4

3.1K 239 28
                                    

Luiza

              Caminhei lentamente até a cama, com um sorriso banhado pelas lágrimas insolentes que desciam pelo meu rosto. Eu não conseguia dizer nada ainda, apenas levei minha mão até seu rosto e alisei sua pele que estava um pouco fria, o que me deu receio de continuar tocando.

- Por que choras, pitica? - Ele perguntou genuinamente preocupado.

               Escutar aquele sotaque interiorano e aquele apelido que só ele me chama, foi terapêutico por alguns segundos. Eu precisava falar algo, mas, aparentemente, havia desaprendido a como fazer isso.

- Me diga quem te deixou assim. - Falou sério dessa vez. - Que eu irei caçar. - Eu ri de seu jeito zombeteiro que estava intacto e curvei meu corpo para depositar um beijo em sua testa.

- Estou chorando de felicidade, pai. - Falei ao retornar meu olhar para ele. - Estava com saudades de você.

- Oh, pequena. - Alcançou minhas mãos e apertou elas firme. - Mas não chore não.

- Não é bem como se fosse controlável. - Brinquei e o fiz rir. Boa!

- Enxugue essas aguinhas. - Apontou para minhas lágrimas e eu obedeci. - Agora um sorriso.

- Pai...

- Um sorriso grande, se possível.

- Claro que é possível. - Falei e o obedeci. Abri um sorriso sincero e, como ele pediu, grande. Provavelmente eu estava estranha, mas ele estava satisfeito, então, eu também estava.

- Minha pitica! - Abriu os braços o máximo que pôde para um abraço e eu me encaixei ali dentro. - Você não mudou nadinha.

- Isso é bom?

- Eu acho. - Apertou um pouco mais forte meu corpo e depois me soltou. Ficamos nos olhando cúmplices por uns minutos, até eu decidir quebrar o silêncio.

- Como se sente, pai?

- Agora? Melhor do que nunca. - Disse sorrindo e eu fiz o mesmo, mas logo voltei ao foco da pergunta.

- Como você sente fisicamente...

- Com uns trinta anos a mais. - Admitiu tristonho. - Sinto saudades de jogar tênis com vocês.

                Eu franzi o cenho confusa. Por muito pouco não questionei a ele em que momento nós jogamos tênis em toda nossa vida, mas me mantive calada. O medico havia dito sobre as inverdades que ele contava por conta dos remédios e estava nítido que essa situação tratava-se disso.

- Eu também, pai. - Então eu apenas concordei com ele, irrelutante.

- E você, amor, como está? - Perguntou sorridente e eu arrastei uma poltrona de canto até próxima da cama.

- Estou bem. - Respondi sincera, pois estou assim agora. - Muito feliz por poder te ver e te abraçar.

- Tirou as palavras da minha boca. - Sorriu singelo, mas acabou sendo interrompido por uma tosse que durou alguns segundos. - Desculpe...

- Não precisa se desculpar. - Alisei seu braço com firmeza e me senti horrível ao notar seu olhar envergonhado.

- Prometo melhorar. - Disse sem graça.

- Essa será a única promessa sua que irei cobrar, tá bom? - Perguntei séria e ele confirmou com a cabeça. - Eu não tenho dúvidas de que irá cumprir.

- As vezes nem acredito que consegui criar filhas tão perfeitas. - Ele disse todo orgulhoso e eu, apesar do elogio feito para a outra, não deixei de me sentir bem ouvindo aquilo.

NÓS A SÓS | Fanfic Valu - Stupid Wife Onde histórias criam vida. Descubra agora