30. Clarke

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Nos dias seguintes, Lexa foi hiperatenciosa. Pedia permissão até para me beijar, como se eu pudesse mudar de ideia e não querer mais o carinho dela. Na sexta à noite, nos aconchegamos no sofá. AG estava enrolada na nuca dela como uma estola. Ela fingia estar vendo TV enquanto eu pintava as unhas da mão de dourado cintilante. Uma movimentação no corredor desviou a atenção de Lexa do noticiário.

— É o Jasper? — perguntou ela, perplexa.

— Raven finalmente concordou em sair com ele.

Uma risadinha feminina veio do corredor, seguida pelo som abafado de uma porta abrindo e se fechando. O encontro devia ter sido bom. Eu com certeza descobriria os detalhes no dia seguinte.

— É sério?

— Aham. Acho que ele a levou para tomar um drinque. — Arregalei os olhos, fingindo confabular. — Talvez, na próxima, eles até comam alguma coisa.

— Não acredito que ele não me contou. — Lexa brincou com os piercings do lábio. — A gente devia fazer isso de novo. Eu gostei de levar você ao museu.

— Seria ótimo.

— Acho que não tenho nenhum cliente amanhã à noite. Talvez eu possa levar você para jantar, o que acha?

Ela tirou AG dos ombros, e as unhas dela se agarraram à camisa. Ela miou quando ela a tirou de lá e a colocou no braço do sofá.

— Você está me convidando para sair?

Ela piscou.

— Ahn, sim?

— Eu adoraria.

Senti um frio no estômago. Apesar de termos dado uns amassos depois que conversamos, não havíamos ido muito longe. Lexa estava supercontida aqueles dias. Talvez o encontro mudasse isso.

— Legal.

— Sabe — falei —, se você fizer eu me divertir, pode ser que a gente dê uns amassos no carro depois.

Os olhos dela brilharam. Cobrindo meu corpo com o seu, ela traçou uma linha de beijos do meu esterno à minha boca.

— Vou mostrar para você o que é se divertir.

Lexa saiu no meio da tarde de domingo e voltou duas horas depois. Em vez de entrar, bateu na porta. Eu a abri e a encontrei balançando para a frente e para trás, com as mãos nas costas. Os olhos dela passearam do meu rosto até meus dedos dos pés. Então ela fez o caminho contrário e, devagar, seu olhar encontrou o meu de novo.

— Você está gostosa pra caralho — soltou ela, depois fez uma careta. — Desculpe. Trouxe isso para você. — Ela mostrou um buquê de flores que estava escondendo. O nervosismo dela era fofo.

Cheirei as flores delicadas.

— Vou colocar na água antes de irmos.

Fui procurar um vaso enquanto AG cheirava as flores. A gatinha ficou dando patadas nelas enquanto eu as organizava. Lexa pegou um raminho do buquê e o girou por cima da cabeça de AG para mantê-la entretida.

— São lindas.

— Que bom que você gostou.

Com um sorriso discreto, Lexa passou o dedo por uma frágil pétala branca. Dei um beijo no rosto dela.

— Gosto disso também — falei, contornando os botões da camisa cinza-escura. Ela estava usando uma calça preta e um blazer preto. Parecia o perigo personificado, mesmo que os únicos sinais de rebeldia fossem os piercings e o cabelo.

— De eu levar você para sair ou da minha camisa? — Ela observou meus dedos circularem cada botão do peito para baixo.

— Os dois.

À Flor da Pele (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora