Luiza
O fim de semana, depois daquela notícia mais que péssima, foi levado com o máximo de esforço possível para não me deixar abalar. Sabe aqueles momentos em que a nossa existência trava uma batalha árdua entre a razão e a emoção? Eu me encontrava em mais uma fase onde essa luta se fazia presente, para a minha lamentação. Em um ato que, praticamente, assinava e decretava a decadência daquela noite que tínhamos o plano de aproveitar tranquilamente nossa tão esperada paz, eu respondi a mensagem de Caio quase que em um estado de transe. Meus sentidos não pareciam funcionar muito bem e eu até hoje, segunda feira, me pergunto como consegui digitar aquela mensagem que o agradecia e pedi atualizações ao mesmo tempo. Minha mente só havia entendido que era uma atitude necessária e foi fazendo cada passo dela impensadamente.
Acho que foi pura sorte.
Minha mente, por mais que eu tentasse distraí-la com qualquer bobagem para que não me deixasse levar pela sensação de medo que aquela mulher conseguia me causar, me levava para aquele mesmo momento em que eu li o texto de Caio. O que ela pretendia fazer? Sua mente argilosa me dava ânsia de vômito, mas eu ainda não sei se por uma ansiedade incontrolável ou se por eu não conseguir escutar sem nome sem sentir uma repulsa tremenda.
É... Talvez sejam as duas coisas ao mesmo tempo.
Valentina estava convicta que o melhor era esperar. Eu, por mais que tenha cedido naquela noite, passei um bom tempo do final de semana pensando se era realmente uma boa ideia, mas agora vejo que, sendo uma boa ideia ou não, é a única que temos. Infelizmente, me encontro em mais um beco sem saída, onde vejo que, talvez, um certo caminho não seja bom mas, ainda assim, não existe um outro melhor.
Então, decidi confiar ela. Não se tratava de um esforço tremendo. Ela me passava segurança.
Seguindo essa onda de aceitar ideias de Valentina, concordei que seria, sim, uma boa ideia me distrair de algum modo. Ela foi muito prestativa em tentar me entreter de alguns modos e isso, verdadeiramente, funcionou. Entretanto, ela não podia estar comigo o tempo inteiro para tirar meu foco das futuras artimanhas de sua mãe e eu não poderia, em hipótese alguma, entregar esse peso em suas mãos.
Desse modo, decidi que me distrairia de outras formas. Bom, devo dizer que elas não foram tão eficazes. A maior prova disso que é, desde que cheguei ao Centro de Artes nessa segunda feira, não consegui prestar em muitas das coisas que aconteciam ao meu redor. Minha mente ficou, mais tempo do que deveria, analisando se eu deveria ou não contar para Pedro e Ágatha sobre o que estava acontecendo desde que cheguei aqui. Minhas mãos seguravam uma tesoura e cortavam alguns tecidos que seriam utilizados para a montagem da decoração do evento de estreia do curta-metragem de Pedro no final dessa semana.
Enquanto ele falava sobre como funcionou o processo de gravação do curta, minha mente relembrava minha ideia de que a situação com a Marília não deveria envolver mais ninguém, pois tudo que estava associado com essa mulher era algo arriscado. Inevitavelmente, eu me senti culpada. Não só por esconder algo dos meus amigos, mas por sequer estar prestando atenção no que os dois diziam, ainda que eles sempre tenham reservado um momento para, não só ouvir meus desabafos, mas para também quase carregar meus problemas em suas costas quando eu não conseguisse lidar com eles.
Foi assim há seis anos.
Foi assim no aniversário da Ágatha.
E vem sendo assim até hoje.Eu deveria retribuir todo esse cuidado. Acho que, certamente, ser sincera seria o primeiro passo para lapidar ainda mais nossa cumplicidade. Entretanto, eu ainda acredito que não contar nada a eles seja a maneira mais correta de proteger os dois. Eu sei que eles são meus defensores natos, assim como sou deles. Se me contassem da existência de alguém que planeja destruir a carreira de um deles, eu iria atrás dessa pessoa até nas profundezas do inferno. Sendo assim, acho que eles não agiriam diferente. Não quero que eles corram o risco junto comigo.
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NÓS A SÓS | Fanfic Valu - Stupid Wife
RomansaLuiza havia fugido de todos os dramas de sua vida indo morar na Espanha. Seis anos depois, após receber a notícia que abalou toda sua família, ela se vê obrigada a retornar para o Brasil. Infelizmente, o tempo não foi suficiente para matar seus prob...