Capítulo 24- Lara Tem Que Morrer

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Mãe estava mancando, cansada demais. Ela estava sem suas folhas e saindo fumaça de seu corpo com as queimadas. Ela fecha seus olhos, pegava o fôlego e curava mais um animal. Caipora estava trazendo um por um dos animais que se feriram, eram muitos.

Curupira chega.

- Mãe? Preciso de sua ajuda.
- Negrinho!!- Disse ela morrendo de medo do que aconteceu com ele.
- O braço dele esta queimado, consegue cura-lo.
- É claro.

O brilho que saia de suas mãos para curar começava a falhar.

- Você precisa descansar.- Disse Curupira olhando em seu rosto cansado.
- Estou bem.

Ela cura o braço do Negrinho e vai curar outros animais.

- Você esta ficando fraca.
- Cuca pode estar por aqui. Não posso deixar vocês sozinhos.
- Com você fraca desse jeito, vai ser mais fácil para ela. Por que não deixa alguém capacitado para ficar aqui? Tipo... Eu...
- Súbito...- Ela interrompe.

Curupira fica sem graça. Caipora chega e se depara com a horrível paisagem, se sentindo culpada.

- VOCÊ!!!!- Grita a Mãe.- Como pôde deixar aquele monstro ferir minha FLORESTA!!!

Caipora se assusta e da um passo para trás. Ela começou a se sentir culpada por tudo que aconteceu, sua irmã fez um desastre enorme, matando centenas de animais silvestres e milhares de plantas e árvores.

- Mãe? Não é culpa dela.- Disse Curupira abraçando a Caipora em forma de consolo.
- Como não? Tem o mesmo sangue.- Disse Mãe com cara de nojo e sai daquele lugar.

Caipora se ajoelha e começa a chorar com seus braços cruzados.

- Ei? Ei? Ei? Calma. A Mãe só não esta aguentando carregar esse fardo todo, esta tudo bem.
- Ela esta certa. Eu deveria ter dado um basta nisso a muito tempo. Onde ela esta?
- Deixei presa para que vocês pudessem resolver.

Ela se levanta e pega o facão do Curupira, ele olha aquilo e queria impedir, mas pretende ficar quieto. Pela primeira vez ele não queria que isso fosse resolvido com morte, mesmo Lara tendo destruído 1/4 da floresta Amazônica.

Ela começa a ir em direção de onde sua irmã estava, estava decidida a mata-la, sem pensar duas vezes, o seu coração estava acelerado e ao mesmo tempo estava frio.

Chega no local...

- Onde ela esta?? CADÊ ELA CURUPIRA??- Grita nervosa por não encontrar sua irmã.
- Ela estava aqui.

Ele pega o cipó que havia amarrado e viu que ela tinha cortado ele. No fundo o Curupira se sentiu meio aliviado.

- Ela não deve estar muito longe, deve estar ferida. Chama a Anala e pede para farejar.
- Anala esta cansada e a fumaça irá atrapalhar ela a sentir o cheiro.
- CATITU!- Gritava ela chamando o seu cateto.
- Caipora? Você precisa se acalmar.
- CATITU!!!- E nada dele aparecer.
- Ei?

Curupira coloca suas mãos no rosto dela e olha em seus olhos.

- Esta tudo bem! Precisamos descansar, amanhã conversamos sobre isso.

Ela começa a chorar.

- Vocês são tudo que eu tenho agora. Foram os únicos a ter me aceitado e não quero decepcionar vocês.
- Pois eu estou muito orgulhoso do quanto você esta se esforçando.- Ele da um sorriso.- Como minha ajudante eu quero que descanse.

Ela concorda e os dois voltam para a árvore abraçados.

Não muito distante dali...

Lara corria mancando, segurando em sua costela e indo para qualquer lugar. Conforme o tempo sua respiração estava cada vez mais difícil de respirar. Ela cai no chão com falta de ar, o chute do Curupira fez com que fraturasse sua costela que depois da adrenalina a dor começa a ficar insuportável.

Ela tenta se levantar e logo vomita sangue, ela sabe que não vai encontrar ninguém aqui e suas chances de viver é zero. Ela cansa de lutar e se deita no chão, logo fechando seus olhos...

" - OQUE VOCÊ FEZ??- Gritava Lara olhando para seu pai.
- Filha? Perdoa seu pai.- Lara pega uma faca.- Não faça isso, por favor.

O rosto de ódio e lágrimas cobriu, ela ficou cega de raiva. Quando percebe oque fez sua irmã empurra ela.

- Oque esta fazendo?- Pergunta ela desesperada.

Ela fica sem oque dizer. Clara, filha da Clarice, lança um olhar de raiva para ela.

- Oque você fez? Monstra, monstra, monstra.- Uma voz de demônio tomou conta daquela fofa e fina voz.
- Não.- Disse Lara tampando seus ouvidos.
- MONSTRA, MONSTRA, MONSTRA."

Ela acorda assustada, ainda estava de noite. A dor piorou dez vezes mais depois que seu corpo relaxou. Sua respiração curta, dolorosa e lenta, como se alguém a enforcasse, a dor estava insuportável. Ela retira sua camisa e uma de suas costelas estava para fora da pele, ela tremia de frio e não demorou muito para começar a chorar.

Então uma brisa gelada chegou até ela.

"Sua vez chegou."

Ela viu um homem olhando para ela sorrindo. Em seu pensamento ela perguntava quem era, e essa criatura respondeu, lendo seus pensamentos.

- Anhangá.- E uma gargalhada assustadora cobriu a floresta.

Lara continua sem reação, a dor estava insuportável. Ela continua olhando para ele.

Ele da uns passos pro lado, para quê uma criatura passasse. Era uma pantera negra de olhos amarelos e faminta.

- Não resista.- Disse ele adorando a cena de sofrimento dela.- Você causou isso tudo.- Ele aponta para as cinzas na floresta.

A pantera pula em cima dela e no ar, em câmera lenta, Lara retira sua pistola com sua última bala e atira. A pantera cai em cima dela morta de boca aberta, com o tiro acertado bem na cabeça. Ela grita de dor e Anhangá grita de raiva e em seguida some.

Ela empurra a onça e tenta respirar, olha para uma caverna iluminada e se rasteja até lá gemendo.

Ela chega rastejando e ouve uma voz feminina chamando ela, o som vinha de umas poções que havia no chão, começa a rastejar até as poções. Ela bebe todas, sua respiração começa a diminuir e seu coração diminuindo as batidas, até que seu coração para junto com sua respiração.

Folclore Brasileiro I: A Ascensão Dos GuardiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora