Kisaky

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— Hidan, eu deveria arrancar sua cabeça e deixar na porta do esconderijo para servir ao menos como campainha. — Pain se enfurecia com o platinado em mais uma reunião que tinha semanalmente com cada dupla — Como pôde me contar sobre isso agora?

— Em minha defesa, me disseram que ela havia morrido no dia do nosso nascimento. — o mesmo estava em seu primeiro momento sério de toda sua existência — Me deixe trazê-la para cá, Kisaky será da muita utilidade.

— Está brincando?! Você nem sabe como ela é! Se tiver sua personalidade essa casa se tornará um completo inferno.

— Assumirei a responsabilidade e pagarei por cada ato errado de minha irmã. — seu comentário fez os dois presentes na sala o olharem surpresos — Juro por Jashin.

Pain massageou as têmporas e suspirou, tentando conter a dor pela veia saltada em sua testa. Não confiava em Hidan, mas suas súplicas e a necessidade de mais um membro após a saída de Orochimaru fizeram o chefe da organização ceder ao pedido do imortal.

Hidan pediu para que Kakuzu fosse com ele ao local que a encontrou pela última vez e o mesmo foi relutante ao pedido do parceiro, mas acabou indo para garantir que o mesmo não fizesse merda.

Andaram por horas até chegarem a um riacho. Kakuzu foi estapeado várias vezes por seu colega enquanto apontava para uma moça na beira da água, lavando os longos cabelos ruivos. Franziu o cenho e não entendeu como aquela mulher poderia ser gêmea de Hidan.

— Kisaky! — o Jashinista gritou, fazendo-a virar — Eu consegui o que te prometi, vamos para casa!

A mesma mantinha os olhos fechados e um sorriso meigo, fazendo um sinal com a mão para que se aproximassem. Pegou uma toalha e tirou o excesso de água dos fios, colocando uma venda de ataduras improvisada em seguida.

— Como é bom te encontrar novamente, Hidan. — ela tocou seu rosto com delicadeza — Nunca vou conseguir te agradecer por isso.

— Ficamos separados por muito tempo, o mínimo que podemos fazer é nos ajudar. — um sorriso genuíno brotou em seus lábios — Este ao meu lado é o Kakuzu, meu parceiro.

— O que dominou o Kinjutsu? Ouvi falar muito de você. — acenou com a cabeça.

— Por que usa essa venda? — o mais velho perguntou, sem cerimônias.

— Consegue ser mais indelicado? — foi reprimido por Hidan — Vamos voltar para o esconderijo, explicaremos tudo para Pain. Levo sua foice, irmãzinha.

Kisaky assentiu e segurou o braço do irmão para que mesmo a guiasse pelo caminho. A volta foi aparentemente mais rápida, chegando na hora do jantar na casa.

Todos os membros estavam espalhados pela sala esperando a refeição que era feita por Konan e Itachi. Enquanto os três passavam pela porta principal, os olhares curiosos pesavam sobre eles. Não foi necessário que chegassem até o escritório, o chefe da Akatsuki os parou antes que subissem as escadas.

— O interrogatório pode ser aqui mesmo, se não se importam. — Pain apontou para o sofá de três lugares.

— Perdão, posso me sentar? — a ruiva perguntou e seu irmão a pôs na primeira almofada — Obrigada. — limpou a garganta e começou sua apresentação — Me chamo Kisaky Yogakure, sou a irmã gêmea do Hidan.

— Irmã gêmea? Você só pode estar brincando. — Kisame questionou — Nem digo pela aparência, mas sim pela educação.

Alguns risos escaparam dos membros, fazendo o platinado bufar.

