CAPÍTULO VIII.

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Minjeong acordou com um peso ao lado do colchão da cama de Aeri e se surpreendeu quando viu Jimin sentada ao seu lado, com o rosto completamente concentrado no notebook que se encontrava em seu colo.

Quando a morena percebeu que a garota havia despertado, seus olhares se cruzaram por alguns segundos em um silêncio absoluto, até o demônio falar:

- Você teve pesadelos por um bom tempo. Foi difícil te acordar, então só fiquei aqui e tentei acalmar sua mente de certa forma. - Jimin engoliu em seco. - Tinha muita angústia envolvida. O pacto estava quase me rasgando de dentro pra fora.

- Eu sinto muito.

- Você não tem culpa dos traumas que terceiros te causaram. Também não tem culpa que eles voltem em forma de pesadelos. - Jimin fechou o notebook encarando a grande porta de vidro que levava do quarto a varanda. - Eu não queria, mas acabei vendo um pouco. Sinto muito por tudo isso.

Winter encolheu seu corpo sob as cobertas pesadas de Giselle. Ela sonhava quase todas as noites com a morte de Heejin, com as palavras duras de seu pai e também com o abandono de sua mãe. Assuntos que ela só discutia com Hyunjin e Yeji, quando se sentia sobrecarregada. Só que agora ambos não estavam ao seu lado.

Karina permaneceu em silêncio fitando o céu nublado. Sana havia respondido seu e-mail com diversos conteúdos sobre o suposto stalker de Felix. Imediatamente ela acionou Jisun que colocou Ryujin para procurar o mesmo em locais específicos.

Ela voltou seus olhos para Minjeong que agora estava escondida debaixo das cobertas, provavelmente sentindo vergonha por seus segredos serem compartilhados sem sua permissão.

O demônio evitava ao máximo contato com humanos em seus séculos de existência. Giselle foi a única a alcançar uma parte minimamente humana de Jimin. Mas, Minjeong causava uma enchente de sentimentos desconhecidos em Karina.

Seus dedos correram pelo cobertor, puxando a ponta levemente e seus olhos demoraram naquele rosto angelical. Era irônico demais.

A loira estava chorando em silêncio, suas bochechas e seu nariz estavam vermelhos e lágrimas contornavam seu maxilar:

- Vou achar seu amigo e colocar fim em pelo menos parte disso.

- Não era você que ia me matar depois de tudo isso? - Minjeong fungou escondendo seu rosto nas mangas do moletom.

- Minjeong. - A voz de Karina ficou falha. - Eu vou te poupar, mas buscarei sua alma no fim.

A loira se ajeitou nas cobertas, fitando o rosto perfeito de Jimin. Parte de sua intuição gritava que nutrir aqueles sentimentos mistos de carinho e ódio pelo demônio iriam levar a sua própria ruína. A outra parte gritava que Minjeong precisava da morena. Seu corpo rejeitava a ideia de ter ela longe por muito tempo.

As duas foram pegas de surpresa quando uma sombra surgiu no canto do quarto, se construindo em meio a luz, dando forma a uma garota alta de cabelos loiros curtos. Sua expressão fez Minjeong se encolher novamente. Provavelmente era uma das sete desgraças e ela não parecia nada feliz:

- Aconteceu algo, Ryujin? - Jimin já estava de pé e era possível ver os músculos de seus braços ficando tensos.

- Achamos o cara, criatura. Não identifiquei ainda a raça. - Ryujin lançou um olhar gélido para Minjeong. - Está no galpão de uma das empresas de Sana.

- Leve Minjeong de carro, vou até lá agora.

Não houve tempo de resposta, Karina simplesmente se tornou uma nuvem de fumaça negra e desapareceu. Minjeong e Ryujin se encararam por um tempo considerável:

- Vamos. Não me faça perder tempo. - A voz de Ryujin foi incisiva.

A viagem de carro trouxe sentimentos horríveis em Minjeong e ela tinha quase total certeza de que grande parte da culpa era do demônio ao seu lado. Desde quando as duas partiram do apartamento, nenhuma palavra foi trocada. As mãos de Winter estavam suadas e os nós de seus dedos estavam brancos. Jimin estava brava, muito brava, tanto que seu estômago se revirava de uma maneira sinistra e lágrimas escorriam lentamente em seu rosto.

As duas se embrenharam em uma estrada de terra, fora da cidade. Minjeong abriu o vidro deixando o ar entrar e encher seus pulmões de forma lenta. A preocupação com Jimin apenas aumentava, a ponto de suas pernas nesse momento estarem tremendo. Ela seria capaz de abrir a porta do carro assim que chegassem e correr em direção ao demônio sem pensar duas vezes.

Ryujin sentiu seus braços tensos assim que ela estacionou o carro na frente do galpão. Ela sabia que havia algo errado assim que sentiu a energia dos outros demônios, principalmente a de Jisun. Provavelmente Jimin havia se descontrolado e elas não tinham Felix para derrubar a morena.

Trivium - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora