MEU ERRO FOI ACREDITAR

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Capítulo 13


    Não sei dizer quanto tempo fiquei desacordado. Meus olhos foram se acostumando aos poucos com a luz do sol. Minha mochila jeans sumira do meu colo e foi quando lembrei do pouco dinheiro que eu tinha e meu celular. Fui roubado, pensei na hora.

Antes tivesse sido apenas isto.

Passei a mão pela coxa dolorida e o zumbindo estridente veio com tudo, juntamente com uma forte dor de cabeça. Tentei alisar, mas estava tão sensível que retirei a mão, com um gemido.

Olhei em volta, tentando me soltar do cinto e descobrir como sair daquele lugar. Só consegui ver algo semelhante com depósito abandonado no meio do nada alguns metros de onde estava o carro. Abri a porta com dificuldade, descendo do veículo e uma forte vertigem me pegou de surpresa, me fazendo tropeçar em algumas pedras e entulhos próximos de onde estava estacionado.

- Ora, ora! Ele acordou!

Uma voz grave e arrastada surgiu do nada, por trás e uma mão forte que me segurou pelos cabelos, quase arrancando meu couro cabeludo. Dei um berro de dor e medo.

- E aí, boneca? Donde tu é mesmo? É "catarina"? - Gargalhava.

Um homem negro e alto, me segurava pelos cabelos e me sacudia feito um pacote, enquanto eu gritava e tentava me soltar. Seu cheiro era uma mistura de suor e gasolina.

"O que tá acontecendo, meu Deus? Me ajuda!" - Pensava entre lágrimas

Ele me largou, quando o falso Fabrício chegou com mais dois homens. Um deles estava usando a minha mochila como se fosse dele e dentro de mim, me avisava que algo muito ruim ia me acontecer.

- Olá, amor? Saudade do seu King?

Risadas altas, me fizeram encolher, mas eu não ia me entregar tão fácil.

- Eu não sou seu amor, seu velho! - Falei, gemendo.

O negro largou meus cabelos, indo com os outros dois em direção ao depósito. Fiquei apenas com o homem que me enganou, e me encarava com um sorriso maldoso, um olhar que fez minha alma gelar por inteira.

- Enfim sós, meu garotinho lindo! Você é tão perfeito!

Ele alisava meus cabelos e rosto, enquanto falava. O nojo que eu estava sentindo era tão forte, que dei um empurrão nele, tentando fugir dali o mais rápido possível. Mas a mão dele se apossou de minha camiseta, me fazendo perder o equilíbrio.

- Não, não, não! Não tão cedo, meu garotinho perfeitinho! Mal começamos a festa! Vem cá! Me beija!

Quando senti o rosto dele se aproximar de mim, dei uma cuspida. Eu não ia facilitar as coisas! Não. Eu não ia morrer sem enfiar os dentes nele.

Como fui ingênuo...

Senti o soco dele em cheio na minha boca. Um estalo de algo se partindo e uma onda quente encheu minha boca e garganta.

Eu tonteei, sentindo meu sangue escorrer pelo pescoço e camiseta. Vi um pedaço do meu dente cair junto a uma pequena poça de sangue e saliva, mas não tive tempo de me recuperar. Ele me puxou em direção ao capô do carro, me jogando de bruços, batendo minha cabeça no metal do veículo. Estava tão quente pelo sol, que a dor subiu em direção ao um ouvido machucado.

O GOSTO METÁLICO DA DOROnde histórias criam vida. Descubra agora