Capitulo 11

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Não sabia o que esperar quando aceitei namorar o Nero. Confesso que por ser meu primeiro namoro, não sabia como agir ou o que esperar. Ele por sua vez parecia satisfeito em estar comigo. Sempre que podíamos lanchávamos juntos na escola ou nos encontrávamos nos intervalos entre as aulas. Quando não estávamos na escola, passávamos nosso tempo juntos. Apenas isso, juntos.
Estar com ele era reconfortante. Seu sorriso sempre me fazia sentir-me bem, o desconforto de estar próximo a ele nunca passava porem era uma sensação mista ao desejo que tinha de estar sempre com ele.
Ele sempre procurava saber coisas sobre mim. Como quais lugares eu ia quando criança ou coisas que gostava de fazer antes de conhecê-lo. Sempre me perguntava como havia sido minha vida e tentava me alegrar quando a nostalgia tomava conta de mim e eu chorava de saudade.
Realmente eu sabia pouco sobre ele. Não me contava muito sobre si e evitava coisas relacionadas a seu passado. Mesmo tento adquirido algumas memorais, o bastante para entendê-lo, saber como era ser um Gênese ainda me deixava intrigada. Já tínhamos cinco meses juntos e ainda havia assuntos que evitávamos tocar.
Quase todas as noites ele ia me visitar, fazia-me companhia. Laviniah tornara-se uma boa amiga assim como Jessica e sempre que podíamos estávamos juntas. O que eram apenas duas se tornou três. Jessica adorava falar de rapazes e Laviniah era especialista nos assuntos.
Era uma noite de sábado quando estávamos juntas vendo filmes de terror, Nero não pode ir, pois disse que tinha um amigo para visitar. Eu quis ir, mas ele por sua vez recusou dizendo que não era hora de conhecê-lo.
- Ainda esta chateada por que o Nero saiu?
Perguntou Jessica.
- Não é isso. tentava me justificar E que me acostumei com a presença dele.
As meninas caíram na risada, talvez eu estivesse mesmo sendo grudenta. Mas era bom estar com ele.
O filme que víamos era de terror. Eu e Jessica tremíamos de medo. Laviniah estava tranquila, também o que podíamos esperar de uma meio-demônio. O filme entrou nos comerciais enquanto as meninas levantaram para pegar mais pipoca uma noticia apareceu na tela como urgente.

Uma garota foi dada como desaparecida na noite de ontem. A garota de nome Carolina Ferreira de 17 anos saiu com as amigas para uma festa e desapareceu. Segundo as amigas ele foi vista pela ultima vez conversando com um rapaz aparentemente da mesma idade as amigas saíram para buscar mais refrigerante porem quando voltaram Carolina não se encontrava mais no local. As autoridades estão alerta e qualquer movimento suspeito deverá ser notificado a policia.

A medida que ouvia essa noticia eu ficava cada vez mais apreensiva. Nero havia saído desde ontem e ainda não voltara. Estava distraída quando ouvi Laviniah dizer:
- Não se preocupe com Nero. Ele é grandinho e sabe se cuidar. Além do mais ele tem vario poderes que podem ajuda-lo. Então nada vai acontecer.
Laviniah tinha um sorriso confiante no rosto, além de nós duas, Jéssica também sabia desse segredo. Não podia esconder da minha melhor amiga algo assim e também, ela não contaria a ninguém. Ver Laviniah falar desses poderes me deixava mais tranquila e ainda mais curiosa. O que mais havia sobre Nero que eu ainda não sabia?
Juntei as forças que tinha e decidi perguntar a Laviniah. Entendia que Nero se desviava de muitos assuntos e talvez ela pudesse me falar mais sobre o irmão. A ligação dos dois era forte e por isso ela podia me ajudar a estar mais próximo ainda dele.
- Lavi! chamei-a Pode me contar um pouco sobre o Nero?
- Opa! Disse Jessica Também quero ouvir sobre isso.
- Tenho a opção de não falar nada? Disse ela sorrindo Tudo bem, eu conto o que quiser saber, mas só se sairmos para dar uma volta e tomar um sorvete. Esse noticiário esta te deixando muito apreensiva.
Levantei-me e peguei minha carteira. No momento que eu passava pela porta o noticiário apresentava um retrato falado do possível sequestrador. Pensei em parar pra ver, mas Laviniah estava certa. Tinha coisas de mais na minha cabeça.
A noite estava abafada. Conversamos sobre varias coisas enquanto Laviniah tentava desviar do assunto. Falava sobre outras coisas e contava historias próprias, no entanto eu queria saber sobre Nero.
- Lavi, que poderes são esse que você diz que ele tem?
- Tudo bem. disse ela eu conto suas curiosas.
Olhávamos para ela ansiosa. O que seriam esses poderes.
- Bem, é mais ou menos assim. Todas as criaturas sobrenaturais têm certos poderes. Por exemplo, vampiros tem força agilidade e beleza, lobisomens tem formas animalescas além de metamorfose e assim vai. Na situação em si cada demônio ou anjo tem poderes específicos. Por exemplo, succubus tem forma sedutora, anjos tem voz de Deus, ambos têm atributos físicos alterados. No caso do Nero ele tem aparência sedutora, por isso varias garotas se interessam por ele e como ele precisa de força vital pra se manter, esse poder vem bem a calhar. Outra coisa também é a voz de Deus. Esse poder faz com que a vontade dele seja obedecida assim que ele determina uma ordem. Acredito que vocês já tenham presenciado isso.
As palavras dela me fizeram voltar aquele dia no shopping que após sair pra ir ao banheiro um dos paqueras que a Jessica conseguiu pra gente tentou nos dopar e fazer sabe Deus o que. Ter me lembrado desse episodio fez meu coração doer. Se não fosse por Nero, eu nem imagino o que teria acontecido, e foi graças a essa tal voz de Deus que os rapazes se entregaram.
- E esses tais atributos alterados?
Perguntou Jessica.
- Bem esse fator e mais complexo. Anjos e demônios têm força e velocidade e resistência muito acima do normal. E podem manifestar essa força tanto em forma humana quanto em forma verdadeira. Já o Nero só pode manifestar esses atributos em sua forma verdadeira. Só que ele nunca conseguiu manifesta-la. E nós não sabemos por que. Como ele nunca precisou realmente disso, deixamos esse fator de lado.
Eu estava impressionada com essa revelação. Seria o Nero tão poderoso assim?
Jéssica parecia maravilhada com toda aquela historia, eu porem não conseguia imaginar como isso seria. Ele então não era exatamente como eu o via? Aquele sorriso não era real? Assim como sua boca ou seus olhos. Minha mente estava confusa. Descobrir que aquela aparência, aquela forma, era apenas uma casca para viver entre nós. Então meu amado poderia ser totalmente diferente do que eu tinha em frente aos meus olhos.
Eram de fato varias informações. Fui dormir exausta, cansada daquele dia e com saudades do meu amor.
Nero me encontrou em casa no domingo pela manha. Trazia um sorriso e isso me fazia bem. Mas olhar para ele trazia a tona o Laviniah havia dito. Como ele seria embaixo daquela casca? Teria um sorriso tão lindo como agora?
- Amor? Aconteceu alguma coisa?
Suas palavras me tiraram daquele transe.
- Não. Nada. Estou meio lerda hoje.
- Hum.
Ele não acreditou nisso. Era fato. Eu apenas não queria incomoda-lo com devaneios desnecessários. Após o café subimos para o quarto. No domingo era agradável estar com ele assim bem pertinho. Quando estávamos assim ele lia pra mim um livro que eu havia adquirido recentemente. Assim que peguei o livro me deparei com ele segurando algumas folhas nas mãos as quais eu havia usado pra desenhar.
- Belos desenhos.
Eu corei ao ouvir dele esse elogio. Não sabia ainda como reagir a seu carinho.
- O que são?
- São desenhos que fiz de como seria a sua forma verdadeira.
- Hum. A Laviniah te falou sobre isso.
- Sim, mas foi apenas por que eu insisti.
- Tudo bem, não me importo. Só não acredito muito que eu tenha uma. Nunca estive do outro lado da barreira e como também nunca manifestei essa forma e possível que eu não a tenha.
- Eu entendo você. É só que eu fiquei meio que confusa em saber que esse rosto, esse sorriso, esse corpo que eu vejo e toco possa ser apenas uma casca.
Quando eu disse isso, percebi que ele olhava para o chão de um jeito que transparecia tristeza. Então caminhei até ele e o abracei.
- Isso não é importante Nero. A única coisa que me importa é que te amo. Indiferente de como você for.
Vendo seu sorriso eu o beijei seu rosto. As paginas que desenhei caíram no chão enquanto ele me abraçava. Estar com ele já era o suficiente, independente de como fosse.
A semana transcorreu bem. Quando recebemos na sala um convite para a festa de aniversario da Gabriela. Ela fez questão de entregar os convites um a um. Ela havia optado por uma festa a fantasia e todos deveriam comparecer. Todas as garotas estavam ansiosas, menos eu. Nero ia precisar passar a noite fora mais uma vez e seria bem no dia da festa.
Eu não estava disposta a ir sozinha.
Laviniah e Jessica se empolgavam falando das fantasias que usariam. A própria Laviniah chegou a cogitar ir com sua forma verdadeira só para impressionar. Algo que Nero a fez mudar de ideia com um olhar.
- Ah Nero, você é tão chato. E você Mih? Qual fantasia você vai usar?
- Eu não vou.
- Mas por quê?
Perguntou Jéssica.
- O Nero não vai.
- Que isso amor, não seja boba. Vai seria bom pra se divertir. Vou tentar resolver isso o mais breve possível e apareço lá.
- Tudo bem. Eu vou, mas não tenho fantasia.
- Eu te ajudo cunhadinha, tenho uma lá perfeita pra você. Que tal ir de Arlequina?
Todos riram das palavras de Laviniah. Talvez eles estivessem certos e eu precisasse mesmo sair.
A noite de sábado chegou rápido. Antes de sair Nero se despediu de mim com um beijo no rosto e me deixou. Foi um tanto difícil escolher uma boa fantasia pra cada, mas optamos em ir de vilãs. A Laviniah decidiu ir de Mulher-gato, enquanto a Jessica ficou perfeita de Hera Venenosa, eu por fim acabei mesmo indo de Arlequina.
Ao olharmos no espelho tínhamos que assumir, estávamos lindas e sexys. Ao terminar de nos aprontar pegamos carona com Laviniah e fomos para a festa. Gabriela pertencia a uma das famílias mais ricas de toda a cidade, e sua casa fazia jus a isso. Era uma mansão imensa e devido ao calor que estava fazendo aquela noite a festa seria dada no jardim.
A decoração era linda e a festa parecia maravilhosa, enquanto caminhávamos acabamos em um ou outro grupo falando de coisas variadas. Até eu o assunto caiu mais uma vez nos desaparecimentos que estavam acontecendo pela região. Algumas pessoas achavam estranho o fato e outras citavam que vira na televisão o retrato falado do suspeito. As garotas diziam que ele era lindo, outras ainda brincavam dizendo que não se importavam nem um pouco em serem raptadas por ele.
O assunto chegou a ficar engraçado até Gabriela chegar. Ela por fim estava fantasiada de Arlequina assim como eu.
- Não acredito disse ela olhando pra mim Como tem a ousadia que usar uma copia tão tosca da minha fantasia?
- Desculpe queridinha, mas nos a compramos ela antes de você.
Respondeu Laviniah.
- Isso é o que vocês dizem certo?
- Não respondeu Jessica É o que a roupa demonstra já que não levamos essa por que o numero era maior.
Todos em volta começaram a dar pequenas risadinhas, Gabriela sem ter como se defender deu as costas e disse:
- Mas pode perguntar a qualquer um, fico muito melhor nela do que sua amiga idiota.
Se o intuito dela era me ofender devo confessar que não conseguiu. Minha cabeça estava cheia e eu sentia falta do Nero.
A festa estava animada e eu já estava a fim de ir pra casa. Então enquanto esperava Jessica e Laviniah saírem do banheiro. Foi quando ouvi um barulho. Eram sussurros que vinham do lado de fora na calçada. Parecia uma conversa casual, porém não pude deixar de ouvir uma voz que dizia venha aqui. Olhei pela janela e pude ver Gabriela caminhando para o portão. De forma instintiva eu fui atrás dela e quando comecei a me aproximar fui invadida por aquele sentimento desconfortável. Uma sensação de que devia fugir dali. Era um sentimento conhecido. Ao me aproximar do portão vi apenas de relance quando Gabriela passava montada na garupa de uma moto Harley Davidson pilotada por um homem de jaqueta escura e capacete. Seus olhos familiares olharam pra mim rapidamente, quando aquele sentimento de desconforto veio forte sobre mim.
Meus olhos se encheram de lagrimas mais uma vez, gritei por socorro quando Laviniah e Jessica chegaram. Mas não era apenas por ver Gabriela sendo raptada diante de meus olhos que eu chorava agora. Mas também pelo fato de que apenas duas pessoas me faziam sentir-me desconfortável daquela forma. Nero e Laviniah. Porem Laviniah era a única que estava comigo durante toda a noite.

Gênese: Entre o céu e o infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora