O espadachim e a floresta

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No meio da manhã eu decidi que precisava ir até a floresta colher frutas e cogumelos para preparar minhas refeições. Troquei de roupa, calcei minhas botas e peguei minha cesta de vime.

- Você vem, Pirata? Chamei meu gato preto. Ele tem esse nome pois o encontrei ferido, quando era apenas um filhote. Algum ser humano cruel o feriu muito sob o pretexto de que gatos pretos causam o mal e são envolvidos com as trevas, deixando-o para morrer no chão frio. Cuidei dele, mas infelizmente acabou perdendo a visão do olho esquerdo. Isso não o impede, é claro de olhar tudo com ar superior. Ele sabe que é melhor que nós, meros humanos.

Pirata mia satisfeito e salta elegante, da poltrona, para me acompanhar até a porta.
Caminho tranquila pela trilha, conheço cada lugar dessa floresta. Cada árvore, flor, e animal que vive aqui. Sei, por exemplo, onde as fadas vivem, e onde fazem seus círculos mágicos. Vou colhendo frutas e cogumelos pelo caminho, deixei também amoras para as fadas. Pirata me acompanha, as vezes se distraindo com algum esquilo ou lebre, correndo atrás das borboletas e brincando com elas.
- Desse jeito você perde sua pose de mau, Pirata. Nem parece o gato de uma feiticeira. Eu digo, divertida.
Pirata apenas me olha em desaprovação. Não pense que os gatos não nos compreendem. Eles escolhem nos ignorar.

De repente eu me vejo obrigada a parar, pois vejo, caído em meio as árvores, um homem ferido. O coitado estava deitado de bruços na relva. Abaixei deixando minha cesta no chão e me aproximei com cuidado dele. Era um homem jovem, muito forte, de cabelos verdes. Portava uma espada. Estava ferido e desacordado. Parei um pouco, me sentando ao lado dele para pensar em como tirá-lo dali. É óbvio que não o deixaria jogado ali para sangrar até a morte.
- Como faço pra tira-lo daqui, Pirata?
- Miau.
- Mas ele é muito pesado!
-Miau...
- Tem razão...

Me levantei correndo e fui até minha casa de novo. Pirata ficou ao lado do homem. Peguei uma esteira de palha e voltei até a trilha. Com dificuldade eu arrastei o rapaz ferido e o deitei tão delicadamente quanto eu consegui, na esteira. Executei um feitiço de levitação e segurando em uma extremidade da esteira, levei o rapaz ferido até minha casa. Precisava examinar com atenção para curar suas feridas e tentar fazer com que ele despertasse, pode haver alguém procurando por ele.

Corri até o banheiro e lavei minhas mãos, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo baixo. Não usarei o feitiço de cura com ele, não parece necessário. Voltei a sala onde ele estava e me abaixei para examinar.

Estava pálido, havia um corte em sua boca, também um corte profundo em seu ombro. Podia ver o sangue manchando sua camiseta branca. Com cuidado levantei a camiseta e vi que havia diversos hematomas no abdômen. Limpei todos eles e fiz curativos com pasta de ervas. Fiz compressas para dor e aguardei que ele acordasse.
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O dia passou depressa, eu sempre verificava como o espadachim estava, quando anoiteceu, fui pra cozinha fazer o jantar, tinha esperanças de que acordasse para comer. Pirata decidiu que o melhor lugar para sua soneca eram as pernas do rapaz ferido. Não pude impedi-lo, embora reprove sua atitude.

Decidi fazer lamén de porco e sopa de legumes. Vovó sempre diz que sopa é o melhor remédio pra qualquer moléstia. Estava tranquila picando os vegetais na mesa, quando escuto xingamentos e miados assustados de meu gato.
- SAI BICHO!
- MIAUUU

de repente, um baque e barulho de algo caindo no chão. Levanto apressada e vou até a sala
- Está tudo bem aqui? Que bom que já acordou.
Pirata passa por mim, indignado
- Quem é você e onde eu estou?
O rapaz tenta se sentar com dificuldade, nunca deixa de me observar. Me aproximo com cautela, e o vejo cerrar a mandíbula.
- Acalme-se por favor, não te causarei mal. Te encontrei ferido e desacordado na floresta, hoje pela manhã. Trouxe você até aqui e cuidei de seus ferimentos. Me deixe te ajudar a levantar. Você deve estar com fome também.
- Hum.
Ele estava desconfiado, é compreensível.
- Eu posso estar ferido, mas não tente me atacar, eu ainda posso te matar.
- Seria no mínimo curioso salvar sua vida para te matar depois, não acha?

Touché. Ele ficou sem resposta. Estendi meu braço pra que ele se apoiasse, relutante aceitou. Caminhamos devagar até a cozinha e eu ajudei a se sentar.
- Você precisa se hidratar primeiro, por favor beba um pouco de água. Ofereci um copo a ele, que bebeu e em seguida pegou mais um.
-obrigado.
- não precisa me agradecer.
- Qual seu nome?
- Sou Saori Hime, você é?
- Roronoa Zoro.
- É um prazer conhecer você. Devem estar te procurando, não?
- Provavelmente. Eu me perdi de meus companheiros enquanto procurava lenha.
- Alguém te atacou na floresta? Há muitos animais selvagens por aqui, lobos e ursos.
- um bando de malucos, gritando insanidades sobre uma bruxa da floresta, disseram que eu estava conspirando com ela para a destruição da vila. Não mato gente doida, a loucura é castigo suficiente. Mas não tive chance, eram muitos e eu estava andando a muito tempo, sem água ou comida.

Conforme ele falava, a cor sumia de meu rosto. Ele foi atacado por moradores da vila, que estavam procurando minha casa. Céus, que desastre.
- Ei, você está bem?
- Eu sinto muito, eles te atacaram por minha culpa, eu sinto muito!
- O que?
- Eu sou a bruxa, eles estão procurando minha casa. Eu a ocultei com um feitiço. Desde então estão atrás de mim.
- Você é uma bruxa?
- Sim.
- Por isso pôde me curar?
- De certa forma, sim.
Abaixei os olhos pra mesa, levemente constrangida com a situação. Zoro foi atacado por minha causa. Decidi mudar de assunto.
-Bom, vamos comer. Você precisa se alimentar.

Jantamos em um silêncio confortável. Zoro realmente estava com fome, inclusive repetiu o prato.
- Você disse que ocultou a casa com um feitiço...
- Eu precisei fazer isso pra minha própria segurança. As pessoas daqui não são muito receptivas nem compreensivas com o que é diferente deles. Felizmente, não ficarei muito tempo aqui. Eu saio de casa apenas quando é necessário, uso as trilhas da floresta, fico longe da vila. Evito encontrar pessoas.
- Parece solitário.
- É um pouco sim, mas tenho a companhia do Pirata.
Sorri ao olhar meu gato, ainda ofendido com Zoro, se mantendo distante, do outro lado da cozinha.
- Pirata?
Zoro questiona com um olhar incrédulo.- escolha engraçada de nome.
- Ele nunca reclamou. Bem, ele está comigo a muito tempo então não me sinto tão sozinha assim. Em algumas noites, sinto falta de minha família. Mas ainda não posso voltar pra casa.

Ficamos em um silêncio outra vez, não havia muito a dizer. Éramos dois estranhos imersos em pensamentos. Alguns minutos depois, quebrei o silêncio:
- Tirarei o feitiço de ocultação amanhã cedo, para que seus amigos possam te encontrar. Ainda não acho seguro que você ande por aqui nessas condições, mas eu posso procurá-los.
- Você não precisa se incomodar com isso, já me ajudou muito.
- Não, por favor. Eu faço questão. Só te feriram porque estavam atrás de mim.
- Não é perigoso pra você retirar o feitiço?
- Acredito que será rápido. Não dará tempo de alguém me encontrar.
- Se você diz...
- Vai dar tudo certo.
Sorri, tranquila.

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Vocês já viram um círculo de fada?

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Cozinheiro E Bruxa - One Piece FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora