8. Lexa

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Clarke e Harper ficaram uma eternidade na sala de piercings. Eu ficaria irritada se elas comessem todos aqueles cupcakes, mas não ia deixar barato para a Harper. Ela devoraria a caixa inteira só para me provocar, mesmo que passasse mal.

Quanto mais tempo eu ficava sentada ali esperando, mais eu percebia como tinha sido uma grande babaca. Tinha me esfregado de pau duro sem querer em Clarke duas vezes, beijei-a sem permissão de novo — mesmo que apenas na mão — e depois tentei atacá-la por causa de cupcakes.

Combati o remorso pensando em todas as opções de piercings que Clarke podia ou não estar colocando. As duas saíram da sala sussurrando entre si, e Clarke teve uma crise de riso. Era a primeira vez que eu a ouvia rir. Era bonitinho. Não me surpreendi quando outra parte do meu corpo também reagiu. Eu queria saber por que aquela garota tinha um impacto físico tão radical sobre mim. Nunca tinha experimentado um nível de atração comparável ao que eu sentia por Clarke. Era angustiante. Eu detestava não estar no controle; ia contra tudo o que eu sabia.

Desde que coloquei minha vida de volta nos trilhos e a gente abriu o Inked Armor, eu mantinha uma ordem e uma organização rigorosas. Tinha sistemas e planos e maneiras de existir que não incluíam molhar a calcinha nem uma total falta de tato toda vez que uma garota aparecia. Quando elas se aproximaram, notei que a caixa ainda estava em segurança debaixo do braço de Clarke. Harper pegou com delicadeza a balinha em forma de caveira e ossinhos de cima do cupcake que ela estava segurando e a jogou na boca. Nenhuma das duas olhou na minha direção. Legal. Eu estava sendo ignorada.

Jasper bateu no balcão.

— E aí? Mais um furo?

Clarke pousou a caixa e eu fiquei de olho, me questionando internamente sobre se provocaria uma pequena confusão enquanto ela estava ocupada exibindo o novo piercing. Aí ela enrolou os cabelos com

as mãos e puxou-os para cima em um rabo de cavalo, expondo a extensão sedosa de seu pescoço. Os cupcakes não importavam mais. Meu cérebro se desligou, funcionando apenas nos níveis mais básicos.

Queria minha boca na pele dela. Queria beijar, lamber, chupar, morder. E não necessariamente nessa ordem. Era como se meu corpo soubesse do que precisava e meu cérebro estivesse se esforçando para acompanhá-lo.

— Belo transversal — elogiou Jasper, sorrindo. — Lexa, você deveria dar uma olhada.

Eu sugeri e ela fez. Clarke soltou os cabelos e se virou. Então, ofereceu um cupcake a Jasper. Era óbvio que ela estava se vingando de mim. Eu odiava Jasper naquele momento.

Monty se aproximou do balcão, abraçou Harper por trás e também pegou um bolinho. Eu fiquei que nem uma idiota no meu canto, tentando descobrir como me inserir no grupinho. Toda aquela situação era impagável. Clarke tinha ido me mostrar o desenho dela, até me levou comida. Os cupcakes foram confiscados e o desenho ainda não havia sido revelado.

— Ah, quem diria, só sobrou um. — Clarke exalava uma inocência melosa enquanto colocava a mão dentro da caixa e pegava o último pedaço de paraíso com cobertura.

Ela o segurou como se fosse uma droga de um oráculo, girando-o para lá e para cá. Enfiou o dedo na cobertura grossa e cremosa, uma maravilha de puro açúcar, manteiga e baunilha. Um sorriso surgiu lentamente naqueles lábios carnudos quando ela enfim olhou na minha direção. Ela abriu a boca, colocou a ponta do dedo cheia de cobertura na boca e o chupou. Foi fálico pra caralho. Perdi a capacidade de engolir ao ver suas bochechas se contraírem.

— Hum... — As pálpebras de Clarke se fecharam. Ela retirou o dedo da boca com um barulho molhado. — Isso está uma delícia.

Atravessei a sala voando e avancei sobre ela. Não sabia se estava excitada ou puta ou uma combinação dos dois. Ali estava aquela garota que eu não conseguia entender, me provocando com bolinhos.

À Flor da Pele (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora