CAPÍTULO IV.

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Karina praguejava conforme a água corria pelas suas costas doloridas. Tudo estava dando errado, se ao menos tivesse Felix ao seu lado, ele ajudaria de alguma forma. Nada parecia estar certo e mesmo com todas as defesas que a morena havia criado em séculos de existência, seu coração estava dolorido e angustiado e o pior de tudo isso, era que a garota do lado de fora daquele banheiro estava sentindo sua vulnerabilidade. Ótimo, ela estava ligada a uma mortal que parecia ter conhecimento de artes da sombra, mas nenhuma responsabilidade ou habilidade especial.

Minjeong limpava o chão com força sentindo um misto de confusão dentro do seu corpo. Estava frustrada, com dor e um ódio que fervilhava no seu estômago. Só que um sentimento prevalecia dentre esses outros, um sentimento puxado para solidão e tristeza. Suas mãos já estavam doloridas e o piso parecia finalmente novo quando ela terminou. A poça de sangue havia sumido e os símbolos também. Ela se sentou ali mesmo, jogando o pano em um balde e segurando sua cabeça entre as mãos se perguntando sobre seus próximos passos.

Com um baque seco e forte a porta do banheiro do seu quarto foi aberta e um demônio não bem humorado deu as caras, enrolada em uma toalha e com uma carranca de quem mataria por muito menos.

Minjeong havia esquecido as roupas:

- Puta merda, esqueci de procurar uma roupa.

- Eu percebi. Mas, não me surpreende.

Kim Minjeong se levantou e saiu sem dar respostas à mulher, não queria outra discussão. Provavelmente Yeji teria roupas que se encaixavam melhor, já que as duas pareciam ter as proporções parecidas.

Yoo Jimin estava pensando em como seria prazeroso fazer a loira sofrer quando o pacto acabasse e finalmente ela estivesse livre. Suas costas ainda doíam e provavelmente por conta da energia que ela gastou ao ser invocada, a cicatrização seria mais lenta. Demônios não sentiam necessidade de dormir ou comer na maioria das vezes, mas ela sentia uma vontade enorme de deitar naquela cama e fechar seus olhos por tempo suficiente para sentir seu corpo na melhor forma.

Ela sentiu a presença do vínculo andando pelo corredor daquela mansão, também sentiu o cheiro de terra molhada, mesmo que não escutasse muito bem a chuva por causa de uma pressão chata que permanecia incomodando seu ouvido.

A loira abriu a porta soltando um suspiro dolorido. Estava com sono e cansada, havia uma pressão enorme em sua nuca e a noite parecia longe de acabar. Os olhos negros do demônio estavam fixos nela e um arrepio correu pela sua coluna:

- Toma. - Ela jogou um conjunto preto de moletom na cama. - Isso deve servir.

O episódio a seguir deixou para Minjeong claro que demônios não tinham vergonha na cara. A morena se virou de costas em direção a cama, pegou as roupas e soltou sua toalha no chão, ficando nua na frente de uma Winter boquiaberta. Suas costas realmente estavam muito machucadas, uma tatuagem tomava conta da maioria da pele intacta:

- Gosta do que vê?- A voz grave fez os olhos de Minjeong se desviarem.

- Suas costas ainda estão sangrando. Vou procurar um kit de primeiros socorros.

- Você não vai encostar um dedo em mim sem que eu queira ou peça. Minhas costas vão se cicatrizar em breve. Agora você vai dizer o que quer de mim, para que eu consiga o mais rápido possível e te mate depois.

Os olhos de Karina brilhavam na pouca luz do quarto e Minjeong deixou seus ombros caírem. Não tinha energia para discutir ou qualquer outra coisa. Seu corpo estava pesado e sua mente começava a pregar peças fazendo com que ela lembrasse de Heejin. Ela acharia aquilo uma loucura e impediria a loira a qualquer custo:

- Quero ajuda para procurar uma pessoa e ela esteve em contato direto com um dos seus.

A morena se sentou na cama de Minjeong parecendo relaxada e aquilo irritou a loira. Ela cruzou os braços e assumiu uma postura defensiva enquanto retribuía o olhar frio do demônio:

Trivium - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora