por si mesma, que não precisava complicar ainda mais gerando problemas e dramas desnecessários.
Conheceu Porsche por acaso, em uma boate gay que visitou com os colegas da faculdade, e foi um clique instantâneo. Eram muito compatíveis, tanto na cama quanto fora dela; o alfa se mostrou um excelente ouvinte, um homem educado, atencioso e muito divertido. Tay foi se deixando levar pelos momentos confortáveis, os toques carinhosos e os beijos com gosto de paixão, quando deu por si, já estava apaixonado. Foi pedido em namoro em um piquenique no parque, numa manhã ensolarada de domingo, com um buquê de flores silvestres e uma cartinha escrita a mão pelo alfa.
Viveu esses momentos com o peito transbordando de felicidade, porque experimentou todo o sentimento gostoso que os romances prometiam, sendo cuidado por ele a todo instante. Porém, nem só de bons momentos se faz uma relação. Porsche tinha um passado, uma história triste que marcava uma cicatriz emocional que nem mesmo Tay, com todo seu amor, poderia curar.
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War of Hearts (KimMacau)
Fiksi PenggemarAlmas destinadas sempre foram uma dádiva, as lendas se tornando reais quando dois corações se unem com um vínculo que supera qualquer obstáculo e adversidade. Ao menos era isso que Macau achava, até encontrar seu amor e perceber que o d...