CAPÍTULO II.

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Mundo humano.

Giselle foi puxada de seu próprio mundo quando a campainha de sua cobertura soou pela grande sala decorada com suas diversas obras de arte. Ela não esperava ninguém naquela noite e ajeitando seu roupão, abandonou sua taça de vinho e se aproximou a passos lentos da pequena tela que mostrava quem estava à porta. Um sorriso ladino surgiu nos seus lábios quando ela avistou a figura parada ali.

Com as mãos enfiadas no bolso, trajando um casaco cinza, carregando aquele olhar negro penetrante e encantador, Karina conseguiria qualquer coisa do mundo se quisesse. Giselle não cansava de afirmar isso.

As duas se conheceram em circunstâncias aterrorizantes para Aeri Uchinaga. A mulher se encontrava em um beco próximo a uma balada responsável por juntar humanos e seres sobrenaturais, quando foi atacada silenciosamente por um vampiro descontrolado. Karina a salvou, infelizmente não conseguiu reverter a transformação, mas ensinou Giselle a viver nas sombras e assumir sua nova verdadeira forma.

Ela descobriu, mesmo que do pior jeito, que não era tão ruim ser uma vampira, ainda mais levando em consideração o fato de que haviam muitos famosos e pessoas influentes que eram e a sociedade continuava às cegas sobre suas verdadeiras identidades.

E Karina, que agora observava a mulher abrir a porta, sempre achou que Giselle realmente nasceu para se tornar uma vampira. Vampiros eram extremamente atraentes e carismáticos, prontos para flertar e atrair qualquer pessoa que fosse de seu interesse.

As duas mantiveram uma relação de interesse mútuo em certas partes. Demônios carregavam seus pecados à flor da pele e a luxúria era um deles. Apesar de Karina não ser como Yuna e Ryujin que a cada dia se superam na quantidade de pretendentes, ela ainda era dominada por intensos sentimentos carnais. Ainda mais por mulheres e sinceramente Aeri era muito acima das expectativas.

Só que acima de todas essas constatações a verdade era que uma segurava a parte humana da outra. Elas se conheciam o suficiente para dizer que aquilo era uma amizade com privilégios.

Com um puxão preciso na cintura de Karina e um suspiro quase dolorido, Giselle se encaixou no corpo da mais alta, descansando a cabeça em seu ombro e contornando seu corpo com suas mãos. Jimin não se moveu, ela aceitou os movimentos e tocou levemente os cabelos de Aeri:

- Yoo Jimin, você é uma canalha.

A risada de Karina fez Giselle se arrepiar, ela tinha aquele efeito hipnotizante que era inexplicável em graus obscenos. Sua voz tinha um tom baixo, controlado como se o timbre tivesse sido esculpido perfeitamente para aquele rosto angelical. Aeri riu com esse pensamento, porque sabia que a morena era um anjo, mas completamente diferente daqueles estampados em igrejas.

Ela conseguiu sentir o corpo da morena tenso e intensamente frio e isso indicava de alguma forma que ela havia caçado. Também indicava que ela não estava ali para qualquer ato carnal. Provavelmente estava perdida em pensamentos e queria a companhia de Aeri e sinceramente ela nunca reclamaria disso.

As duas caminharam mutuamente até a grande sala da cobertura onde a garrafa e a taça de vinho de Aeri, descansavam sobre uma mesa de centro moderna. Karina parou em frente ao grande painel que Giselle estava pintando no momento. Seus olhos brilharam ao observar as linhas concêntricas e bem trabalhadas. A pintura era a base de uma cidade rústica, gotículas de chuva pareciam atingir as ruínas e uma árvore solitária surgia entre toda aquela destruição:

- Você é muito boa nisso, Aeri. - Karina correu os dedos pela lateral da grande tela. - Eu sinceramente compraria uma galeria toda com suas obras.

O sofá agora era ocupado por uma Giselle relaxada, segurando a taça de vinho e levando aos lábios depois de soltar uma risada baixa com o comentário de Jimin:

Trivium - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora