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Valentina

- Você me deve muito mais respostas do que eu te devo. - Foi o que a Luiza me respondeu, minutos antes de arrancar o cobertor da minha cama e se dirigir com ele para a sala de estar.

                  Eu quis ir atrás dela, mas não tive coragem, afinal, o que eu faria quando a encontrasse chorando naquele sofá? O que eu poderia dizer a ela que a convencesse de que eu não merecia ser odiada por ela em nenhum momento?

Se é que, de fato, eu não merecesse ser odiada.

                 Eu me tornei a pessoa mais covarde que eu conheço. Eu sei de tudo, sei exatamente o que dizer e exatamente o que fazer, mas me falta a porra da coragem. Eu odeio deixar que a vida dos outros, problema dos outros e as decisões erradas dos outros tenham um impacto tão grande na minha vida, mas quando se passa tanto tempo enfiada nesse caos todo, você só se acostuma a lidar com isso.

                   E eu estava acostumada. Minha vida não estava ruim. Eu e Carol, depois de tanta coisa, estávamos decididas que, dessa vez, seria a última tentativa de fazermos dar certo esse namoro caótico e eu realmente acreditei que agora daria certo. Não o namoro em si, mas algo definitivo ocorreria entre nós, não apenas términos e voltas que só desgastavam mais a gente.

                   Quando descobrimos o câncer do pai da Carol, foi como se aquela casa desabasse, ainda que nenhum grão de terra tenha caído de uma coluna velha. Estávamos todas arrasadas e eu senti, verdadeiramente, as dores da Carol e de sua mãe.

                   As discussões passaram a ser sobre para quem eles contariam a notícia e o nome da Luiza surge na minha frente depois de muito tempo.

E eu senti que meu coração desistiria de mim naquele exato momento.

                    O nome "Luiza" era quase que proibido dentro do meu relacionamento com a Carol, ainda que nós nunca tenhamos combinado isso. Mas, considerando que boa parte das nossas brigas se davam quando Carol surtava por ter certeza que eu ainda amava sua irmã, deixava-se subentendido que o nome Luiza não deveria ser citado.

Entretanto, agora ele estava por todos os cantos.

                Não havia discussão, ela deveria saber e, sobretudo, ela deveria voltar, pelo menos era o que alegava a mãe das meninas.

- Podem deixar que eu ligo e dou a notícia. - Carol disse, três dias antes da tal ligação, decidida.

Um dia antes, também, de Carlos ter uma piora grave.

- Nem pensar. - Rita rebateu ríspida. - Ela jamais voltará desse jeito.

- A preocupação dela deve ser com nosso pai e não com quem deu a notícia. - Carol argumentou indignada e eu concordei com ela, mas mentalmente.

- Isso não é uma boa ideia, filha.

- Mãe, ela vai entender a gravidade da situação, principalmente, se eu falar com ela. - Disse convicta. - Sem contar que, por Deus, fazem seis anos!

                      Esse foi o diálogo que presenciei na sala de estar daquela naquela noite que chovia forte no Rio de Janeiro. E, sim, faziam seis anos. E agora, seis anos depois, ela estava retornando. E, não havia quem rebatesse, a Carol que daria a notícia para ela.

Foram três noites sem dormir.

                     Eu me perguntava como seria quando ela chegasse, se ela falaria comigo ou se eu deveria falar com ela. Me perguntei até se ela ainda me odiava - resposta que me foi dada pelos meu próprio consciente:
É claro que odeia.

NÓS A SÓS | Fanfic Valu - Stupid Wife Onde histórias criam vida. Descubra agora