Capítulo 8

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Agora que estou pronta não tenho tanta certeza se deveria fazer isso. Encontrar aquele folheto no bolso de uma camisa não é o bastante para ter tanta certeza que ele estará lá.

Tentei achar algo na internet sobre esse tal bar, mas meus esforços foram em vão. Não havia nenhuma citação sobre esse lugar conhecido como A Caldeira, cheguei a indagar até alguns rapazes na da escola que costumavam a frequentar tais lugares, mas ninguém sabia me dizer. Isso cheirava a confusão. Analisando de forma mais bruta, por que alguém de boa índole frequentaria um bar fantasma (se é que posso utilizar esses termos).

Pensei em chamar a Jessica pra ir comigo, mas dentro de mim, algo gritava que essa era a minha busca e que seja lá o que eu encontrar, eu terei que lidar com isso. Olhei pela janela na busca de uma resposta, mas não encontrei. As estrelas brilhavam atrevidas e a lua estava enorme, o vento soprava pela minha janela, e também, já tinha me vertido, mesmo sem saber qual era o ambiente e o que estaria me esperando.

Então sem saber exatamente como agir, peguei minha bolça. Eu estava usando uma calça jeans, justa ao corpo e uma camisa sem mangas com o símbolo de uma banda de rock. Eu precisava parecer o menos chamativa possível. Na bolsa eu levava um spray de pimenta para alguma eventualidade, pois dessa vez eu não seria pega desprevenida de novo.

Desci as escadas e dei um beijo na minha mãe. Disse que ia sair um pouco, que estava precisando ir em uma festa de alguma das meninas da escola. Por mais que minha mãe tenha se disposto a me levar achei que era melhor não. Eu mesma tinha capacidade de achar o lugar.

Após pegar o ônibus demorei alguns minutos pra chegar ao lugar, não passavam da 19:00hs, mas o folheto era explicito, “abrimos ao por do sol”. Entrei em algumas ruas até chegar ao endereço informado, mas tudo que havia era uma casa. Uma entrada pequena na qual havia uma placa que dizia, entre sem bater. Acima havia apenas uma placa maior sem muito trabalho, com o nome do lugar escrito em vermelho, amarelo e laranja, lembrando chamas: A Caldeira.

Ao abrir a porta entendi o porquê do nome. O lugar era quente. Semelhante a bares americanos havia um balcão com pessoas sentadas e um barman que fazia as bebidas mais estranhas com o que tinha nas garrafas. Mesas eram espalhadas pelo lugar de forma estratégica, para que todos pudessem ver o palco onde uma banda tocava um sucesso do Gorillaz.

Ninguém parecia dar muita atenção se atendo apenas a aos seus copos e pratos. Caminho em direção ao balcão e me sento em uma cadeira, se tem alguém que pode com certeza me ajudar é o barman, eles conhecem todos não é?

Sento-me e espero que ele me de atenção. Ele era um homem com não mais que 28 anos. Tinha o cabelo cortado em estilo moicano e um sorriso de quem sabe das coisas. Ele olhou pra mim e deu um sorriso, tentei não retribuir. Quando ele chegou bem perto trouxe uma rosa. Mas de onde ele havia tirado isso?

Junto a rosa ele me serviu uma bebida que ele chamou de Danação, parecia uma mistura de gim tônica, champanhe batido com morangos. Preparei-me pra pergunta-lo de onde vinha tudo aquilo ele acenou com a cabeça apontando para um homem sentado ao outro lado do bar.

Não havia palavras que pudessem descrevê-lo se não lindo. Seu cabelo negro era liso e ia até as costas. Seus olhos eram negros e seu sorriso tão branco que parecia irreal, ele usava uma calça de couro bem justa e uma camisa preta de botões aberta até o meio do peito. Apesar de magro, seus músculos eram esculpidos como tivessem sido desenhados a mão. Em seu pescoço pendia um pingente em forma de um dado de seis faces.

Cheguei mais perto, ele parecia me chamar. Quando finalmente me aproximei, estava perdida em meus pensamentos.

- Boa noite senhorita – ele dizia sorrindo – procura algo?

Gênese: Entre o céu e o infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora