ㅤ━━━ Capítulo 5

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Então você não sabe o que desenhar? — Um homem de cabelos negros e olhos escuros perguntou para a garotinha de cabelos loiros bagunçados que o encarava seriamente. Ela parecia perdida em seus pensamentos, como se o mundo das cores e formas ainda fosse desconhecido para ela.

Charlotte apenas tombou a cabeça para o lado, seus cabelos desalinhados caindo sobre o ombro. Sua expressão era de curiosidade misturada com confusão.
— O que é desenhar? — perguntou ela, com uma voz suave carregada de inocência.

O homem sorriu gentilmente e se acomodou sobre o gramado verde, retirando da mala que carregava um papel e um lápis.

— Desenhar é basicamente uma composição constituída por linhas, pontos e formas — explicou ele, enquanto desenhava no papel que estava sob a mala, servindo de mesa improvisada. Charlotte observava atentamente, absorvendo cada movimento e traço. — Há desenhos simples em que é empregada pouca técnica e outros mais sofisticados. Veja só.

Ele mostrou o papel para Charlotte, revelando um sol sorridente desenhado ali.

— Você quer tentar? — perguntou, oferecendo o lápis para ela.

Charlotte assentiu e se sentou no chão, colocando o papel sobre a mala como apoio. No entanto, ao pegar o lápis, teve muita dificuldade para controlá-lo devido à falta de prática.

Ao finalizar o desenho, Charlotte levantou a folha para que o homem pudesse ver. Ele sorriu, soltando uma leve risada ao notar que ela havia tentado reproduzir o mesmo sol, embora o dela estivesse mais tremido.

— Muito bem, Charlotte! — Elogiou o homem, afagando os cabelos da menina. Mesmo com seu olhar sério, era evidente que ela estava feliz por ter tentado e recebido aprovação.

Charlotte cruzou as pernas no chão e olhou para o homem sentado à sua frente encostado na árvore. Ela levou os dois braços até sua boca e ergueu os dois dedos indicadores, tentando formar um sorriso.

— É assim que se sorri, senhor Luke? — perguntou, buscando orientação e entendimento.

Luke sorriu suavemente e respondeu: — Você vai aprender a sorrir aos poucos, quando estiver realmente feliz.

— E quando eu vou estar... feliz? — perguntou Charlotte, revelando uma inocência tocante em sua expressão.

— Você saberá, Charlotte — disse, levantando-se do gramado. Ele sabia que aquela inocência preciosa ainda teria muitas experiências pela frente. — O tio agora tem que ir para o trabalho, ou eu serei demitido. Amanhã nos vemos de novo, aí eu te ensinarei a ler. Até amanhã, Charlotte.

— Até amanhã.

Enquanto Luke se afastava, Charlotte continuou sentada sobre o gramado, observando o homem amigável que desapareceu pelo campo que levava à cidade. Ao se levantar para voltar, pôde ver seu irmão mais velho aparecer e vir em sua direção com uma expressão nada amigável.

— Você está de novo aqui, Charlotte? — questionou o garoto de cabelos loiros, sinalizando para ela se levantar. Ela se pôs de pé imediatamente e foi em sua direção. — Vamos, os nossos superiores estão te esperando. E corte esse cabelo, está muito comprido.

Sim, senhor…

Ao abrir os olhos lentamente, sua visão foi invadida pela intensa claridade que entrava pela janela, causando-lhe um desconforto momentâneo. Seu corpo se curvou com dificuldade para se levantar, uma dor aguda latejando em sua região abdominal. Um gemido involuntário escapou de seus lábios enquanto tentava se recompor. Aquela ferida parecia demorar a cicatrizar, prolongando seu desconforto físico.

O Preço Pela Liberdade • SNKOnde histórias criam vida. Descubra agora