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Luiza

             Desci aquela escadaria com as pernas trêmulas. Eu não fazia ideia do que faria quando chegasse ao final dela, mas uma coisa era certa: Eu precisava fazer algo. Eu consegui notar que outras pessoas me seguiam e quis xingar todas elas uma por uma, por serem tão curiosos e invasivos. Até onde iria a curiosidade humana? Assistiram a um show de horrores absortos, como se acompanhassem o último capítulo de uma novela das nove. Mas, na real, aquele não era o último capítulo, por mais que eu quisesse muito que fosse - e que tivesse, claro, um final feliz. Quando me virei para checar quem seria, pronta para destilar toda a minha indignação em forma de palavras, me deparei com amigos tão preocupados quanto eu.

Ágatha, Pedro e o amigo de Valentina que, de uma hora para outra, estava por todos os cantos, estavam ali e me olhavam apreensivos. Eu não sabia se eles esperavam que eu tomasse as rédeas da situação ou se só esperavam que eu não desmaiasse ali mesmo.

Eu, provavelmente, estava pálida e num estado de confusão mental bem escancarado.

- Eu preciso ir atrás dela. - Falei convicta, sem carregar a menor dúvida naquela frase. Os três me olharam incertos e depois se entreolharam com o triplo de incerteza.

- Você não faz ideia de onde ela foi, Luiza.  Não dá pra prever por onde eles estão indo. - Ágatha, quando voltou a me encarar, rebateu cética a minha decisão. Aquilo, ainda que bem mais racional, me encheu de raiva. - E também está muito tarde. - O que não deixava de ser uma verdade. Já havia passado da meia noite.

- Sem contar que você não pode ir a lugar algum sozinha. Seu estado é tão preocupante quanto o da Valentina. - O tal amigo de Valentina disse, num tom de preocupação. Nesse momento, nós três olhamos pra ele intrigados. Por mais que ele fosse amigo dela, não fazíamos ideia do quanto podíamos confiar nele, logo, ainda era um estranho opinando sobre minha vida. Ele entendeu do que se tratava nosso estranhamento, então fez questão de se explicar. - Me chamo Roger, trabalho com a Valentina e também sou um amigo dela.

Nós apenas acenamos a cabeça e continuamos num breve silêncio.

- E como eu estava dizendo, não podemos deixar que você vá procurar ela nesse estado. - Apontou pra mim com desdém e eu revirei os olhos fortemente. Olhei para os outros dois procurando por um semblante de apoio, mas, diferente disso, me deparei com algo que parecia mais um complô contra mim.

- Acho que o Roger tem razão. - Ágatha pontoou séria, desviando o olhar de mim. - Seria uma preocupação a mais e eu acho que todos nós concordamos que isso é a última coisa que queremos.

               Suspirei frustada com aquilo e comecei a perder as minhas esperanças, mas lembrei de Pedro e de como seu voto de Minerva poderia me salvar daquele beco sem saída. O encarei atenciosa e vi quando ele engoliu a seco as expectativas que saltavam pelos meus olhos.

- Vou ter que concordar com eles, amiga. - Disse receoso.

- Ah, pelo amor de Deus! - Esbravejei irritada, revezando meu olhar entre eles. - Vocês estão de sacanagem comigo? Viram o estado que ela saiu, sabem que esse Igor é um puta de um louco! - Eu gritava em revolta. Sentia meu corpo inteiro arder de indignação. Não era possível que eu fosse a única que estivesse enxergando a gravidade daquilo. Respirei fundo e decidi ser o mais firme que eu conseguisse. - Olha, não pensem que eu estou pedindo a permissão de vocês ou algo do tipo.

- Do que você tá falando? - Pedro questionou preocupado.

- Eu vou atrás da Valentina e isso não é uma possibilidade, é um fato. Não há nada que mude isso! - Falei sem titubear.

NÓS A SÓS | Fanfic Valu - Stupid Wife Onde histórias criam vida. Descubra agora