Na manhã seguinte...
Mãe admirava Negrinho dormindo, um garoto lindo e tão novinho. Conforme ela admirava sua preocupação começou aumentar.
Caipora chega apertando suas próprias mãos e com pequenos passos.
- Mãe?- Disse baixinho e de cabeça baixa.
- Eu estava errada.- Disse Mãe se desculpando.- Peço desculpas, a culpa nunca foi sua dessas queimadas. Você e sua irmã são diferentes, quero me desculpar, Clarice. Eu fiz errado.Caipora se assusta, ela nunca imaginou que uma deusa pediria desculpas, um ser tão poderoso assim.
- Eu quero dar o meu melhor.
- E ja esta fazendo isso. Mas vou precisar de sua ajuda se não for pedir muito.- Ela olha para o Negrinho preocupada.Caipora se aproxima, fica bem pertinho e a Mãe segura em sua mão.
- Você é a única que sabe sobre os humanos e a única que aparentemente é uma.
Ela respira fundo para continuar a falar.
- Negrinho não pode ficar com a gente, eu não tinha ideia do quanto aqui é perigoso para ele.
- Mas Mãe... E o Saci quando...
- Saci se aliou com a Cuca ele não vai voltar.- Interrompe a frase dela.Caipora da um sobressalto não esperando isso.
- Ele precisa de proteção. E aqui não tem. Não podemos cuidar de uma criança.- Mãe olha com os olhos cheios d'agua.- Sabe de algum lugar que ele pode ficar?
- É-É... Sim, mas talvez Negrinho não queira...
- Ele não tem opção. Leve ele assim que se recuperar.Mãe se levanta e começa a andar.
- Obrigada, Clarice.
Ela da um sorriso e vai de encontro com súbito que esperava ela no topo de um dos maiores morros.
- O seu cheiro...- Disse Súbito estranhando- Não esta igual.
- Estou queimada, Súbito.Os dois se olham, dão uma pausa séria, mas logo começam a rir.
- Minha criatura fez isso?- Disse Súbito olhando a paisagem queimada.
- Não, foi a minha.Súbito fica surpreso.
- Saci?
- Uma humana.Súbito se assusta com a resposta. Como uma simples humana conseguiu fazer um estrago enorme na floresta.
- Preciso da sua ajuda, Súbito.
- Eu sei, é só pra isso que você me chama.Mãe fica em silêncio, se sentindo meio culpada depois dessa resposta.
- Queria que vigiasse a floresta pra mim enquanto eu descanso, só pra caso aquela bruxa voltasse.
- Você aproveita que eu não sei dizer não.Mãe tenta ficar séria, mas não aguenta e solta um sorriso.
- Drácula esta machucado com oque Iara fez e quase não sai da torre.
- Fiz para protege-la e esta dando certo.
- Drácula disse para não dizer as coisas que eu sinto... Mas eu preciso.Mãe olha para ele, séria.
- Você sente alguma coisa?- Pergunta ela surpresa.
- Sinto e você?
- É-É-É...Sim- Começa a gaguejar.- Oque quer me falar?- Ela desvia o assunto.
- Oque é amor?- Revida ele com outra pergunta, mas realmente querendo saber.Mãe começa a pensar em como dizer.
- Tem vários tipos de amor, cada um diferente. Tem de filhos, pais, amigos, amores...
- Defina amores.
- É quando você vê uma pessoa e seu coração acelera, começa a sentir dores na barriga e tremedeira. O seu corpo só quer ficar ao lado dela e poderia ficar para sempre conversando e ouvindo ela.O coração de Súbito começa a acelerar, ele nunca teve esses tipos de conversa com ela.
- Mas você não sente amor, Súbito. Eu criei o amor para as minhas criaturas e você não...
- Talvez o amor ja existisse antes de você cria-lo...Mãe começa a desconfiar.
- Oque quer me dizer? Você me ama?- Disse ela rindo.
Se súbito tivesse pele humana, com certeza nesse momento ele estaria todo vermelho de vergonha.
- Não, claro que não.- Ele ri sem graça.- Só queria te dar isso.
Ele estende a mão e a Mãe da um passo para trás, para que não tocasse em sua mão.
Nesse momento parece que o coração de súbito tivesse levado um soco. Ele tinha esquecido completamente do seu toque mortal.
- Desculpe.- Ele coloca o objeto numa pedra.
Ela vai até a pedra e a pega.
- Isso é muito... Oque é isso?- Pergunta ela sem entender.
- Os humanos chamam de pulseira, eu fiz uma de ossos.- Disse contente.
- Ossos das minhas criaturas?
- Esqueci desse detalhe. Mas são os humanos malvados esses, você pode sentir as almas pesadas que eles carregam.
- Eu não sinto os pesos das almas, mas eu acredito em você.Mãe da um sorriso sem graça e segura a pulseira com as duas mãos.
- Você pode fazer esse favor para mim?- Pergunta ela voltando ao assunto da floresta.
- Pergunta besta.Ela da um sorriso e desce a montanha.
Na árvore...
Negrinho acorda, coça seus olhos e se espreguiça.
- Bom dia, Negrinho.- Disse Caipora chegando com suculosas frutas.
Ela vai até ele e os entrega. Ele come com gosto e logo volta a ficar triste.
- Saci me deixou.
- Você não precisa dele.
- Mas eu gosto dele, Caipora. Ele era meu melhor amigo.
- Saci é um homem fraco, não deve confiar em todo mundo, Negrinho.
- Como eu vou saber em quem confiar?- Pergunta ele baixinho e cabisbaixo.
- Não vai saber, você apenas senti.
- Eu senti com o Saci.Caipora passa as mãos em seus cabelos enroladinhos e olha em seu rosto, tendo uma cicatriz de chicote.
- Vou te levar para uma casa, onde há várias crianças e lá você vai estar seguro.
- Ta bom.Caipora estranhou pelo fato dele nem se quer hesitar em querer ficar. Talvez ele realmente não queria ficar aqui ou ele esteja triste demais para tentar dizer algo.
- Ficarei de guarda observando, até que realmente esteja seguro.
- Não precisa, eu não ligo.- Negrinho se levanta e Mãe escutava toda a conversa de coração partido.Ele olha para ela e se despedi.
Caipora vai até o rio, se limpa, retira as tintas de seu corpo e lava seu cabelo. Pega uma roupa de algodão que sempre deixa guardada para caso precisasse ir na cidade, veste e vai em direção de Negrinho. Ela pega em sua mão, olha em seus olhos e sorri, eles começam a andar em direção da cidade mais próxima da floresta.
Na caverna...
Uma mosca sobrevoava o corpo de Lara e pousou em sua costela, onde o ferimento estava aberto. A costela começa a voltar para o seu lugar sozinha e a mosca sai daquele local e voa direto na boca ensanguentada dela.
Começa a sugar aquele sangue avermelhado. Lara fecha a boca e mastiga a mosca. Seu coração volta a bater e volta a respirar.
Ela se levanta tonta e olha em sua costela, havia sido curada. Uma das quatro poções que havia era de ressuscitação. Lara olha em suas mãos e começa a sorrir, não acreditando estar viva. Ela visa três poções cheias de um líquido de cor rosa na estante, ela pega e as guarda.
Olha para a floresta e corre em direção ao desmatamento.
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Folclore Brasileiro I: A Ascensão Dos Guardiões
Ficción históricaMãe Natureza uma mulher poderosa que deu início a flora e fauna. Ela criou desde um inseto ao um ser humano, aí foi o seu pior erro. Os Humanos começaram a destruir suas florestas e animais, infelizmente uma ser tão poderosa não tem capacidade de...