CAPÍTULO VI.

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Soojin não costumava frequentar muito o mundo humano porque ela era um dos únicos demônios que ainda tinha as memórias de sua vida na terra intactas.
Quando se sentia perdida em seus pensamentos ou não conseguia livrar seus próximos de problemas, ela costumava frequentar uma cafeteria localizada na frente de uma floricultura no movimentado centro da cidade.

Nesse momento ela estava sentada em sua mesa habitual, folheando um livro de grandes eventos astronômicos, quando finalmente seus olhos encontraram quem desejava ver desde que havia chegado.
A garota de olhos gentis e cabelos negros longos, sorria para sua companheira de trabalho e encaixava vasos de flores exóticas na grande entrada da floricultura.

Ela havia conhecido o amor verdadeiro. O amor dos livros românticos. Aquele amor que preenchia cada parte do corpo.
E do mesmo modo que ela conheceu o amor, ele foi arrancado dela. De modo cruel, frio e doloroso.
E agora, o amor de sua vida, sua alma gêmea e sua única fraqueza, se encontrava naquela floricultura.

Shuhua estava completando 22 anos naquele dia. Soojin tinha usado sua pedra do destino para coletar todos os dados possíveis sobre a mulher. A pedra do destino era uma pequena jóia, esculpida por bruxas originais como um presente para a proteção que recebiam dos sete demônios. Com uma gota de sangue em contato com a pedra, você era capaz de enxergar o passado, presente e futuro de alguém. Soojin tinha se aproveitado de uma distração da garota em um dia chuvoso... Shuhua estava guardando as rosas e se furou em uma rosa. Com a desculpa de comprar a mesma, a demônio recolheu uma gotícula de sangue, absorvendo todo o conhecimento da vida de sua alma gêmea.

A pior parte de conhecer seu verdadeiro amor, não era perder ele. Era saber que você nunca iria construir uma vida ao lado dele, por conta dos caprichos do destino. Só o amor não era o suficiente. Era uma dor tão grande que chegava a ser física.

Um perfume conhecido invadiu seu olfato e sua visão foi tomada por uma das principais bruxas originais e é claro, uma das únicas que Soojin confiava:

- Você sempre sabe onde me encontrar, tem certeza que a pedra do destino não tem um gps?

A mulher morena de cabelos curtos na sua frente, riu, observando Shuhua do outro lado da calçada:

- A dor no seu olhar é quase palpável, Seo.

- A que devo a honra, Soyeon?

A bruxa original sorriu e encarou Soojin com olhos penetrantes:

- Vim falar sobre Jimin.

- Jimin anda muito ocupada pra ter feito algo grave.

- Você sempre fica na defensiva quando falo sobre ela. - Soyeon tirou uma página de seu bolso. Havia palavras em latim e símbolos desenhados. - Posso criticar os outros, até Jisun, mas você nunca defende eles como defende ela.

Aquele tipo de conversa deixava Soojin levemente irritada. Apesar de seu comportamento ser sempre exemplar e dócil para um demônio, ter alguém revivendo o passado de Jimin fazia aquela pequena chama de ódio arder em seu peito:

- Eu gosto de você, Soojin. Respeito seu trabalho e acho que se não fosse por você e Jisun, o mundo já teria acabado. - Soyeon esticou seu corpo na cadeira e fitou Soojin seriamente. - Seu monstrinho de estimação vai causar o apocalipse. Por mais que vocês tenham trabalhado pra que isso não aconteça, Jimin vai estragar tudo.

- Você só pode estar me zoando, Soyeon. - Soojin sorriu sem mostrar os dentes, sentindo uma inquietação.

- Eu menti quando ela causou aquele massacre?

Soojin engoliu em seco e depois respirou fundo, fechando os punhos sobre suas coxas. Ver Karina descontrolada aquela vez foi horrível.
Era um dezembro típico, milhares de demônios se aproveitavam das festas de final de ano, para causar discórdia e mortes. Jisun pediu para Jimin ficar de olho nas grandes aglomerações.
Karina perdeu o controle e todo seu ódio contra a humanidade foi despejado em um massacre contra bruxos, humanos e alguns demônios que causaram a desordem.
Soyeon avisou Soojin minutos antes que tudo acontecesse, quando ela e Jisun chegaram ao local, era tarde demais.

Trivium - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora