trash talk

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Flashback on - alguns meses antes.

Sheilla estava um pouco preocupada com o jogo desta noite. Na primeira vez que ela e Gabriela se enfrentaram na Superliga, logo após a segunda convocação de ambas pela seleção nacional, o jogo terminou com ambas recebendo cartões amarelos, que quase viraram vermelhos. E isso tinha sido apenas o começo.

Toda vez que elas se enfrentaram daquele ponto em diante, foi controverso. Havia comentários mordazes que eram sussurrados uma para a outra enquanto elas se encaravam na rede. Sempre havia cartões amarelos. Em um jogo, Sheilla quase quebrou o nariz de Gabriela com uma bolada. Outro jogo, Gabriela deixou um belo hematoma no olho de Sheilla depois de, acidentalmente, atacar uma bola em cima dela.

Dada a sua história, Sheilla só podia imaginar o que iria acontecer no jogo desta noite.

Gabriela, por outro lado, não se surpreendia mais com a fisicalidade dos jogos entre o Praia e o Minas. Parecia que ela e Sheilla tinham dado o tom para um jogo brutal e suas companheiras de equipe as seguiram. As bases de fãs claramente também seguiram.

Gabriela não pôde evitar o sorriso que deslizou em seu rosto quando ela foi vaiada por 17 mil torcedores enquanto ela se posicionava no fundo da quadra com a bola na mão, pronta para sacar.

Seu sorriso aumentou ainda mais quando ela mandou a bola bem no fundo da quadra adversária, marcando um ponto de saque e então encontrou o olhar irritado de Sheilla. E só porque ela sabia que iria irritar Sheilla ainda mais, Gabriela deu de ombros como se o ponto tivesse sido pura sorte. Sheilla esperava que ela não se importasse e Gabriela poderia corresponder a essas expectativas.

Sheilla soltou uma bufada indigna e chamou sua equipe, dando-lhes uma conversa estimulante e reorientando-os no que deveriam fazer. Elas poderiam vencer o Praia. Perdiam apenas por um set. E não só elas poderiam vencer o Praia, ela poderia vencer Gabriela.

Ela ia derrubar aquele encolher de ombros irritante e o sorriso arrogante.

O jogo foi equilibrado e muito disputado. Houve discussões e xingamentos. A certa altura, Sheilla subiu no bloqueio com o único propósito de colocar a bola que vinha do ataque de Gabriela nos pés da ponteira. O olhar frustrado no rosto de Gabriela valeu o esforço extra.

No set point do quarto set, Sheilla cravou uma bola no meio da quadra adversária, empatando o jogo. Foi bom ouvir o rugido de aplausos ecoar pelo ginásio. E foi muito bom girar em comemoração e correr até Gabriela com um enorme sorriso de vitória no rosto.

— Mais sorte da próxima vez — Sheilla sorriu enquanto passava por Gabriela, acertando-a no ombro.

Se a árbitra estivesse olhando, poderia ter sido um cartão amarelo quando Gabriela empurrou seu ombro de volta para Sheilla.

Mas a árbitra não estava olhando dessa vez.

Ela estava olhando, no entanto, quando Sheilla e Gabriela estavam se encarando na rede alguns minutos depois. Sheilla estava tentando se libertar do bloqueio de Gabriela, abrindo para talvez fazer algo como explorar as pontas dos dedos e potencialmente marcar um ponto. Mas Gabriela sabia muito bem quando abaixar um pouco os braços para não ser explorada.

— Pegou no dedo dela — Sheilla gritou, afastando-se da rede para tentar argumentar com os árbitros. 'Isto é ridículo!'

Gabriela entrou na discussão para mostrar que não tinha tocado. Seu corpo estava próximo ao de Sheilla, seus ombros separados pela rede. Sheilla empurrou Gabriela para longe quando viu que não adiantaria discutir.

calling my bluff | sheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora