Capitulo 5

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Após ver o noticiário, me arrumo pra ir à igreja, como havia combinado com o Nero de que iriamos estudar a noite, eu não tenho solução se não comparecer ao culto pela manha. Acabo tendo que ir sozinha, minha mãe irá ajudar no culto a noite, o que não me agrada muito e me deixa em uma situação um tanto desconfortável, estar a sós com ele.

É uma manha da sábado linda e não posso deixar de admirar as árvores daqui, a praça esta movimentada e varias crianças brincam. Lembro de quando meu pai me trazia aqui pra brincar, é nostálgico, fico pensando naqueles momentos, sentindo-me triste por não poder tê-los de volta e quando me dou por mim, já estou diante a porta da igreja. Assim que adentro por elas percebo a igreja vazia, apenas o pastor Isaque se mantém sentado em uma cadeira próximo ao altar, tento caminhar sem fazer barulho, observando os bancos velhos de madeira. Há muito que frequento esse lugar, e nunca havia parado pra observar como era aconchegante. Me lembro da primeira reunião que assisti aqui com meus pais e como foi fazer parte das brincadeiras das crianças. Tento fazer o máximo de silencio, mas não consigo.

- Bom dia Michaella, que bom vê-la aqui tão cedo. Veio me fazer companhia?

Diz o pastor. Ele nem ao menos levantou os olhos da bíblia, e ainda mantinha um sorriso que me deixava surpresa. Mas o destaque era para as suas mãos. Estava quente de mais, tanto dentro da igreja como fora, não havia motivos pra luvas. Então chego mais perto.

- Bom dia pastor. Pode me chamar de Mih. Não terá reunião agora?

- Infelizmente não mocinha. Decidi concentrar o povo todo hoje à noite. Mas me diga você veio mesmo para a reunião ou foi pra conversar e tirar esse fardo do seu coraçãozinho?

- Bem... Eu vim para o culto. Mas conversar não faria mal. Mas como sabe que me coração esta pesado? Sou tão transparente assim?

- Não querida. – Diz ele enquanto se levanta – Só sou bom e decifrar pessoas. Vem comigo, vamos tomar um café e você me conta o que está acontecendo.

Ele me leva até a cozinha. E um cômodo pequeno que fica próximo às escadas. Dentro da cozinha tem apenas um fogão, uma geladeira, um pia, um armário e duas cadeiras. Enquanto ele faz o café eu me acomodo em uma delas. Ele faz tudo com uma tranquilidade clara. O som da igreja toca uma musica gospel que não consigo lembrar bem de quem seria. Escuto um barulho de algo batendo.

- Pastor. Que barulho foi esse?

Ele se vira com uma calma milenar.

- São apenas os vizinhos. Sempre que coloco uma música pra tocar eles começam a bater nas paredes pra me incomodar.

- E te incomodam?

- Não, claro que não. São apenas incrédulos e não entendem que uma boa musica limpa a alma.

Ele me serve uma xícara de café, e tomo um gole.

- Está ótimo pastor.

- Obrigado criança. Mas vamos conte-me o que está te afligindo?

- Ai pastor, é tão complicado sabe?

- Tente.

- Vamos fazer assim, o senhor me conta algumas coisas que gostaria de saber e depois eu conto o que esta acontecendo. Pode ser?

- Claro minha filha – Ele sorri – Pode perguntar. O que quer saber sobre o Nero?

- Como sabe que é sobre ele?

- Filha, tem pouco tempo que cheguei aqui, sou um homem mais velho, que duvidas você teria pra mim se não o único ponto que temos em comum, que esse rapaz.

Gênese: Entre o céu e o infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora