1. Lexa

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Gente, eu pretendia postar ontem mas não deu certo. Peço desculpas. Vou fazer assim: hoje sai o primeiro capítulo e amanhã o segundo. Mas assim como Em pedaços vou atualizar toda quarta e sexta, ok? Eu não revisei, então pode conter alguns erros. Essa história é muito incrível, vale a pena cada capítulo. Todos os direitos reservados a Helena Hunting!

Boa leitura <3

...

Minha cabeça doía. Uma noite mal dormida pra caramba tinha transformado o que era levemente irritante em insuportável. Entre os bandos de calouros que passavam pelo estúdio nos últimos tempos e a garota que estava na minha cadeira naquele momento, para mim, não dava mais.

Massageei a têmpora para aliviar as marteladas chatas que tinham surgido ao longo do dia. Mais dez minutos e eu terminaria o desenho se conseguisse manter a concentração. Era uma batalha que eu estava com dificuldades para vencer, pois estava preocupada. Depois que finalizasse a tatuagem de unicórnio, não teria nenhuma outra sessão marcada e ainda restaria mais de uma hora até fecharmos. Se eu desse azar, ficaria presa ali com outro desses pirralhos universitários que não marcam horário e querem um personagem de desenho estampado na pele.

Eu preferia terminar com a minha cliente para poder dar um pulo no outro lado da rua no sebo e café da minha tia Indra. Escapadinhas para um café no Serendipity haviam se tornado meu passatempo preferido nas últimas quatro semanas, desde que Indra tinha contratado a menina nova. Ela era a razão por eu estar tão distraída. Não a tinha visto nos últimos cinco dias, mesmo com o aumento do meu consumo de cafeína, e estava tentando dar um jeito nisso o mais depressa possível.

Passei um pano úmido sobre a tinta fresca. A garota na minha cadeira estava relativamente quieta desde que comecei a esboçar o contorno, o que era ótimo. Eu não estava com paciência para papo furado. Então me concentrei no barulho da máquina de tatuar. Aquele som nunca me incomodava. Era calmante, como uma boa música.

Eram os outros ruídos que enchiam o saco: as conversinhas idiotas dos adolescentes, o bater de um pé nervoso no chão de madeira, e, na TV, o zumbido alto de um repórter que tagarelava as desgraças do dia. O timbre nasal da voz dele me irritava pra cacete. Mesmo assim, eu não conseguia parar de ouvir, seduzida pelo desejo de saber que a vida de outras pessoas estava pior do que a minha.

- Dá para abaixar o volume? - pedi a Harper, nossa contadora e colocadora de piercings.

- Já vai. - Ela me dispensou com um aceno, mas pegou o controle remoto.

Os outros artistas do estúdio também estavam trabalhando concentradíssimos nos clientes. Eu parecia ser a única com dificuldade de atenção. O sino da porta tilintou, me salvando de ficar ainda mais irritada. Harper mudou o rádio de estação e batidas pesadas de rock tomaram conta do lugar, o baixo fazendo o chão vibrar. Então ela colocou o rádio em um volume aceitável.

Parei e dei uma olhada para a porta, rezando para que não fosse outra universitária sem sal querendo dar uma de rebelde. O próximo cliente seria meu. Desse jeito eu jamais conseguiria ir ao Serendipity antes de fechar.

Qualquer preocupação potencial evaporou assim que eu vi a nova funcionária de Indra. Ela estava segurando uma pilha de livros na altura do peito, como um escudo, os cabelos longos esvoaçando ao redor do rosto. Seus olhos desviaram quando ela percebeu que eu estava olhando.

O nome dela era Clarke. Eu sabia não porque fomos formalmente apresentadas - embora eu tenha falado com ela algumas vezes -, mas porque Indra compartilhou essa informação comigo quando pedi. Como uma verdadeira fonte de informações, Indra também me contou que Clarke era de Arden Hills, em Minnesota, e que estava fazendo mestrado na Universidade Northwestern. Mas ela não agia como uma daquelas esnobes sabe-tudo típicas das universidades grandes. Parecia bastante pé no chão, pelo pouco que tínhamos conversado. O que, verdade seja dita, não era lá muita coisa.

À Flor da Pele (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora