kiss it better

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A equipe de filmagem da ESPN não havia viajado dessa vez, então a própria seleção brasileira ficou encarregada de capturar todos os momentos dentro e fora de quadra.

Elas conseguiram imagens do Brasil vencendo o jogo treino contra o Canadá por 3 sets a 0, com Gabriela e Sheilla como as maiores pontuadoras da partida. Conseguiram capturar um punhado de torcedores em uma corrida louca para chegar ao avião fretado que levaria as jogadoras para outra cidade dos EUA.

Houve um dia de treinamento em que Sheilla e Gabriela passaram a maior parte do tempo dentro e fora da quadra trocando desafios sussurrados e comentários com duplo sentido, nada disso capturado pelas câmeras. Naquela noite, Sheilla desafiou Gabriela de algumas outras maneiras e Gabriela desafiou Sheilla de volta. Isso definitivamente não foi capturado por nenhuma câmera, apesar de Sheilla ter pegado o telefone em algum momento.

Tudo estava indo bem, surpreendentemente.

Gabriela e Sheilla mantiveram as aparências, elas eram um pouco rudes, levemente condescendentes em público quando as câmeras não estavam rodando. Mas atrás de portas fechadas, não conseguiam manter as mãos longe uma da outra. E, no privado, elas também conversavam agora. Ainda era um pouco estranho, mas era, definitivamente, algo que ambas queriam.

As coisas pioraram no jogo contra os EUA.

Elas estavam jogando na frente de uma multidão lotada e, ainda que fosse um jogo treino preparatório, foi uma partida difícil e altamente competitiva. Foi brutal desde o primeiro apito.

O Brasil perdia por 2 sets a 0. Não havia muito o que fazer, mas a seleção estava lutando arduamente por um empate. O jogo estava no terceiro set, 24x22 para os EUA, quando Gabriela recepcionou um ataque entregando a bola na mão de Macris, a levantadora acionou Sheilla na saída que atacou com confiança marcando o ponto. Mas a ponteira dos EUA estava grudada demais na rede e assim que a oposta pousou, o pé dela em cima do pé da ponteira, ela sentiu uma dor alucinante.

O árbitro parou imediatamente quando Sheilla ficou no chão, seu rosto torcido de dor enquanto ela agarrava o tornozelo.

— Mau? — Gabriela perguntou quando ela se agachou ao lado de Sheilla.

— Tá doendo, mas acho que não — Sheilla sussurrou de volta.

— Certifique-se de dar alguns passos — Gabriela murmurou baixinho, oferecendo a Sheilla uma mão.

Sheilla se sentou e esfregou o tornozelo, acenando pra lateral da quadra para tranquilizar Zé antes que ela aceitasse a ajuda de Gabriela.

— Tá doendo, mas não foi nada — Sheilla repetiu, estremecendo um pouco enquanto ela flexionava o tornozelo e colocava algum peso nele.

— Eu vou te ajudar a esquecer a dor — Gabriela sorriu enquanto ela se afastava.

Sheilla lançou um olhar divertido para Gabriela antes de pegar a bola do árbitro. Ela caminhou até o fundo da quadra para sacar, ouvindo as vaias dos torcedores ecoarem pelo ginásio. Ela deu três passos para trás e um para a esquerda, respirando fundo, os olhos na bola enquanto esperava o apito. Quando ela o ouviu, soltou outra respiração profunda e sacou.

Por um momento, Sheilla se sentiu confiante, mas então a bola começou a subir. Seu coração afundou completamente enquanto a bola voava cada vez mais alto, voando por cima da quadra adversária.

Sheilla levou as mãos à boca e pressionou os dedos indicadores contra os lábios, a multidão agora aplaudindo porque a bola tinha ido pra fora. Ela deixou seus olhos se fecharem por um breve segundo, rezando para que o ardor atrás de seus olhos não aparecesse.

calling my bluff | sheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora