20

3.7K 193 119
                                    

Valentina

- Você vai precisar sair daqui. - A voz de um homem suava ecoada dentro daquela sala branca e de luz forte.

Eu conseguia ver Luiza me encarando com os olhos atentos, ainda que minha visão estivesse muito embaçada. Ela não dava mínima para o que o homem dizia, apenas me encarava atenta. As imagens a minha frente estavam totalmente turvas e pareciam até irreais, mas a presença de Luiza me puxava pra realidade e era como se minha mente me pedisse pra acreditar que nada ali era fruto da minha imaginação.

- Senhorita, por favor! - O homem, trajado com um jaleco largo, disse mais firme, olhando para Luiza que pareceu sair do seu transe, o encarando em seguida. - Você não pode mais ficar aqui.

- Mas por que não? - Indagou indignada. - Eu preciso muito ficar perto dela. - Luiza disse com a voz arrastada, quase que sem forças.

- São protocolos dos hospital, senhorita. - Ele disse simples e muito sério. - Em casos de alterações repentinas no quadro médico, nós precisamos monitorar a paciente e no caso...

Luiza ouvia cada palavra com atenção, mas não parecia sequer cogitar aceitar o que era dito pelo médico. Enquanto eu tentava recompor ainda mais meus sentidos, senti algo estranho em meu braço e olhei para o lado, notando um enfermeiro ali, que alisava a parte interna do meu cotovelo com um algodão úmido.

- Relaxe, tudo bem? - Ele disse com uma voz calma. - Você fará alguns exames e precisará estar anestesiada.

Ele dizia com uma naturalidade extrema, enquanto Luiza ainda rebatia as imposições do médico. Eu assenti com a cabeça, por não pensar em outra saída a não ser aceitar, observando ele aplicar uma injeção em minha veia.

                 Eu estava me esforçando muito pra entender o que acontecia ali. Estava em sala de hospital e, no fundo, era como se eu soubesse o motivo de estar ali, mas a memória ainda era muito confusa em minha mente e isso me fazia ficar ainda mais aflita.

- Quanto tempo isso vai durar? - Luiza perguntou ansiosa.

- Não sabemos... Pode ser rápido ou mais demorado, vai depender...

As palavras do médico começaram a ficar embaralhadas e mais lentas que o normal. Por um momento, eu cogitei que ele pudesse estar passando mal, pois a lentidão das palavras e os movimentos demorados me induziam a pensar isso, mas logo percebi que se tratava de algo bem distante daquilo. Eu estava adormecendo devido a anestesia. Ainda conseguia ver Luiza dizendo algo, dessa vez mais calma, mas não entendia absolutamente nada.

Meus olhos foram fechando e eu me esforçava muito para mantê-los abertos, mas era em vão. Em poucos segundos, eu apaguei completamente.

[...]

                  Eu estava, mais uma vez, lutando contra meu próprio corpo para manter meus olhos abertos. A sensação que eu tinha, por mais louca que fosse, era que estava cega. Arregalava meus olhos com muita força, mas nada ao meu redor estava nítido. Então, eu percebi que se tratava de um quarto escuro. Me senti uma burra, mas logo foquei no fato de como estar deitada naquela cama não me era estranho e tudo naquele lugar me parecia familiar.

Se tratava do meu quarto.

                Pra comprovar de vez minha teoria, bastava eu me virar para o lado e acender o abajur que deveria estar ali, então assim eu o fiz. Todo aquele movimento me fez sentir fortes dores nas costas e eu suspirei aliviada quando senti o gelado do objeto frio que logo passou a iluminar parte daquele quarto grande, pois significava que eu poderia relaxar meus músculos novamente.

NÓS A SÓS | Fanfic Valu - Stupid Wife Onde histórias criam vida. Descubra agora