— Bem, continuando... — ela segurou o riso — Eu fui descartada e dada a outra família quando viram que minha visão era precária. Óculos não resolviam, então passei a vida procurando um jutsu médico que me fizesse enxergar normalmente. Nem mesmo Jashin me presenteou com a visão, pois o pacto é apenas para imortalidade. — Kisaky suspirou — Foi então que me tornei uma andarilha de pequenas vilas, onde arrumava comida, abrigo e sacrifícios. Quando soube que todo o clã havia sido morto, busquei pelo motivo e chegou ao meu conhecimento que um Jashinista se revoltou ao saber que sua irmã fora para outra família, sendo deserdada por seu clã.

— E desde antes de ser recrutado, venho procurando Kisaky. — ele mantinha a aparência triste — Nossa mãe gostava bastante de farrear, então somos filhos de pais diferentes, bivitelinos. Como ela não se parecia com meu pai, foi apenas mais um motivo para que ela saísse da vila e os bons costumes fossem mantidos.

— E quais são suas habilidades? — Pain perguntou após todo o discurso.

— Ninja médica, além de jutsus relacionados ao som, minha audição é impecável. — ela virou a cabeça para cima — Vão precisar de uma vassoura, inclusive.

— O que? — o líder perguntou, mas logo foi surpreendido pelo barulho de um copo indo ao chão — Estou surpreso.

— Obrigada. — Kisaky se levantou e colocou uma das mãos para frente — Se eu estiver aceita, posso começar o quanto antes.

Pain apertou a mão da outra, com um sorriso quase imperceptível. Sentaram-se para jantar antes de Konan apresentar os outros para a novata.

— Quer ajuda para comer? — Hidan sentou ao lado da irmã.

— Sou cega, mas ainda tenho mãos, sabia? — um sorriso travesso surgiu em seus lábios — Mas ficarei grata se me servir.

Hidan revirou os olhos e colocou um pouco de yakisoba no prato dela. A mesma lhe agradeceu e ele lavou o prato de ambos.

— Tem um pouco de molho no canto de sua boca. — antes que Kisaky pudesse limpar, seu irmão pegou um guardanapo e passou no local.

Mais uma vez, ela agradeceu e foi guiada até o quarto de Hidan, onde ficaria até que o seu próprio estivesse pronto. Uma hora se passou e a ruiva já estava de banho tomado, com uma camisa e samba canção do irmão, eles conversavam e se conheciam, até serem interrompidos por batidas na porta.

— Posso falar com você, Kisaky? — Konan entrou após Hidan permitir — Vim te dar as opções de esmalte e falar sobre outra coisa também.

— Tem vermelho? Sempre gostei muito, mesmo não conseguindo ver muito bem. Me lembro do quanto gostava da cor nas unhas. — sorriu meiga e a outra se sentou ao seu lado, iniciando a pintura.

— Suas mãos são bonitas, a cor vai ficar perfeita! — ambas pareciam animadas com outra presença feminina na casa — O que quero falar também, é que venho aperfeiçoando minhas habilidades médicas, quero testar em seus olhos pra tentar melhorar sua visão ou deixá-la impecável.

— Konan, se você fizer isso eu te obedeço pelo resto da vida. — Hidan arrancou risos das duas pelo comentário.

— Deixa eu só terminar de pintar aqui e começamos logo,  não tenho missões essa semana, então podemos fazer um tratamento intensivo durante esse tempo. — ela colocou a tampa novamente no esmalte — Pronto, apoie a cabeça nas minhas coxas e tire a venda.

Kisaky assentiu e fez o que ela pediu, revelando os olhos escuros de fundo avermelhado. Aquele tom chamou a atenção dos dois.

— Seu pai deveria ser bonito, essa cor de íris é única. — a de cabelos roxos fitava fixamente a mulher em seu colo — Mas me diga, o que consegue ver?

— Consigo enxergar a claridade da luz do teto, um pouco dos cabelos de vocês também.

— Ótimo, feche os olhos e vamos começar.

Konan passou cerca de duas horas tratando dos olhos de Kisaky, que acabou adormecendo. Iriam perguntar a ela se algo havia mudado, mas deveriam esperar até o dia seguinte para isso.

Seis Corações | KakuzuOnde histórias criam vida. Descubra agora