Milena Lorenzetti é obcecada por futebol, e mais ainda pelo flamengo, seu time de coração desde que ela se entende por gente.
E essa paixão gigantesca fez com que ela colocasse alguns dos jogadores em seu close Friends do Instagram, mesmo tendo a ce...
O jogo começou e eu quase infarto com uma bola que o jogador do time adversário chutou na trave.
O Flamengo ainda vai ser o responsável pelo meu infarto com 23 anos de idade.
O Flamengo pega um contra-ataque e a bola para no pé do Gabriel que tá de frente pro gol.
Ele chuta a bola.
E a porra da bola vai pra Marte.
Vai se fuder.
– Pé torto do caralho!– xingo–te amo mesmo assim.
Sinto um cheiro estranho e olho pro lado, vendo o meu irmão fumando.
Ele é um maconheiro desgraçado.
– Eu já te falei quantas vezes pra não fumar no meu quarto? Pode entupir o cu de maconha, mas no meu quarto não!
– Preciso relaxar– solta a fumaça pro alto.
Reviro os olhos e me levanto indo até a janela, afasto a cortina do flamengo e sinto o vento bater contra meu rosto.
Eu moro a uns minutos da praia, por morar em Angra as pessoas acham que eu vivo em uma mansão com piscina, mas nem piscina eu tenho, muito menos a mansão.
Volto pra cama e começo a roer as unhas.
Eu fico toda me tremendo enquanto assisto jogo, pode ser final ou jogo normal, eu sempre fico nervosa.
– Me dá esse caralho aqui– pego o baseado da mão do Gustavo e dou uma tragada, soltando a fumaça logo em seguida.
Eu nem gosto de maconha, só o cheiro me sufoca, tá vendo o que o flamengo faz na vida de um torcedor?
Dou mais algumas tragadas e quando me sinto calma, devolvo pra ele que dá risada.
E não é que funcionou? Por alguns minutos eu assisto tudo na maior calma possíveis, teve até outra bola que o goleiro pegou, mas eu nem liguei.
Mas no finalzinho do primeiro tempo o Gabriel chuta a bola na rede, e não foi pênalti, ou seja, toda a calmaria que tava no meu corpo se foi e eu comecei a pular feito uma louca pelo meu quarto.
Pego meu celular e consigo a gravar o replay que passou do gol, posto no close friend do Instagram e logo o primeiro tempo se encerra.
Digamos que meu close friends seja repleto de famosos.
Qual é? Eles nunca vão ver, eu só coloco porque sou maluca.
– Caralho, tu revelou mesmo essa porra?– o Gustavo me mostra uma das centenas de fotos coladas na parede.
A foto em questão é um print.
Mas não é qualquer print.
É o print da visualização do gabigol nos meus stories.
Foi no final da libertadores, eu fiz um puta texto, chorei escrevendo ele todo, postei e marquei ele, que viu horas depois e nem respondeu!
Mas pra uma pessoa iludida, uma só visualização basta, e eu chorei quando vi, até imprimi.
– Lógico, foi um dia marcante– dou de ombros e começo a secar meu cabelo.
– Todo dia eu mando mensagem pro Gabigol te notar só de pena.
– Você o que?– desligo o secador.
– Você dorme com a almofada do gabigolzinho, Milena.
– É confortável– dou de ombros e volto a secar meu cabelo.
– Esse cara não tem pau?– ele volta a gritar por causa do barulho e eu olho de olhos arregalados pra ele– tem nenhuma marca no calção.
Mano?
– Sério que você tá reparando nisso?
– Sim, ué, acho que todo mundo olha.
Se ele não trouxesse uma garota diferente por dia aqui pra nossa casa eu até acharia que da fruta que eu gosto ele chupa até as bolas, literalmente.
E o pior é que eu também não vejo nenhum sinal.
Ou ele esconde muito bem ou realmente tem pouquíssima coisa, e pelo bem da minha sanidade mental– que quase nem existe mais– eu prefiro acreditar nessa primeira opção.
Termino de secar o meu cabelo bem na hora que o segundo tempo começa.
Vem aí mais 45 minutos de teste cardíaco. E mais os acréscimos.
Como tem vezes que eu dou uma de narradora, começo a filmar alguns lances e postar para meus amigos verem, eu sei que eles gostam, afinal eu fico surtando.
Se um dos jogadores que estão selecionados verem isso aqui eu certamente serei processada, afinal eu xingo até a outra encarnação deles.
Deixando claro que só os flamenguistas podem xingar os jogadores do flamengo, o resto não!
É até engraçado, eu falo várias coisas deles mas quando vejo alguém falando o mesmo defendo com unhas e dentes, mesmo deles não sabendo da minha existência.
Eu tô cansada de ser fã, na próxima vida quero ser a idolatrada.
– BORA URUGUAIO GOSTOSO– grito quando o Arrascaeta corre com a bola e chuta ela pro fundo do gol– Caralhooooo, muito perfeito, meu Deus, aaaaaaa eu te amo Arrascaaaaa– começo a pular pelo quarto e paro de gravar, postando o vídeo em seguida.
Olho pro meu irmão que tá de boca aberta olhando pra mim e dou de ombros.
Nunca vi assistir jogo deitado na cama igual ele.
Ele é tão calmo...
Aí eu me lembro da maconha que ele brinca de fumar e tudo faz sentido.
Talvez eu devesse fumar com mais frequência, aí lembro do meu pulmão e a vontade passa.
Basta o time adversário fazer um gol pra eu me levantar novamente da cama e começar a puxar meus cabelos e a dar ordem do que eles tem que fazer, mesmo sabendo que ninguém vai me ouvir.
– Eu não aguento mais!–me jogo na cama e meu irmão da risada– porra, Gustavo, faz alguma coisa.
– Só espero que quando eu virar jogador você fiquei assim também.
– Continua fumando que você não aguenta correr por um minuto, besta.
– Nem quero ser jogador mesmo, vou virar traficante.
– Não vou visitar ninguém na cadeia.
Ele só fala merda!
Volto a olhar pra televisão e a câmera da um puta close no Gabriel, ele morde o lábio e em seguida passa a mão no rosto.
– Tá vendo a entrada na testa dele? É em formato da letra M, em homenagem a mim– falo e meu irmão explode numa gargalhada.
Juro que não entendi o motivo da risada.
O resto do jogo foi mais tranquilo, acabou no placar de 2×1 para o flamengo.
Estou satisfeita com a vitória? Muito. Com o jogo? Definitivamente não.
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Quem mais é assim igual a Milena quando está assistindo jogo?