Y consuriwr

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Genevieve estava sentada numa cadeira metálica fria e desconfortável, a sala era pequena, quadrada com uma única porta de saída, porta essa que se parecia mais com um portão contra incêndios, e uma das paredes era espelhada. A sua frente sentava-se uma mulher alta, cabelos louros e olhos azuis, as mãos grandes seguravam uma pasta com muitas laudas e ao lado repousava uma caneca fumegante.

— Deixa eu ver se entendi... Você estava sendo agredida pelo seu marido, de repente um relâmpago a cegou e um trovão a ensurdeceu, quando voltou a si ele estava caído no andar de baixo. Correto?

— É... Quer dizer, não foi um relâmpago. Eu disse um clarão e um som alto. Mas foi isso.

— Senhora Ladd, sabe o quanto isso parece fantasioso, não é? A sua situação é complicada, a senhora é a peça central de dois crimes no mesmo dia.

— Eu sei, mas...mas... O garoto me atacou, ele ia me sufocar, foi legítima defesa podem consultar as câmeras.

— Nós o fizemos. Lamento, mas nenhuma câmera daquele setor estava funcionando no momento.

— Isso não é possível. Estão querendo me incriminar. Olha, meu marido deixou marcas em mim, podem ver, fizeram exames.

— Eu estou com os exames aqui. As marcas realmente foram infligidas por ele, tem a digital dele nos locais marcados, mas isso não a inocenta. Recomendo que consiga um bom advogado, Senhora Ladd.

Genevieve estendeu os braços sobre a mesa metálica e encostou a testa na superfície frígida. Ela tentava entender como sua vida havia desmoronado em apenas algumas horas, não conseguia entender como aqueles eventos haviam se desenrolado e principalmente; como a tesoura que ela havia guardado na gaveta estava sobre a mesa da escola momentos depois dela ter guardado tudo o que estava sobre ela.

Ela ligou para o advogado da família, mas ele negou-se a defendê-la. Ela sabia que a família do marido estava envolvida, já havia começado mover as peças sobre o tabuleiro para encurralá-la e realizarem o desejo que sempre expressavam em reuniões familiares; destituí-la dos bens de Cian. Ela ligou então para um colega de trabalho que lecionava direito, ele atendeu ao seu chamado e tão rápido colocou os pés na delegacia, fez com que a liberassem.

Algumas horas mais tarde, ciente de que não poderia deixar a cidade, ela foi até o hospital onde o marido estava internado. Informação conseguida através de ligações cruzadas, pois a família de Cian apenas atacava-a e não diziam nada sobre ele.

Ao chegar ao quarto deparou-se com um médico saindo e o abordou.

— Doutor, ele é meu marido. — O médico comprimiu os lábios e olhou para o quarto, encostou a prancheta no peito e meneou com a cabeça. — Qual é o estado dele?

— Senhora Ladd, eu recebi uma orientação para bloquear seu acesso ao paciente e para não dizer nada sobre isso...mas, tratando-se de quem se trata, eu sei que isso deve ser um tipo de intriga por motivos financeiros, então... Bem, eu diria que ele não está nada bem. Por enquanto está estável e voltou a respirar sozinho, mas provavelmente ficará tetraplégico.

Genevieve levou as mãos à face e rebentou-se a chorar, algo dentro dela doía sem explicação plausível. Ela sabia que não havia feito nada de mal, no entanto, uma sombra repleta de medo, pavor e horror se agigantam sobre suas costas.

O médico colocou a mão em seu ombro e apertou levemente, quando ela o olhou, ele já partia pelo corredor. E ela sabia que não poderia ficar ali, pois a família de Cian chegaria em breve e formaria uma cena escandalosa no lugar.

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A noite foi longa, ela não conseguia dormir, sempre acordava assustada procurando alguém ao seu redor. Era constantemente assombrada pelo recorrente sonho no qual ela estava vestindo um conjunto sensual de couro e amarrada com técnicas de Bondage.

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