O Preço Pela Liberdade • SNK

ㅤ━━━ Capítulo 2

Sua mão se forçou a colocar a palma aos olhos, bloqueando parcialmente a luz do sol. Quando sua cabeça se ergueu, seus olhos se fixaram no vasto céu azul, onde algumas nuvens começavam a se formar. Com a mente vagando, as nuvens transformavam-se em um espetáculo de formas e figuras – animais majestosos, objetos inusitados, cenas fantásticas – cada uma desenhada pelo poder da imaginação. Cada olhar revelava um novo quadro, como se o céu fosse uma tela viva e mutável, refletindo os sonhos e pensamentos mais profundos daqueles que olhavam.

— Charlotte, não fique parada aí! — a voz de Emma soou ao seu lado, forçando a loira a virar o rosto para a garota que equilibrava uma vassoura na mão e um balde, enquanto um lenço estava amarrado em sua boca. — Se o capitão chegar e tudo estiver do mesmo jeito, ele vai nos matar!

Charlotte piscou, despertando de seus devaneios com as nuvens, e soltou um suspiro resignado. Com um aceno de cabeça, ela se apressou para ajudar Emma, sentindo a urgência na voz de sua amiga. O trabalho precisava ser feito, e não havia tempo para sonhos e distrações.

Ela caminhou seguindo os passos da sua colega, que reclamava incessantemente durante o percurso sobre odiar fazer trabalhos como aquele – limpeza no QG onde estavam ficando.

— Odeio esses trabalhos! Não dá pra acreditar que estamos aqui, limpando. — Mesmo resmungando, Emma varria o chão apressadamente. Charlotte, ao seu lado, usava um pano, molhando-o na água antes de passá-lo sobre a superfície próxima. — Mas, de acordo com aquele nanico, este lugar é uma imundície. Se não deixarmos tudo brilhando, sem resquícios de poeira, estaremos mortos.

Charlotte apenas assentiu, mantendo o olhar focado no chão. Sua mente vagava, lembrando vagamente dos colegas que havia feito durante o treinamento para se formar. Será que estavam bem?

— Vamos logo com isso — murmurou, ela podia sentir a frustração de Emma, mas sabia que reclamar não mudaria nada. Para Charlotte, era apenas mais uma missão a ser cumprida, mesmo que o campo de batalha fosse um chão sujo ao invés de um campo de guerra.

Sons de passos se aproximando fizeram com que Emma arregalasse os olhos e movesse a vassoura ainda mais rápido, temendo que o capitão tivesse voltado antes do previsto. No entanto, seus ombros relaxaram ao ver Allie e Petra entrarem pela porta principal, segurando alguns sacos que pareciam estar cheios de batatas.

Ela ia sorrir e pular sobre elas, como sempre fazia, mas ao ver que seus pés estavam sujos de lama, gritou e jogou a vassoura em direção a Allie, que teve que desviar rapidamente.

— Tá louca!?

— Eu acabei de limpar! Vocês estão sujando tudo com esses pés de lama! — A ruiva caiu no chão dramaticamente, levando as mãos aos cabelos e puxando-os de leve. — Eu não aguento mais!

Allie e Petra se entreolharam e começaram a rir antes de retirarem suas botas e deixá-las do lado de fora.

— Desculpa, Emma. Não vimos que vocês já tinham terminado — se desculpou Petra, ainda sorrindo. Ela carregava o saco com dificuldade, quase se curvando devido à sua estatura baixa e magra, diferente de Allie que era extremamente alta e forte, carregando com facilidade.

— Sim, vamos ser mais cuidadosas. Trouxemos batatas para o almoço — acrescentou Allie, balançando os sacos como prova.

Petra sempre parecia um pouco frágil diante das tarefas mais pesadas, mas sua determinação e disposição eram inegáveis. Por outro lado, Allie parecia feita para lidar com qualquer desafio físico, sua postura confiante e musculatura evidenciando sua força.