12. Lexa

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Já sei que vocês vão amar esse capítulo e querer me matar no final pra postar o próximo logo rs

...

Merda.

Não era para ter saído daquele jeito, como se fosse uma proposta. Mas, pelo amor de Deus, eu sou humana. Tinha passado a última hora tatuando um minicupcake bonitinho a não mais que cinco centímetros do lugar onde eu queria enfiar a cara. Eu estava muito ferrada. Jamais conseguiria passar vinte horas, ou até mais, em sessões com Clarke seminua na cadeira sem me render. Minha determinação tinha evaporado feito álcool naquela última hora.

O menor prazo que eu previa para fazer a tatuagem das costas era pouco mais de dois meses. Na melhor das hipóteses.

Protegida pela pasta de Clarke, acompanhei-a para fora da sala privativa e de volta à minha mesa. Se eu ficasse mais um segundo sozinha com ela, corria o risco de pôr em prática as coisas que estavam passando pela minha cabeça. Em especial as relacionadas ao que eu encontraria debaixo da calcinha dela. Clarke se sentou enquanto eu pegava o esboço. Passei um tempo absurdo trabalhando nele nos últimos dias. Dei mais profundidade às asas para enfatizar a iridescência e fazê-las parecer mais frágeis. Consegui preservar os detalhes do fogo usando apenas as cores mais vibrantes — um contraste forte com as asas destruídas. Esperei pela reação dela.

Clarke cobriu a boca com a mão e piscou várias vezes. Quando soltou a respiração, tremeu. As linhas delicadas de seu rosto se transformaram em algo estranho, desprovido de qualquer emoção. Ela havia odiado.

— Fiz outras opções — disse, pronto para arquivar o esboço e pegar outro. Tinha outras três versões. Clarke colocou a mão sobre a minha.

— Está perfeito. Melhor do que eu imaginava. — A angústia marcava suas palavras como dentes afiados. — Quando a gente pode começar?

O que quer que tivesse acontecido com ela devia ter sido muito ruim, porque Clarke estava pronta, mais do que eu supus, para tatuar aquele desenho na pele.

— Quero ver como a nova tatuagem cicatriza. Aí eu vou ter uma ideia melhor do intervalo entre as sessões.

Eu tinha certeza de que, se eu dissesse que começaria naquela mesma hora e trabalharia por vinte horas seguidas desde que tivesse um soro intravenoso de café, ela concordaria.

— Isso quer dizer que eu vou ter que esperar duas semanas?

Ela retraiu a mão e começou a morder uma das unhas já bastante roídas. Elas não estavam tão ruins assim na semana anterior.

— Mais ou menos isso. Seja como for, não vou desistir, se essa é a sua preocupação.

— Promete? — sussurrou Clarke.

— Olha, vou checar a tatuagem nova em um ou dois dias para ver como está cicatrizando — garanti. — Se o progresso for bom, podemos tentar agendar uma sessão para daqui a, tipo, uma semana e meia?

— Você pode checar dia sim, dia não? — perguntou ela.

— Claro. Todos os dias em que você for trabalhar, se quiser — respondi, quase me arrependendo. Eu veria a calcinha de Clarke vezes demais nos meses seguintes.

— Ok.

Aquilo pareceu acalmá-la. Clarke passou o dedo nos contornos do desenho enquanto eu folheava a agenda, procurando um bom horário para encaixá-la. Harper apareceu do nada, espiando por cima do meu ombro.

— Você tem um horário livre na terça à noite — sugeriu ela.

— Isso mal dá uma semana.

— Talvez Clarke cicatrize rápido — encorajou ela, com um sorriso sereno. Não me convenceu. — Também tem uma janela na quinta à noite, se você achar melhor — avisou. — Vou colocar na agenda principal. Se ainda não tiver cicatrizado tão bem quanto você gostaria, pode adiar a sessão.

À Flor da Pele (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora